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Urariano Mota

Autor de “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, entregue pelo traidor à ditadura. Escreveu ainda “O filho renegado de Deus”, Prêmio Guavira de Literatura 2014, e “A mais longa duração da juventude”, romance da geração rebelde do Brasil

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O segundo episódio do livro Antifascistas

A ideia da coletânea surgiu durante a Flip, no ano passado, logo depois que o escritor Leonardo Valente foi atacado por manifestantes dentro de um café, em Paraty

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Na semana passada, publiquei o texto “Os Antifascistas chegaram - a literatura da resistência do Brasil, Angola e Portugal”. Nele, eu procurava divulgar nos meios possíveis que,  numa genial parceria com a TV 247, houve o primeiro lançamento do livro Antifascistas. Ao saber disso, o editor da coletânea, o poeta Gustavo Felicíssimo, me encomendou uma série de artigos sobre esse marco da resistência literária. Na distante fala do telefone e da minha audição precária, ele me pediu algo como uma série, daquelas repletas de ações, entrevistas... Não sei se o entendi mal, mas à luz do meu mau entendimento vou tentar uma série parecida. E como não tenho o talento de roteirista, contínuo desta maneira. 

Há 10 meses 

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A ideia da coletânea surgiu durante a Flip, no ano passado, logo depois que o escritor Leonardo Valente foi atacado por manifestantes dentro de um café, em Paraty. O grupo de fascistas estava na cidade para protestar contra a participação de Glenn Greenwald, um dos fundadores do Intercept Brasil, no debate sobre “Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato”, na programação paralela da Festa Literária. Em 2019, ​​organizados em grupos de WhatsApp, a extrema-direita programou um protesto na Festa Literária Internacional de Paraty. Eram cerca de 500 cidadãos, amarelos de camisa e fanatismo pelo Bozo.  

Diante do ataque, Leonardo Valente prometeu “que a resposta seria dada pela literatura e não pela violência. É a literatura que vai disputar os afetos e a narrativa sobre os tempos sombrios do Brasil de hoje, muito mais que outras formas de expressão. E precisamos vencer essa guerra pelos afetos e pela narrativa, para impedir que essas atrocidades de hoje continuem e se repitam no futuro. O fascismo está no ventre da sociedade, e nele precisa ser combatido”, conta Leonardo.

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Mal havia terminado o Festival, Leonardo Valente já recebia o apoio de outro valente, o poeta Gustavo Felicíssimo, editor da Mondrongo, para realizar o projeto. Que bela oportunidade no encontro da poesia e dos escritores que resistem!

Há 7 dias

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No primeiro lançamento do livro já editado, estiveram na primeira formação do time, na TV Brasil 247: Christiane Angelotti, Cinthia Kriemler, Cristina Serra, José Eduardo Agualusa.  O ataque foi muito bom. Para o leitor saber o que está perdendo em não ler o livro, seleciono a seguir trailers sem cometer spoiler. Assim, do conto “A última ceia” de Christiane Angelotti, copio o trecho:

“Chegaram à beira da praia, mas não havia barco. Só dois botes e outras famílias em silêncio. O avô Antônio conversou com um grupo de homens que pareciam ser os responsáveis pelos botes, deu--lhes dinheiro, aproximou-se de sua família e passou as últimas instruções, seguro como se já tivesse passado por aquilo antes. ‘Os botes nos levarão ao barco que está uns quatrocentos metros distante da praia.’ Tereza não sabia dessa informação e entrou em pânico. ‘Dois botes para essa gente toda?’. Ana percebia que os adultos estavam apreensivos. Sua mãe tentava fazer com que um dos gêmeos parasse de chorar. Uma voz sobressaiu-se da multidão e pediu que entrassem rapidamente nos botes. Alguns dos homens responsáveis pela travessia permaneceram na praia. Rosa perguntou sobre os coletes para as crianças. Não havia coletes”.

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Do conto “Efeito Dominó” de Cinthia Kriemler, copio estas linhas: 

“Ao redor, uns poucos comerciantes e pedestres. Nenhum olhar de horror. Nenhuma intervenção. Nenhum basta. Da janela de um prédio, alguém gritou: É isso aí! Acaba com a putaria desses viados no meio da rua! Alguns risos. Comentários. Aplausos vindos de uma outra janela. Deitado de costas, ferido, quase imóvel, Pedro Luís tentou alcançar com o braço quebrado a mochila caída ao seu lado. Queria pegar o celular. Para pedir ajuda. Para avisar o companheiro. Para qualquer coisa que significasse socorro. Mas um último soco acertou a sua cabeça. E ele parou de se mexer. Um dos soldados chutou o corpo inerte para se certificar de que ele estava mesmo morto. A frutinha não aguentou a pressão, disse rindo. Os outros soldados riram com ele. Sem remorso. Sem medo das testemunhas. Resistência à prisão, disse um outro olhando as pessoas em volta de forma ameaçadora”. 

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Do texto “As invasões bárbaras: a desconstrução da proteção  ambiental no Brasil” de Cristina Serra, vem esta denúncia/análise: 

“Ecos desse passado violento reverberam na retórica rude do presidente da República. É ele o primeiro a incentivar a sanha contra a floresta, tudo o que ela significa, contém e abriga, modos de vida, cultura, valores, crenças e herança ancestral que resiste, apesar das agressões. O Brasil vive um momento de retrocesso socioambiental que, visto de uma forma mais ampla, é uma involução ética na escala civilizatória. Este é o governo do ‘correntão’, o método mais brutal de destruição da floresta. Nesse mecanismo, cada uma das pontas de uma corrente grossa é atada a dois tratores paralelos. Os tratores põem--se em marcha e a corrente sai derrubando tudo que está no caminho. Nada fica de pé. É o método da terra arrasada, usado nas guerras. Exatamente o que estamos vivendo”.

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Do conto “Enquanto o fogo avança”, do escritor José Eduardo Agualusa, copio este momento: 

“Nessa noite, após o passeio pela Avenida da Liberdade, Zinho trabalhou horas a fio diante do écran do computador, explorando as infinitas possibilidades do Photoshop. A partir de imagens que encontrou na Internet construiu um homem bonito, distinto, com um triunfante sorriso no rosto jovem. Criou um perfil novo no Facebook, em nome de Domingos Boaventura, natural de Luanda, estudante de comunicação social em Paris. Domingos Boaventura surgia em diversas fotografias praticando surfe, saltando de paraquedas, tocando saxofone ao lado de um espantado Manu Dibango. Enviou pedidos de amizade para dezenas de angolanos ligados à oposição. Ao terceiro dia participava em animados debates sobre liberdade de expressão, direitos cívicos e a situação econômica do país. Decorrida uma semana na pele de Domingos Boaventura, sentindo-se de corpo e alma Domingos Boaventura, Zinho lembrou-se de escrever e divulgar uma Carta Aberta ao Ditador. Na carta, em linguagem violentíssima, incitava o Presidente a abandonar o palácio-cor-de-rosa antes que o povo enfurecido o arrancasse de lá a pontapés”.

Há 24 horas

No segundo lançamento na TV 247, na mais recente quinta-feira, houve outro time arretado, sempre a jogar pela esquerda, se o leitor bem entender esse time mágico. O ataque foi assim escalado: Carol Proner, João Ximenes Braga,  Juliana Neuenschwander e Pilar del Río. Imaginam o que vem dessas feras dignas do Brasil que desejamos? Mas o adiantado da hora não me permite citá-los em seus textos hoje. Na próxima semana eu conto. 

Crédito do episódio

Enquanto as emoções seguintes não vêm, aconselho que adiantem a maratona antifascista com a leitura total do livro Antifascistas. À venda aqui: Editora Mondrongo  https://www.mondrongo.com.br/index2.php?pg=noticia&id=233

Resumo da série

Cada antifascista é um leitor. Cada leitor é um antifascista.  

*Vermelho https://vermelho.org.br/coluna/o-segundo-episodio-do-livro-antifascistas/
 

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