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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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O Sete de Setembro será em 2 de outubro

"O Brasil só poderá comemorar sua independência quando voltar a ser independente. E isso está muito perto de ocorrer", escreve o sociólogo Marcelo Zero

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Marcelo Zero

Neste Sete de Setembro, não poderemos comemorar os 200 anos da Independência do Brasil.

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E não poderemos por duas grandes razões.

A primeira é porque Bolsonaro, mais uma vez, sequestrou a data nacional para transformá-la, de novo, em um grande ato político-eleitoral contra as instituições democráticas.

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Apoiado por empresários milionários, que alugaram centenas de ônibus, e por alguns militares, policiais militares, milícias etc., Bolsonaro, muito republicano, pretende fazer um grande comício por sua eleição e contra o STF, o TSE e outras instituições. 

Nas redes, grupos bolsonaristas já ameaçam grande violência, inclusive com mortes.

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Mas Bolsonaro não apenas sequestrou a data nacional do Brasil. Afanou para si e seus seguidores todos os símbolos pátrios. 

Tais símbolos (bandeira, hino, brasões, datas etc.) foram concebidos para unir a nação brasileira. Dar-lhe uma identidade única e inclusiva, que acolhesse todos os brasileiros e brasileiras, independentemente de opinião política, religião, gênero, raça, orientação sexual etc.

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Porém, Bolsonaro e o bolsonarismo usam esses símbolos para desunir, excluir, perseguir e propagar o ódio. Isso não é novo.

O fascismo e o nazismo usaram dos símbolos nacionais e do “patriotismo” para excluir e destruir grandes segmentos da população italiana e alemã.  Assim, judeus, ciganos, “deficientes físicos e mentais”, homossexuais, comunistas, socialistas, democratas e todos aqueles que não se identificavam com o fascismo e o nazismo não eram considerados italianos ou alemães.

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Eram considerados traidores, gente que não merecia viver numa pátria eugênica, na qual todos tinham de ser de uma mesma raça, de uma mesma orientação sexual, de uma mesma religião, e de uma mesma e extremada opção política.

A ditadura militar brasileira fez coisa semelhante. Todos tinham de rezar pela cartilha política-ideológica dos militares e seguir os valores ultraconservadores da extrema direita. Quem não concordasse e se opusesse tinha de ser censurado, sequestrado, preso, torturado, morto ou ir para o exílio. O lema era “Brasil: ame-o ou deixe-o”. A mensagem era clara: se você não concorda com a ditadura, você não é brasileiro e tem de ir embora. Ou morrer.

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Entretanto, Bolsonaro e o bolsonarismo fazem a mesmíssima coisa. O bolsonarismo considera que só os seguidores do “Mito” são os verdadeiros brasileiros. Só eles são “verde-amarelos”. O resto tem outras cores, que não as brasileiras: vermelho, rosa, as cores do arco-íris etc. 

Os bolsonaristas, os milicianos e alguns militares que rezam na mesma cartilha acham que eles têm o monopólio do patriotismo.   

Contudo, só são realmente patriotas no sentido usado por Samuel Johnson. São, na verdade, canalhas antidemocráticos que se refugiam em seu suposto patriotismo para justificar sua opção pelo ódio, pelo preconceito, pela ditadura, pela tortura e também, em alguns casos, pela corrupção.

É tudo uma espécie de “rachadinha antidemocrática”, que rouba bandeira, hino, camisa, direitos, empregos, comida, vidas etc. 

Não obstante, há também uma segunda razão pela qual não poderemos comemorar o Sete de Setembro.

É que depois do golpe de 2016, e especialmente com Bolsonaro, o Brasil deixou de ser um país independente. Perdemos nossa soberania.

O Brasil, que, nos governos do PT, era um país forte, altivo e amplamente respeitado no planeta, tornou-se agora um país pequeno, frágil, que prefere se submeter aos interesses de outras nações, em vez de defender os interesses nacionais.

A verdade é que, com Bolsonaro, o Brasil de tornou um pária mundial, um país que tem um presidente que nos envergonha perante o planeta. Um país que é tido, agora, como um vilão ambiental e social. Um país que não respeita direitos humanos, que mata índios e ambientalistas, que destrói nossa Amazônia. Um país com um governo racista, homofóbico, misógino, e que cultiva a memória da ditadura e dos torturadores. 

Como comemorar independência com um presidente que dizia que “amava” Trump e que batia continência para a bandeira dos EUA? Como comemorar independência com um governo que se alinha automaticamente aos interesses do trumpismo e da extrema direita mundial? 

Como comemorar independência com um governo que ignora os verdadeiros interesses do Brasil e que, no fundo, despreza o povo brasileiro? Um governo que quer nos transformar numa espécie de grande protetorado dos EUA?  Talvez num grande Porto Rico?

Como comemorar independência com um povo que perdeu direitos e liberdades? Com um povo que voltou a passar fome, que perdeu empregos e salários, que enterrou sonhos, amigos e parentes? 

Como comemorar a independência com quase 700 mil mortos, muitos deles vítimas de crimes contra a humanidade? Como comemorar a independência com a democracia ameaçada?

O Brasil só poderá comemorar sua independência quando voltar a ser independente. 

E isso está muito perto de ocorrer.

No próximo dia 2 de outubro, o povo do Brasil dará um novo Grito do Ipiranga. 

Será um grito pela democracia, pelos direitos de todos, pelo emprego, pela educação, pela saúde, pelo meio ambiente, pela vida, pelos sonhos....

Um grito pela tolerância e pela inclusão de todas e todos numa grande e democrática nação. Um Brasil forte que ampare todas as cidadãs e todos os cidadãos.

Um grito verdadeiramente patriota, autenticamente verde e amarelo, pois essas cores pertencem a todo o povo do Brasil. 

No dia 2 de outubro, o povo brasileiro, declarará, pelo voto, que o Brasil se tornou, de novo, independente, livre e soberano. 

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