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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Onda Marina revigora “tesão” de petistas (e aliados)

A onda Marina pode ter servido para, finalmente, despertar o lado animal e a anima dos governistas e da militância petista – que andava, convenhamos, meio, digamos, "sem vontade", na base do "já ganhou"

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Se você se sentiu um tanto "desconfortável" com a utilização do termo "tesão" no título desse texto, relaxe. Qualquer coisa tire as crianças, os cândidos e os mais inocentes da sala. Não há novidade alguma em importar esse termo da linguagem chula para o debate.

Sequer fui o primeiro a trazer esse vocábulo para a atual campanha eleitoral. O "tesão" já tá liberado. O "tesão", ou melhor, a falta deste, também é assunto da pauta política e já está, inclusive, há muito na boca do povo.

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O candidato a governador de SP pelo PMDB, Paulo Skaf, disse, recentemente, em sua propaganda eleitoral, que o governador Geraldo Alckmin (do PSDB) não tinha "tesão" para governar. E quem há de contradizê-lo? Quem há de contestá-lo?!

Silêncio sepulcral.

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Não houve viva alma que voltasse do mundo dos mortos para defender o governador paulista, candidato a reeleição. Ou mesmo para criticar a suposta "impostura" do outro. E, por mais incrível que isso possa parecer, ¬ apesar da falta d'água em SP, da falta de transporte público decente, da falta de educação de qualidade mínima nas escolas públicas, da falta de segurança e de gestão, da hipocrisia e da falta de vergonha dos "carteleiros" do "trensalão", Alckmin, o candidato sem "tesão", ainda é, no presente instantâneo do processo eleitoral, franco favorito nas pesquisas de opinião. Seria culpa dos (de)formadores de opinião na grande imprensa paulista? Ou a culpa é mesmo dos conservadores paulistas?

Provavelmente, e curiosamente, o apelo dos ventos "mudancistas", contrários à hegemonia política no Poder no país, não veio dar em praias paulistas. Sim, pode até não parecer, mas também existem praias, oligarquias e hegemonias políticas no estado de São Paulo.

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Há também, decerto, uma falta de "tesão" digna de nota.

Roberto Freire, o psiquiatra/psicanalista, não o "assessor dos tucanos", este último figurinha fácil, a se fartar, todo gabola, de farelos na padaria Aracaju, no elegante bairro de Higienópolis em SP, onde residem os mais emplumados tucanos; falo de outro Roberto Freire, um paulista nada careta, como o outro, que é pernambucano, mas paulistano por recente adoção/adesão; falo do psiquiatra e escritor libertário e libertino, pai da heterodoxa/controversa "Somaterapia" no Brasil, que disse, se não me trai a memória, nos idos de 1980, numa formulação original, registrada de sua obra ensaísta singular, que ficou eternizada nos nossos usos e costumes: "Sem tesão não há solução".

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E quem ousaria, passados tantos anos, contradizê-lo?

Portanto, agora que já nos livramos desse suposto e injustificável "purismo" ou "desconforto", sigamos em frente com vontade, com garra ou, simplesmente, com "tesão", para melhor desfrutarmos, em toda a sua plenitude, do processo eleitoral em curso. Para melhor gozarmos esse momento singular da nossa jovem democracia. E, por suposto, se é jovem, já se sabe... Haja "vontade"!

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Vamos então à vontade que nos move no momento.

Marina Silva é, todos já devem ter percebido a essa altura, arrastada que é pela correnteza de inúmeras contradições e incongruências, apenas e mais uma vez, uma "onda" que as classes médias conservadoras e a grande imprensa oligopolizada estão se esforçando para "encorpar", para que ganhe força e chegue com a força de um "tsunami" até a praia. Diversos textos e articulistas já desnudaram ad nauseam esse suposto "fenômeno". Prestemos atenção, pois, àqueles que, zelosos, nos fazem o alerta.

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A "onda" [talvez seja mais apropriado dizer, "a moda"] seria pegar essa "onda" – com o perdão do pleonasmo. Nem que para isso tenham o despudor de se utilizarem, maquiavelicamente, de artifícios ou recursos oriundos dos estudos da psicologia das massas, que, para os leigos, pode se traduzir, numa linguagem menos acadêmica, mais popular, por assim dizer, nas conhecidas expressões "efeito manada" ou "estouro da boiada".

Vale qualquer "onda".

Vale tudo.

Vale até mesmo pegar carona na legítima comoção do povo em decorrência da morte trágica de um político. Uma amiga psicóloga alertou-me para o fato, dizendo-me que já existe vasta bibliografia sobre esse tema: comoções populares causadas por perdas de políticos de peso ou celebridades. Uma vez que já existe bibliografia, não demorou muito para que os marqueteiros espertalhões a transformassem em manual ou, melhor dizendo, com o perdão do escorregão na casca de banana da ironia, em "Bíblia" – sagrada.

Respeitem, por favor, a minha fé cristã! E a de muitos brasileiros. Não convém misturar fé com política. Conhecemos a fórmula: FÉ + POLÍTICA = MESSIANISMO = AUTORITARISMO. Ou MESSIANISMO – FÉ = POLÍTICA.

Sim, você já conhece essa primária lição: a ordem desses fatores pode corromper o produto.

A intenção era, ao que indicam os movimentos, lance e "jogadas", fazer a onda crescer de tal sorte que engolfasse a candidatura Aécio Neves ainda no primeiro turno da disputa – elegendo-se assim, de modo tácito, o PSDB de São Paulo e a pequena burguesia conservadora paulista, José Serra (e onde está Serra, está a Folha) à frente, como fiadores ou "depositários fiéis" da candidatura Marina. Porém, surfar "swells", "dropar" ondas dessa magnitude, não é tarefa para amadores – Mayra Gabeira e Pedro Scooby que o digam.

Sou fã, de verdade, sem margem para ironia ou outras manobras, apenas de surfistas de verdade, como os citados. E viva Gabriel Medina!

Mas, folgo em lhes informar, embora a maior parte dos canalhas e dos velhacos da "nova" velha política, oportunistas que são, pretendam, desde já, surfar a onda Marina como um mero ardil ou "carona" para derrubar o PT do poder, é forçoso reconhecer que nem todos os "marineiros" de segunda viagem são canalhas e velhacos – mas já as companhias...

Tem muita gente boa que vai na onda, "de alegre", por assim dizer. Gente boa, decente, bem-intencionada, que se deixou iludir/enganar pelos falsos consensos forjados pela Globo, pela Veja e pela classe média imbecilizada dos grandes aglomerados urbanos. Os "inocentes", sempre úteis para propósitos os mais diversos, são, muito provavelmente, aqueles a que chamam, de modo canhestro, de "sonháticos".

Portanto, é prudente e minimamente honesto não confundir a pobreza vocabular de uns com a pobreza de espírito de outros.

O inferno, como bem sabem os crentes e demais cristãos, está repleto de pecadores, mas, também, de almas puras e bem-intencionadas.

Na verdade, retomando o fio da fiada desse ordinário artesanato, a tal Rede, na qual ora se enredam alguns inocentes "sonháticos", na diligente companhia de velhas raposas da política nacional, para alguns não passa, como já dito (nunca é demasiado lembrar), de uma estratégia ardilosa para apear o PT (e seus aliados) do poder central em Brasília.

O velho antipetismo resolveu se travestir de progressista da "nova" política para finalmente – sonho de consumo deles – "acabar com essa raça".

Porém, ao que tudo indica, essa tal "raça" é mesmo valente e resistente.

E não se deixa afogar por marolas nem intimidar pelo suposto e alardeado "tsunami" – até porque não há sinal de terremoto algum.

Essa "raça", ao que se presume, não se deixa enredar por Rede tão débil.

Não se deixa envolver pelo estrondoso e hipnótico barulho do estouro da boiada.

Não assim, tão fácil ou docilmente.

A toda ação corresponde uma ação, de mesma intensidade e em sentido contrário. Essa é uma lei da Física bastante conhecida.

Porém... dando a imprescindível e imponderável sustentação à Física há que ter a Poesia.

Lembram? "Sem perder a ternura jamais".

Portanto...

Ninguém inventou nada; não se descobriu a roda; nem, por fim, a quadratura ou curvatura do círculo, isso depende da versão.

Não há nada de novo na terra dos homens que nos cause estranheza, legítima comoção ou assombro – muito menos encantamento.

Novamente.

Por fim, a onda Marina, como pretendi demonstrar aqui [C.Q.D.], e como sugerem as recentes pesquisas apuradas/ajustadas, pode ter servido para, finalmente, despertar o lado animal e a anima dos governistas e da militância petista – que andava, convenhamos, meio, digamos, "sem vontade", na base do "já ganhou"; na base das "favas contadas".

Ainda há muita fava por contar à frente e avante no caminho até a intangível utopia.

Agora que os militantes petistas, bem como dos partidos aliados, notadamente os meus valentes e valorosos conterrâneos do Nordeste, perceberam e acordaram para o fato de que há risco real de um retrocesso; que há risco de perder conquistas dos governos Lula e Dilma; que há risco dos "rentistas" se tornarem, novamente, os senhores dos nossos sonhos, não tenho a menor dúvida que virá a reação em igual força e intensidade.

A própria candidata Dilma pareceu-me mais aguerrida e confiante nesses últimos dias, posto que foi, mais uma vez, desafiada, provocada, posta à prova.

Veja bem, logo ela que venceu o arbítrio, o choque elétrico e o pau de arara.

Logo ela que foi a escolhida por Lula para tão impossível missão de trabalhar em prol da nova política de governar, de verdade, para esse povo sofrido ¬– apesar e a despeito dos canalhas.

Ação e reação.

Sei não, mas desconfio que agora o difícil mesmo vai ser segurar a onda petista, que já vislumbro se formar e se agigantar na tênue linha azul do horizonte.

Quem não nadar de braçada e pegar essa onda, meu prezado, vai ficar boiando na imensidão no mar.

A hora é agora.

A onda é essa.

Essa que se agiganta à sua frente, para além das aparências e engodos.

Você ainda não consegue enxergá-la?

 

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