CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Carlos Hortmann avatar

Carlos Hortmann

Professor, filósofo, historiador e músico.

37 artigos

blog

Onde nós erramos?

Acredito profundamente que, se não reconhecermos que erramos e falhamos, a nossa oposição “ao homem iludido na sua própria virilidade” será ineficiente para barrarmos as atrocidades que esse governo promete fazer contra a classe trabalhadora, as minorias e opositores. Precisamos voltar do lugar onde jamais devíamos ter saído, dos movimentos de base

Onde nós erramos? (Foto: Fabio Pozzebom - ABR)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Hoje completa uma semana que o Brasil entregou a sua sorte nas mãos de uma extrema-direita com muitas costelas fascista. Uma pergunta não deixa o meu horizonte de reflexão: “onde nós erramos?” Nós – enquanto partidos, movimentos sociais e sociedade civil organizada – que sempre prezamos por valores coletivos, progressistas e democráticos. O primeiro erro a não cometer é reconhecermos que falhamos, todos nós, não apenas o Partido dos Trabalhadores (PT) – que cometeu muitos erros que serão comentados num próximo artigo. Mas esse é o momento de pensarmos os nossos equívocos, como seguimento social que fará oposição ao governo Bolsonaro. Gostava de elencar alguns quiproquós que acredito serem os mais fulcrais dessa conjuntura: a não radicalizamos das nossas pautas, subestimamos a força da direita e não soubemos utilizar a internet como ferramenta mobilizadora das nossas lutas. 

O primeiro ponto é que a esquerda deixou radicalizar as suas lutas e passou a agir na defensiva, isto é, ir as ruas a fim de responder a pautas colocada pela direita. Dessa forma, não demonstrando qualquer caminho alternativo para aquele sentimento de mudança que começou a brotar em alguns seguimentos da sociedade brasileira. Portanto, a esquerda, em especial o PT, passou acreditar mais na força das instituições burguesas do que no poder popular. Resultado disso, parte dos movimentos sociais e sindicatos foram coaptados pelo modelo político vigente até 2016, e tem como consequência a desmobilização da classe trabalhadora que ia para rua e encurralavam os interesses reacionários e burgueses. O ponto central é que nenhum governo de esquerda (reformista ou social-democrata) resistirá sem a força das ruas, e é nesse sentido que não radicalizamos as nossas pautas. Por outro lado, nós desdenhamos a capacidade de organização da direita e extrema-direita; pois se fosse uma eleição normal, todos nós sabíamos que segundo as regras da democracia liberal uma candidatura Bolsonaro derreteria em duas semanas. Todavia, eles fizeram uma campanha anti-campanha, com um completo menosprezo pelo debate, mas se agarram a alguns anseios que fazem parte da realidade da sociedade brasileira, como a violência, o moralismo religioso e o antipetismo – que se ligam por um afeto comum que é o medo. Todavia, eles conseguiram canalizar todas essas demandas de uma forma nova na política moderna, por meio da internet. A pergunta que se coloca, “como um partido sem base social conseguiu eleger Bolsonaro?” Por isso o vetor internet é importante, claro que fomentado por dinheiro de muitos empresários brasileiros, pois foi a forma que eles encontraram de criar mobilização e “organização” dos que sentiam os mesmos afetos. E nesse sentido, nós perdemos muito, pois não soubemos utilizar essa ferramenta como meio de mobilização e de comunicação. O problema não é só dominar a tecnologia do momento, mas o mais grave é que ficamos afastado também das nossas bases sociais, visto que focamos as nossas lutas apenas na institucionalidade burguesa. Portanto, eles souberam usar essa ferramenta como arma mobilizado, claro que foram inspirados nas eleições do EUA e do Brexit.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Acredito profundamente que, se não reconhecermos que erramos e falhamos, a nossa oposição “ao homem iludido na sua própria virilidade” será ineficiente para barrarmos as atrocidades que esse governo promete fazer contra a classe trabalhadora, as minorias e opositores. Precisamos voltar do lugar onde jamais devíamos ter saído, dos movimentos de base.

Finalizo com uma frase do professor, Vladimir Safatler, “autocrítica é força e não fraqueza”. Espero firmemente que a esquerda não tenha deixado de acreditar nisso. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 

 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 

 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 

 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO