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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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Orçamento Paralelo; Gabinete Paralelo: pesadelo real!

Bolsonaro não tem clemência, não tem arrependimentos, não tem empatia nem mesmo para com aqueles que lhes transformaram no homem mais importante do Brasil (sazonalmente)

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Nunca antes na história do Brasil vivemos um precedente destes: o governo é fora da lei, em sentido literal. É como se fossem uma ordem secreta destas medievais; ou uma máfia italiana, destas que não disfarçam seus crimes, todavia, sofisticam as relações cínicas perante a opinião pública. Um governo jamais visto, creio, nem mesmo nas nações mais instáveis do continente africano em que o controle de certos Estados nacionais estão sob o julgo de ditadores sangrentos. 

O caso brasileiro é sem parâmetros em todo o mundo contemporâneo (paradigma sincrônico), e mesmo sem parâmetros na comparação com os demais governos, mesmo os cruéis ou os corruptos que já passaram por este País (paradigma diacrônico).

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Não consigo, sinceramente, resumir numa palavra. Esforço-me para fechar em “desfaçatez”. Não é isso! É bem pior! “Hipocrisia”? Também não: é mais medíocre ainda. Poderíamos sintetizar em “fascistas”; todavia, penso que o requinte de crueldade avança por outros tópicos. É a reunião do absurdo. Senão, vejamos:

· Mentirosos!

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· Genocidas!

· Falaciosos!

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· Mesquinhos!

· Ignorantes!

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· Negacionistas!

· Milicianos!

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· Fisiologistas!

· Demagogos!

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· Patrimonialistas!

· Incompetentes!

· Preconceituosos!

· Déspotas!

· Ludibriadores!

· Terraplanistas!

· Loucos!

· Canalhas!

· Corruptos (neste caso, o pior tipo de corrupção que existe)...

· E todas aquelas outras palavras que já usei acima e isso tudo elevado à décima potência...

Responda-me quem puder: alguém já viu algum governo que conseguisse, em apenas um ciclo, reunir todas estas características do mal juntas num quadriênio na Esplanada dos Ministérios e “Casas de Vidro”? Jamais! Havia a reunião de alguns destes elementos, entretanto, não todos juntos no mesmo balaio institucional. 

Um dia me perguntei o que seria realmente a “República das Bananas”. Creio que seja isso aí. Cada ministro de Estado[1] do Bolsonaro é um pedaço semântico do Chefe; é seu reflexo. Alguns reúnem metade destas características; outros, um pouco menos; todos, no entanto, são o escopo da mentira temperada com o acervo de preconceitos para finalizar em torturas (das mais diversas). Tudo cheira a enxofre neste governo. Cheira a dor; fome; doença... mortes, nas suas várias espécies e tipologias[2]!

Retornando ao tema: embora o pesadelo seja real, a sensação que sentimos é que está tudo invertido. Estamos num simulador de realidade alternativa caótica, numa tragicomédia sem graça, na encenação do inferno de Dante, numa realidade paralela. E isso é tão (i)real, tão fático que o governo, que não pode operar sua razão do mal no sistema social que, com as falhas devidas, propôs uma Democracia, um Estado de Direito e uma organização institucional sólida (ou insólita). Precisa, portanto, prover-se de “sistemas paralelos” de governança. 

Isto posto, para que se continue a política da morte, da eugenia, da segregação de classes, da manutenção de castas coloniais e da loucura típica dos degradados luso-brasileiros reencarnados em Bolsonaro, é fundamental que ele, destarte, crie:

i) esse tal de “Orçamento Paralelo”, cujo montante do dinheiro serve para manter os privilégios dos deputados e senadores da base governista e do Centrão, isto é, para que possam desviar parte dos recursos públicos mais facilmente (sem fiscalização e controle) e usarem em suas respectivas reeleições. (Custo indireto disso: fim do Auxílio Emergencial de 600 reais e instituição da fome, a retirada de vários direitos da classe trabalhadora, a venda das estatais essenciais ao desenvolvimento do País, reformas cruéis como a da Previdência e a Trabalhista, e por aí vai);

ii) esse tal de “Gabinete Paralelo” da saúde, em que pese ter mais poder que o próprio Ministério da Saúde (um dos melhores do mundo). Em todos os governos passados se instituíam em tempos de epidemia, pandemia, ou demais tragédias e calamidades, os chamados “Comitês de Crise”, ou órgãos semelhantes. Contudo, estes órgãos possuíam decretos, regramentos e ampla publicidade de seus atos e decisões. Neste governo “oculto” (do mundo sombrio), o “Ministério da Doença” precisa funcionar no porão do Palácio[3], pois não é aceitável socialmente que um governo se reúna para planejar a não-compra de vacinas, o uso de medicamentos ineficazes e até arriscados frente à pior pandemia da história moderna humana. (Custo disso: quase 480 mil vidas que se evaporaram pela COVID-19 e o caminho “perfeito” para chegarmos ao planejado por eles: 1 milhão e 400 mil mortes na pandemia).

Em síntese, posso resumir este texto numa questão: não há como combater um Estado Assassino (e vejamos que um Governo Paralelo não é outra coisa senão a transformação do Estado em arma letal), se não fizermos a luta. Todavia, luta é compreensão tática, estratégica e mesmo semântica. Isto é, as palavras acima postas não podem ser lidas isoladamente, ou despretensiosamente. Não é uma mera pichação de muro. Há necessidade de se buscar estratégias semióticas que consignem o pensamento, a mentalidade, a racionalidade, a sensibilização de cada brasileira(o). As pessoas estão sobrecarregadas de narrativas que produzem a chancela destes genocidas no Poder.  Porém, não sabem como escapar desta espiral esquizofrênica. Precisamos nos reconectar com o imaginário da sociedade. Reaprender a comunicar. E estatuir a verdadeira esperança e sensação de esperança nas pessoas. Repito: não basta falar de esperança; é fundamental fazer sentir esperança.

Ou buscamos uma Pedagogia “Paralela” para enfrentar o Governo Paralelo[4], ou sucumbiremos nossa civilização – paralelamente!

.......................

[1] Isso vale para os cargos de terceiro escalão e demais dirigentes em qualquer órgão da República.

Vejamos um caso emblemático da esquizofrenia somada à sociopatia dessa gente: o Sr. Sérgio Camargo, Presidente da Fundação Cultural Palmares. Um “negro” (da mais escura cor de pele) que conjuga com todas as forças e mais potentemente que os brancos senhores de engenho o verbo chicotear. Há prazer naquele cara em fazer tudo ao contrário ao protocolo de seu cargo. Ao invés de cuidar, dos quilombos, da memória e história da luta do povo negro, ele age como o capitão do mato; e ajuda a matar mais de sua (nossa) gente - nas favelas e em todas as periferias deste País. 

Outro: Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles: protege madeireiros; mineradores; grileiros; posseiros; latifundiários, menos o Meio Ambiente.

Faça o teste e veja outros seres nos cargos que ocupam. Fazem tudo ao contrário ao que reza a exigência do cargo. 

[2] Creio que a síntese de Bolsonaro e seu cheiro de morte (suas nuances) residam na traição do Presidente ao Gustavo Bebianno. Não há um ser, mesmo um filho de Jair Messias, que tenha sido tão leal e tenha se antecipado em acreditar num “devaneio histórico”: eleger o poste de madeira mijado pelo cachorro vira-latas abandonado na rua (o Jair Bolsonaro), como o fez Bebianno. Quando ninguém acreditava, este Sr. se doou para fazer a campanha. E foi certamente o maior “laranja” do Presidente. Antes de qualquer outro, este político foi o que iniciou suas articulações para fazer de Bolsonaro o “Mito” que se tornou.

Recompensa: abandonado pelo seu ex-companheiro. 

Bebianno morreu. E se não foi assassinado por saber demais (fake facada; financiamento da fake news; caso Marielle Franco; milícias etc.), o pior tipo de desgosto, aquele que leva à depressão e agrava a carcaça física humana (eventos psicossomáticos) foi o que o levou à morte (vai saber).

Portanto, Bolsonaro não tem clemência, não tem arrependimentos, não tem empatia nem mesmo para com aqueles que lhes transformaram no homem mais importante do Brasil (sazonalmente). 

Ps. Quando falo do “poste” acima, não estou a desprezar o “humano Bolsonaro”, embora seja um ser estúpido, todavia, refiro-me ao seu fator outsider, isto é, sem qualquer expressão no Congresso Nacional e no Brasil até então.

[3] Ainda bem que alguns levam o celular para o “mundo das trevas” – e gravam as sessões secretas.

[4] Normalmente quem ganha o governo quer governar. Normalmente quem implanta um governo paralelo são os que não estão no governo e discordam inconfidentes do governo institucional. Essa é a primeira vez na vida que vejo que um governo precisa fugir de si mesmo, implantar uma espécie de meta-governo para se ater de governar.

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