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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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Os arrependidos de ter votado em Bolsonaro são aliados objetivos

O contexto geral foi um racha entre os contra. Situação muito parecida à da Alemanha nos anos 30, quando um país de alta cultura européia elegeu um facínora. Lá, a economia recuperou-se e não houve arrependidos no início. Aqui o fracasso econômico desperta milhares de arrependidos já nos primeiros seis meses

Brazil's President Jair Bolsonaro attends a ceremony for the presentation of the 2nd phase of the advertising campaign of the pension reform bill at the Planalto Palace in Brasilia, Brazil May 20, 2019. REUTERS/Adriano Machado (Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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Postei o seguinte comentário no meu face: “Todos os que votaram em Bolsonaro tem o direito de se arrepender. E ninguém deve ridicularizá-los por  isso. São benvindos”. Tive duas respostas significativas. César Augusto Perez Jorge afirmou: “Lamento, professor. Ainda não consigo”. Wilma Sara observou: “Muito sensato seu comentário”. Achei que ambos os comentaristas, paradoxalmente, estão dando uma mensagem muito positiva para o Brasil. Na verdade, isso é uma luzinha no fim do túnel num país que parece irremediavelmente dividido. 

Vejamos César Augusto. Ele diz que “ainda” não consegue perdoar os que votaram em Bolsonaro, mesmo que estejam arrependidos. Pode parecer um sinal de intransigência. Pode ser um indicativo de raiva pela insensatez dos que votaram em Bolsonaro sem medir conseqüências. Entretanto, no meu modo de pensar, a essência da mensagem está no “ainda”. Indiscutivelmente, ele se dispõe em algum momento a rever sua posição. De gente como ele depende o processo de lenta reconstrução da unidade nacional. 

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O comentário de Wilma dispensa maiores análises. Do fundo da alma ela está dizendo que perdoa os insensatos que votaram em Bolsonaro desde que se arrependam, e mesmo que secretamente. Como sabemos que as condições objetivas do país, de agora e do futuro próximo, tendem a piorar inexoravelmente, é indiscutível que a nau dos arrependidos vai superlotar-se. E seria uma estupidez dos que se consideram de esquerda ou progressistas repelir essas multidões que vão considerando o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. 

O que isso sugere? Tenho dedicado mais de quatro décadas de estudos e análises econômicas ao objetivo central que acredito de toda política econômica que se preze, ou seja,  promover o pleno emprego. Nisso, sou um keynesiano obstinado. Escrevi livros e milhares de artigos propondo políticas de pleno emprego e apontando o imperativo de um novo contrato social no Brasil baseado na valorização do trabalho. Continuo sustentando essa tese. Apesar do contexto atual, Bolsonaro, para mim, é irrelevante. O importante é a base social da Nação. 

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É claro que não tenho a ilusão de que os dois comentaristas citados acima representem a totalidade da oposição a  Bolsonaro. Eles apontam, sim, para uma oposição de arrependidos que cresce velozmente. Contudo, é necessário que esse movimento seja capitalizado politicamente. Por enquanto vejo pouco movimento nessa direção. Mas a marcha da história é inexorável. São as condições objetivas, não a ideologia, como diria Marx, que movem os processos históricos. Os verdadeiros líderes devem levar isso em conta. 

Quaisquer que sejam as posições ideológicas das pessoas, só os idiotas não percebem que o país está literalmente dividido. Ou caminhamos para alguma  forma de pacto social ou a Nação vai acabar rachada. Alguns desses generais de pijama que estão no Governo ainda não se aperceberam disso e, associados aos raivosos da reserva, metem lenha na fogueira, como foi o caso desse patético general Heleno. Esse também se retrairá a sua insignificância no momento oportuno. O processo histórico cumprirá seu curso a não ser que o país se suicide.    

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Não há pacto social com base em palavras. Só haverá pacto social a partir de uma proposta econômica significativa que dê conta da questão do desemprego e do subemprego. De Bolsonaro não se pode esperar muita coisa. Mas há alternativas institucionais. Veja o general Mourão, muito sensato em posições de política externa. Internamente, gostaria de o ver dissociado da vertigem neoliberal de Paulo Guedes. Em qualquer hipótese é preciso considerar como aliados os que se arrependeram de ter votado em Bolsonaro. 

Finalmente, é preciso explicar o voto em Bolsonaro. Foi um voto de raiva nas condições sociais e econômicas herdadas do governo Temer que simplesmente foram omitidas na campanha. E também contra corrupção. A mídia, vocalizando a Laja Jato, associou a corrupção ao PT e Bolsonaro, ao anti-PT. Por outro lado votou-se em Hadad contra Bolsonaro. O contexto geral foi um racha entre os contra. Situação muito parecida à da Alemanha nos anos 30, quando um país de alta cultura européia elegeu um facínora. Lá, a economia recuperou-se e não houve arrependidos no início. Aqui o fracasso econômico desperta milhares de arrependidos já nos primeiros seis meses.

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