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Durval Ângelo

Deputado estadual (PT-MG), líder do governo na ALMG

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Os “bons ladrões” e os corruptos de estimação

Os fatos mostraram terem sido justamente nos governos de Lula e Dilma que mais foram criadas medidas de combate à corrupção. Ao adotarem a transparência e a punição como regra e conferirem autonomia e independência a instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público, eles tornaram possíveis as operações a que assistimos atualmente, em alguns casos, de forma espetacularizada

Polícia Federal (Foto: Durval Ângelo)
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Todos nós conhecemos o fato narrado na bíblia sobre a crucificação de Jesus entre dois ladrões. Um deles, em um dado momento, se compadeceu da dor de Cristo, reconhecendo sua inocência, e repreendeu o outro, que fazia pilhéria. A tradição católica o chamou de Dimas, o "bom ladrão". Na visão soteriológica (estudo da salvação da humanidade), ele seria o único ser humano com a garantia da salvação, pois lhe disse Jesus: “hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.

Faço menção a São Dimas - aquele que se converteu no momento final, com o gesto maior da salvação, que é a compaixão - em uma analogia com o debate ideológico que vivemos hoje no Brasil. Com o argumento de que varreriam a corrupção do país, deram um golpe na democracia para retirar a presidente Dilma Rousseff. Vimos o povo bater panelas, a classe média se revoltar e o ódio aos governos do PT contagiar até setores populares. Mas nada como um dia após o outro...

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Os fatos mostraram terem sido justamente nos governos de Lula e Dilma que mais foram criadas medidas de combate à corrupção. Ao adotarem a transparência e a punição como regra e conferirem autonomia e independência a instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público, eles tornaram possíveis as operações a que assistimos atualmente, em alguns casos, de forma espetacularizada.

A relação de medidas concretas neste sentido é longa. Para lembrar apenas algumas, cito: a criação da Controladoria-Geral da União; a transformação da corrupção em crime hediondo; a assinatura da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, em 2003; o aumento da pena para corruptos; a garantia da autonomia, o fortalecimento e a melhoria da estrutura da Polícia Federal; além da nomeação, como via de regra, do primeiro nome da lista tríplice do Ministério Público Federal para o cargo de procurador-geral da República. Neste último caso, vale lembrar que Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, chegou a nomear procurador que sequer figurava na lista da eleição interna do órgão.
Agora, com esta mesma independência, em nome de interesses alheios à justiça, tentam condenar um inocente. O motivo da acusação - o triplex no Guarujá, que não se provou ser de Lula - foi ironizado até por Paulo Maluf, um dos mais tradicionais políticos da direita. Não vale mais que três apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, afirmou.

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A fragilidade da acusação do Ministério Público também foi identificada pela juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, que inocentou 11 réus no mesmo caso, por considerar que se baseava em “alegações vagas”, além de apontar erros no processo cometidos pelos promotores. Um dos réus demonstrou que haviam reaberto irregularmente um inquérito policial já arquivado, sem inserir novas provas, apenas para respaldar suas acusações.

Já na "República de Curitiba", em depoimentos ao juiz Sérgio Moro, 72 testemunhas inocentaram Lula. De nada adiantou. Até dona Marisa Letícia foi incluída no sacrifício, por causa da compra de pedalinhos para os netos. O sofrimento provocado pela injustiça, com toda a certeza, foi uma das causas de sua morte.

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E o que se viu dos paladinos do combate à corrupção? O senador José Serra, por exemplo, foi acusado de receber R$ 23 milhões da Odebrecht em uma conta na Suíça. Na sequência, sucederam-se escândalos envolvendo próceres do PSDB e de outros partidos, que votaram “contra a corrupção” e agora são alvos de investigações, com autorização do Supremo Tribunal Federal.

Alguns casos são emblemáticos, como o da deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG), aquela que disse “sim, sim, sim” ao golpe e hoje é investigada por crimes como desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, juntamente com o marido, o prefeito afastado de Montes Claros, Ruy Muniz. Situação semelhante ocorreu com o deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), que deu o voto decisivo para o impeachment, tornou-se ministro das Cidades do Governo Temer e hoje é investigado, acusado de ter recebido R$ 600 mil da Odebrecht.
No cenário político mineiro não é diferente. Entre os que querem derrubar o Governo Pimentel, sob uma inconsistente acusação de corrupção, há nomes que constam da lista do ministro Edson Facchin - relator da Lava-Jato no Supremo.

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Se houve desvios de petistas, que sejam apurados e punidos, com isenção. Mas, ao que tudo indica, a maioria deles relaciona-se a Caixa 2 de campanha, e não a enriquecimento ilícito com contas em paraísos fiscais. Lamentavelmente, não é preciso "profeta" para prever que, ao final, poucos irão para o sacrifício, pois o objetivo maior não é o fim da corrupção, e sim tirar Lula do páreo nas próximas eleições e impedir, a qualquer preço, a retomada do Estado Democrático de Direito e de direitos.

Quanto às elites, fica cada vez mais evidente que também têm seus “bons ladrões”; corruptos de estimação, que deverão merecer a "salvação". Acabemos com a hipocrisia! Somente uma reforma política, de fato, que mude as regras de eleição e de representatividade, será capaz de moralizar o sistema político brasileiro. Do contrário, continuaremos sempre na espera do próximo escândalo. Haverá quem se converta no momento final?

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