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Marco Mondaini

Historiador e Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena e apresenta o programa Trilhas da Democracia, exibido aos domingos na TV 247.

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Os dois braços do Estado e a juventude periférica

Há duas principais formas pelas quais a juventude periférica tem sido violentada no seu cotidiano, as quais acabaram por resultar na organização de uma campanha com um título capaz de gerar, ao mesmo tempo, forte impacto e grande estranhamento

Ato Contra o Genocídio da Juventude Negra (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
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O Trilhas da Democracia de domingo (22/9) realizou um debate sobre a campanha “Jovens pelo direito de viver”, organizada pelo Fórum das Juventudes de Pernambuco. Durante o programa (assista abaixo), Kássia Queiroz (uma das coordenadoras do FOJUPE) e Adrielly Gomes (militante do RUA – juventude anticapitalista) assinalaram duas das principais formas pelas quais a juventude periférica tem sido violentada no seu cotidiano, as quais acabaram por resultar na organização de uma campanha com um título capaz de gerar, ao mesmo tempo, forte impacto e grande estranhamento.

Nas duas formas, o eixo da violência gira em torno da exacerbação das características mais selvagens do Estado penal-neoliberal brasileiro, na conjuntura inaugurada com a posse do governo Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019.

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Por um lado, assiste-se à inação do seu “braço esquerdo” – aquele diretamente responsável pela proteção e garantia dos direitos sociais por intermédio de políticas sociais de natureza pública, com destaque para três políticas que tocam mais imediatamente a vida de uma juventude não nascida em berço esplêndido: políticas educacionais, de geração de trabalho e renda, e de cultura, esporte e lazer. Por outro lado, observava-se à ação cada vez mais ilimitada do seu “braço direito” – aquele que, sob o manto da retórica do combate ao crime e defesa da ordem e segurança, viola sistematicamente os direitos civis da juventude em questão, por meio de um conjunto de práticas que vão desde um tipo de abordagem policial baseada na agressão verbal e física até assassinatos justificados pela suposta existência de uma situação de confronto, passando pela política de encarceramento em massa.A explosiva mistura entre a inação de um braço que é condição essencial para a construção de sistemas de bem-estar social e a ação cada vez mais ilimitada de um braço que deveria agir dentro dos marcos e conforme a legalidade constitucional vem transformando as vidas da juventude periférica brasileira em “vidas desperdiçadas”, para usar o termo cunhado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Se é verdade que tal situação não nasce com o governo Bolsonaro, não é menos verdade que esta tem se agravado com uma velocidade estonteante como fruto do malfadado encontro entre o ultraneoliberalismo de Paulo Guedes, o justicialismo penalizante de Sérgio Moro e a “política de caça a criminosos” defendida e incentivada por governadores de estado da estirpe de Wilson Witzel, no Rio de Janeiro, e de João Dória, em São Paulo.

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Diante de um contexto tão adverso como o traçado acima, o estranhamento inicialmente causado pelo título da campanha organizada pelo Fórum das Juventudes de Pernambuco dissipa-se, deixando apenas a sensação impactante que resulta da constatação de que ser jovem para uma parcela da população brasileira transformou-se em um risco que impõe a necessidade de invenção de um nova configuração da luta em nome dos direitos humanos na atualidade: o “direito de viver”.

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