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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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Os EUA e a Lava Jato no Brasil

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Não é de hoje o interesse norte-americano na América do Sul, especialmente no Brasil, em função de suas riquezas naturais e de seu mercado interno. Na história, podemos identificar vários momentos em que os E.U.A. buscaram intervir na política interna do Brasil, fazendo alianças com setores da elite política e econômica nacional que se alinhavam com seus interesses e procuravam favorecê-los em território nacional.

Como um desses momentos, temos o golpe civil-militar de 1964. Tivemos aqui um pesado trabalho feito pelo embaixador norte-americano no Brasil, Lincoln Gordon, no sentido de articular os agentes nacionais aos agentes do tio Sam e de reforçar o discurso de que havia um “perigo comunista no Brasil”, cujo expoente maior seria o então presidente da República João Goulart e sua base social. Este discurso sempre marcou presença no Brasil e vem associado a um suposto combate à corrupção, que, politicamente, é direcionado ao campo político tido como “inimigo”, com vistas a destruí-lo e deixar o caminho aberto para o projeto de interesse estrangeiro, sem oposição (Sobre o uso político do combate à corrupção ver https://portaldonorte.com/artigo-o-uso-politico-do-discurso-e-do-combate-a-corrupcao-no-brasil/).

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Dessa forma, os norte-americanos financiaram a oposição ao governo Goulart, montando uma ampla rede, constituída por parlamentares e grupos civis, com a finalidade de desestabilizar o governo – acusando-o de comunista, de ferir a moral e os bons costumes, dentre outros. Por outro lado, com o apoio da imprensa corporativa da época (Globo, Estadão, Folha de São Paulo), instigaram os militares para executarem um golpe, com apoio dos E.U.A. Hoje não é novidade, por exemplo, a operação Brother Sam: um movimento da Marinha norte-americana em apoio aos militares-golpistas a ser colocado em prática caso algum imprevisto (obstáculo) ocorresse e que pudesse comprometer o movimento golpista.

Com a redemocratização e a emergência de uma Nova República, os eventos traumáticos do período que se abriu em 1964, embora não resolvidos, pareciam que jamais iriam se “repetir”. Então surgiu a Lava Jato, com o discurso de combate à corrupção. Foram criados alguns grupos – MBL, Vem para Rua, Revoltados Online, dentre outros – com o objetivo de desestabilizar o governo, agora da presidente Dilma Rousseff. A imprensa corporativa, basicamente a mesma de antes (citadas anteriormente), amplificou o discurso de que havia um “perigo vermelho” (novamente este discurso, observem!) associado a um projeto de poder de um grupo político (veja, um grupo apenas, justamente aquele grupo que se colocou como obstáculo ao projeto norte-americano no país, pois havia não somente pago a dívida externa, como também enterrado o projeto da Área de Livre Comércio das Américas, desejo norte-americano, e fortalecido o Mercosul. E mais ainda, atuou liderando os grupos de países emergentes) que supostamente usava da corrupção para se perpetuar nas estruturas do Estado.

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Com efeito, em 2016 ocorreu um novo golpe (a farsa do impeachment). A principal liderança da esquerda brasileira, o ex-presidente Lula, foi preso, com base em um processo duvidoso e numa articulação entre setores do Judiciário igualmente duvidosa. Era o favorito nas eleições de 2018. Foi retirado dela. Com isso, Jair Bolsonaro venceu as eleições para a Presidência. A primeira atitude deste personagem foi bater continência para a bandeira dos E.U.A., por que será? E depois apoiar incondicionalmente o Trump, ou não?

Pois bem, essa semana saiu basicamente em todos os jornais PROVAS da ligação da Lava Jato com os E.U.A. (coisa que já havia sido denunciada por analistas sociais, especialmente historiadores). E mais: escutas telefônicas ilegais (grampos ilegais), distribuição de processos de forma viciada (de modo a privilegiar pessoas e práticas próprias da Lava Jato, inclusive práticas que caminhavam na contramão do Estado Democrático de Direito) e um juiz parcial (Sérgio Moro), que em entrevista recente disse que estava num ringue contra o ex-presidente Lula. Um juiz no ringue lutando contra quem vai julgar?

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Está claro: a Lava Jato foi um instrumento político a serviço dos E.U.A., que usou o discurso político de combate à corrupção para forjar o “inimigo” interno, que lançou mão de expedientes que feriram o Estado Democrático de Direito, que destruiu a economia nacional, sobretudo porque atacou justamente a empresa (PETROBRÁS) que mais interessava, em termos de destruição, aos E.U.A., por força do seu interesse pelo petróleo. Também causou grandes danos ao Judiciário, que agora precisa domar esse bicho de várias cabeças e recuperar a sua credibilidade.

A Lava Jato foi, e ainda é, instrumento político.

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