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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Os Jeffersons

Michel Temer, sempre preocupado com o futuro dos trabalhadores brasileiros, convidou o ex- deputado, ex-presidiário e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, para o aconselhar e para ajudá-lo a escolher o nome do novo ministro do trabalho

Michel Temer, sempre preocupado com o futuro dos trabalhadores brasileiros, convidou o ex- deputado, ex-presidiário e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, para o aconselhar e para ajudá-lo a escolher o nome do novo ministro do trabalho (Foto: Nêggo Tom)
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A série animada "Os Jetsons", foi um grande sucesso da TV norte americana, entre os anos de 1962 e 1963. Sendo relançada com episódios inéditos, entre o anos de 1984 e 1987. No Brasil, foi exibida primeiramente pela TV Excelsior e depois pelo SBT. A série tinha como tema a "Era Espacial", e introduziu no imaginário da maioria das pessoas, o que seria o futuro da Humanidade. Carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado, toda sorte de aparelhos eletrodomésticos e de entretenimento, robôs como serviçais, e tudo que dá para se imaginar do futuro.

O nosso, digo, o presidente dos golpistas, Michel Temer, sempre preocupado com o futuro dos trabalhadores brasileiros, convidou o ex- deputado, ex-presidiário e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, para o aconselhar e para ajudá-lo a escolher o nome do novo ministro do trabalho. Para quem não se lembra, Roberto Jefferson ficou conhecido por ser o alcaguete mor, do esquema de corrupção batizado como "Mensalão". Esquema do qual ele também se beneficiou e ajudou a organizar.

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Mas bem antes disso, lá pelos anos 1980, Jefferson ganhou notoriedade no programa: "O povo na TV", que era uma mistura de "Casos de família", "Programa do Ratinho", "Super Pop" e "Teste de fidelidade" do João Kléber, e que era exibido diariamente no SBT. Na atração, ele era conhecido como o "Advogado dos pobres", por orientar e auxiliar os menos favorecidos em questões jurídicas. Ele é Advogado por formação. Roberto Jefferson também ficou em evidência, quando foi contra o impeachment de Fernando Collor, e liderou uma verdadeira tropa de choque, que defendia com unhas e dentes, o então presidente.

O mesmo Roberto Jefferson, que já havia tido o seu mandato cassado em 2005, foi condenado em 2012, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Tal condenação lhe rendeu 10 anos de prisão, em regime fechado, mas graças ao benefício da delação premiada, teve a sua pena reduzida para 7 anos, no regime semi aberto. Mas um pouco antes, em 1993, o seu nome já figurava na lista dos investigados na CPI do orçamento. O curioso é que, mesmo tendo o seu mandato cassado em 14 de setembro de 2005, o diário oficial publica a sua aposentadoria, em 10 de outubro do mesmo ano. Ainda bem que ele não precisará contribuir 40 anos para se aposentar. Ô, sorte!

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Como podemos ver, o conselheiro de Michel Temer é alguém cujo currículo se alinha perfeitamente com o atual governo e a escolha da nova ministra do trabalho, Cristiane Brasil, que por coincidência, é sua filha e também já esteve envolvida em corrupção - inclusive sendo citada na delação da Odebrecht - introduz no nosso imaginário, assim como na série "Os Jetsons", o que podemos esperar do futuro. A nova era escravocrata, nos remete a trabalhadores submissos, sem direitos, sem garantias, intimidados e robotizados sem um pingo de humanidade.

Aliás, na série "Os Jetsons", o patriarca da família, George Jetson, é um empregado típico da sua era e que trabalhava em jornada reduzida. Uma hora por dia, duas vezes por semana. Qualquer semelhança com o trabalho intermitente, não é mera coincidência. Claro que GeoRge era bem mais honesto do que o conselheiro de Temer e todos que apoiam o seu governo. A analogia entre os sobrenomes é apenas uma sátira. Inclusive, quero deixar registrado o meu pedido de desculpas a turma da Hanna Barbera, que produziu a série, por ter associado a sua obra a um nome tão sujo.

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Nos bastidores, diz-se que a nomeação de Cristiane Brasil, deu-se em função de sua lealdade a quadrilha e também pelo fato de seu pai, ser um dos apoiadores da reforma de previdência. Até aí, tudo normal. O que me surpreende é o silêncio da panelas da elite. Cadê aquela turma que vestia a camisa da CBF e saia as ruas para acabar com a corrupção? Por onde anda aqueles cidadãos de bem, que do alto de suas varandas nos jardins, faziam ouvir os sons de suas baixelas e de seus talheres de prata? Eles não viviam dizendo que queriam o seu país de volta? Ou será que já conseguiram e estão guardando segredo?

O silêncio da elite, de parte da classe média e dos pobres de direita que apoiaram o golpe, diante desse governo corrupto, é revelador. Se me permitem, o defino com um verso de uma canção desse humilde compositor que vos escreve, chamada "Cidadão de bens": "Eu não gosto de bandido. É pena de morte. Lei de Talião. Eu não gosto de bandido, não. Mas se formos parecidos, eu abro uma exceção." Confiram a música na íntegra.

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Mas não posso terminar esse artigo, sem antes citar o choro emocionado de Roberto Jefferson, ao comentar a nomeação de sua pupila para o ministério. Segundo ele, aquele momento era de redenção e de resgate da moral de sua família. Após ver e ouvir tal declaração, só consegui pensar em duas coisas: Lustrar a sua cara de pau com óleo de peroba e comprar uma passagem, só de ida, para a era dos Jetsons. Porque os Jeffersons, não dá para aturar, não.

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