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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Os paladinos da democracia que respaldaram ditadura brasileira

A atuação americana no golpe de 64 também é descrita minuciosamente pelo jornalista Elio Gaspari na mais completa obra literária sobre o regime militar

(Foto: Evandro Teixeira)
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Não restam dúvidas quanto à participação do governo dos Estados Unidos na derrubada de João Goulart e na implantação de um regime de exceção no Brasil a partir de 1964, quando da concretização do golpe que generais como Braga Netto chamam de “revolução” ou “movimento”.   

A participação americana no golpe de 64 está descrita de forma contundente no documentário “O Dia que Durou 21 Anos”, de Camilo Tavares, lançado em 2013. Toda a documentação na qual se embasou o filme está disponível para consulta pública nas bibliotecas dos presidentes americanos. Por aqui, mesmo após Lei de Livre Acesso à Informação, vasculhar documentos históricos é um pouco mais complicado. 

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Ao lado de Camilo na confecção da obra esteve seu pai, o jornalista Flávio Tavares, como produtor-executivo. Flávio conhece como poucos a ditadura brasileira: em 1970 ele era um dos militantes que, presos, foram trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por membros da luta armada contra o regime.  

O filme é citado com ênfase no livro “1964”, de Almino Affonso, ministro do Trabalho de João Goulart e peça fundamental nas engrenagens políticas daquela época. No pós-ditadura, Affonso chegou a ser vice-governador de São Paulo de 1986 a 1989 (governo Orestes Quércia).  

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A atuação americana no golpe de 64 também é descrita minuciosamente pelo jornalista Elio Gaspari na mais completa obra literária sobre o regime militar que oprimiu o Brasil por duas décadas. 

Logo no primeiro dos cinco volumes da coleção “As Ilusões Armadas”, Gaspari escreve: “Em Washington, trabalhava-se havia dez dias na armação de uma força-tarefa naval que, em caso de necessidade, zarparia para a costa brasileira. Sua formação fora proposta pelo embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon. (...) No dia 20 de março de 1964, uma semana depois do comício (do presidente João Goulart) da Central do Brasil, o presidente Lyndon Johnson autorizara a formação de uma força naval para intervir na crise brasileira, caso isso viesse a parecer necessário. A decisão foi tomada durante reunião na Casa Branca a que compareceram Gordon, o secretário de Estado Dean Rusk, o chefe da CIA, John McCone, e representantes do Departamento de Defesa”. 

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Gaspari herdou 25 caixas de arquivos pessoais e documentos do general Golbery do Couto e Silva, principal artífice intelectual da ditadura brasileira, bem como do processo de abertura no início dos anos 80.  

Chamado de “o bruxo”, Golbery, com quem Gaspari mantinha uma estreita relação de jornalista /fonte, foi um dos principais teóricos da Escola Superior de Guerra, criador do temido SNI (Serviço Nacional da Informação) e chefe da Casa Civil nos governos dos generais Ernesto Geisel e João Figueiredo. Durante o período mais duro do regime militar, de 1968 a 1973, presidiu a filial brasileira da multinacional americana Dow Chemical  - eis os Estados Unidos presentes de novo.

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