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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Os parasitas da República

Se considerarmos que aproximadamente 5% do PIB são desviados em corrupção, seriam mais de R$ 200 bilhões desviados anualmente. Recursos que deveriam ir para a saúde, educação, seguridade social e segurança pública!

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Venho fazendo, há cerca de seis meses, um acompanhamento precário e empírico dos casos de corrupção no Brasil, nas esferas federal, estadual e municipal. Apenas para que tenhamos uma vaga noção do montante que é desviado do erário: cheguei à cifra de R$20 bilhões. Em apenas seis meses, e a partir de um acompanhamento e mapeamento – precário e irregular, reitero – sem qualquer metodologia científica.

Note que são apenas casos que foram flagrados pela PF, pelo MP ou Tribunais de Contas [um caso veio à tona por obra e graça de um jornalista e  blogueiro carioca] e que tiveram repercussão na mídia. Não considera, por óbvio, os que não foram detectados, denunciados e/ou divulgados na imprensa – que não tiveram, portanto, a devida publicidade e que continuam nas sombras do anonimato criminoso que acoberta todo tipo de malfeito.

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Para aqueles que acham o número “chutado” ou “absurdo”, enumero apenas três desses casos que encabeçam minha lista, pois foram os últimos. Amanhã certamente já teremos mais um outro caso, outro último [mau] exemplo. Vamos aos três casos. Escândalo do “trensalão”: estimativa de cerca de R$ 425 milhões desviados; sonegação fiscal da Globo: cerca de R$700 milhões e o caso mais recente, o da gestão Serra/Kassab, na Secretaria de Finanças de SP: cerca de R$500 milhões.

Só aí já soma algo em torno de R$1,6 bi. Não devemos perder de vista, porém, que esses montantes desviados apurados se deram, de modo cumulativo, ao longo de anos.

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Qual seria então um número mais próximo da realidade? Qual seria o montante de recursos públicos que são desviados no ralo da corrupção anualmente, seja para supostamente financiar o caixa 2 de partidos políticos ou para enriquecimento pessoal, pura e simplesmente? Um por cento do PIB? Esse seria um bom número? 

Considerando um PIB de R$4,4 trilhões (valores de 2012), se aplicarmos o percentual de 1%, teríamos um desvio de R$44 bilhões/ano. Esse não lhe parece um número bastante modesto e razoável para trabalharmos? Não lhes parece “prudente” que partamos de um índice mínimo nessa nossa hipótese, embora saibamos que esse percentual de relação PIB/corrupção seja bem maior. Talvez 5%? Talvez... Mas por enquanto vamos trabalhar mesmo com 1% do PIB, sejamos modestos – ou, melhor dizendo, “otimistas”.

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Para efeito de comparação e compreensão façamos um contraponto: qual o orçamento da União destinado, por exemplo, ao Bolsa Família? 

O orçamento do Bolsa Família, que integra o plano Brasil Sem Miséria do governo federal, era de R$20 bilhões – ou, algo como 0,5 % do PIB. E atende a cerca de 14 milhões de famílias carentes em todo o Brasil. Por uma dessas estranhas coincidências, parei aquele meu levantamento precário do montante desviado em corrupção nessa cifra. Lembra-se?

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Quantas famílias poderiam ser atendidas com esses, não R$20 bi, mas com os R$44 bilhões que se perdem no esgoto da corrupção (os tais 1% do PIB desviados da nossa premissa subestimada)? Em quanto se poderia aumentar o valor pago a cada família que recebe esse benefício? Quantas creches, hospitais, escolas, postos de saúde poderiam ser construídos? Em quanto os governos poderiam aumentar os salários dos servidores públicos?  – como professores e policiais, que ganham muito pouco, apenas para citar dois exemplos. 

Se considerarmos que aproximadamente 5% do PIB são desviados em corrupção, seriam mais de R$ 200 bilhões desviados anualmente. Recursos que deveriam ir para a saúde, educação, seguridade social e segurança pública! Números que poderiam ser traduzidos em serviços públicos de melhor qualidade: mais ônibus, metrôs e trens; menos filas e falta de assistência nos hospitais públicos.

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Mas esses números e essas digressões são apenas para que retomemos a discussão em torno desse tema importantíssimo; para que possamos nos armar, devidamente, para o combate dessa praga que parasita a República: a corrupção.

Como fazer esse combate?

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Para não lhes cansar, paro por aqui. 

Voltarei a esse tema brevemente. Para que possamos discutir formas de combate à corrupção, apresentando e sugerindo novos exemplos de governança lastreados na ética republicana e no bom uso dos recursos públicos escassos por definição.

 

N.A.: Esse artigo, lembro aos que acompanham os meus textos aqui no Brasil 247, faz parte de uma espécie de “trilogia” na qual pretendo abordar e  debater os principais problemas que afligem a República: corrupção, terceirização/privatização e um sistema político mafioso. O artigo anterior foi “Os sabotadores da República”.

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