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Luciano Teles

Professor adjunto de História do Brasil e da Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e autor de artigos e livros sobre a história da imprensa operária e do movimento de trabalhadores no Amazonas.

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Os povos indígenas e a luta pelos seus territórios

Os povos indígenas continuam lutando. Lutando contra as invasões deliberadas sobre as suas terras. Lutando contra a degradação do meio ambiente. Lutando contra o Marco Temporal

Acampamento pela Vida dos povos indígenas em Brasília (Foto: Scarlett Rocha/@scarlettrphoto - @ApibOficial)
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Muito antes da chegada dos europeus nas Américas, especialmente na América do Sul, os indígenas de diversas etnias viviam processos e dinâmicas históricas próprias que hoje estão sendo recuperadas e estudadas sistematicamente nas mais diferentes áreas do conhecimento (Antropologia, História, Arqueologia, etc.). Se considerarmos a Amazônia nacional e internacional, os estudos têm demonstrado que os povos indígenas estruturaram organizações sócio-políticas próprias, constituíram uma rede de comércio de pequena, média e longa distância, via fluvial (utilizando os rios principais e seus afluentes) e terrestre (entre várzea e terra-firme), construíram artefatos diversos (cerâmicas, armas, roupas de algodão, entre outros), realizaram guerras por territórios e criaram suas cerimônias e rituais espirituais. 

Podemos afirmar que viviam experiências e processos sociais próprios que foram firme e ferozmente atacados pelos europeus que atravessaram o Atlântico e chegaram nessas paragens. Sobretudo espanhóis e portugueses, ao entrarem em contato com os povos indígenas, intentaram dominá-los e submetê-los, não sem enfrentar uma forte resistência empreendida de diversas formas (guerras, emboscadas, ataques surpresas variados, etc.) pelas etnias que não se conformavam com o “novo mundo” que foi se desenhando (o mundo colonial).  

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Entretanto, as guerras, a escravidão e as doenças atingiram o universo indígena de tal maneira que os efeitos para eles foram devastadores. De maioria passaram a minoria. Eles enfrentaram um processo duro de desestruturação e extinção de etnias indígenas, fusões de tantas outras, além de formação de alianças e lutas pelas suas terras, culturas e formas de vida. Eles empreenderam um longo e intenso processo de resistência – que perpassou não somente o período colonial, mas também o imperial e republicano (aqui já instituída a sociedade nacional brasileira) – que permitiu a algumas etnias sobreviverem às investidas coloniais e nacionais e até mesmo conquistarem direitos (Constituição de 1988 e o que ela versa sobre os direitos indígenas).  

Portanto, desde o período colonial, os indígenas tiveram que se defrontar e reagir em diferentes momentos e contextos históricos aos diversos discursos que buscavam desqualificá-los enquanto povos/culturas específicos, com formas de vida e de relação com a natureza próprias. Já tentaram (e tentam ainda hoje, especialmente o bolsonarismo) imprimir a eles a pecha de preguiçosos, indolentes, inferiores, dentre outros adjetivos depreciativos. Inclusive, num passado recente (o da ditadura militar) foram acusados levianamente de serem obstáculos ao desenvolvimento nacional, o que “serviu” de justificativa para a operacionalização de um verdadeiro massacre sobre os povos indígenas, sobretudo entre os anos de 1974-1983. Tudo isso para viabilizar os grandes projetos econômicos na Amazônia. Estima-se, ao menos, mais de 8 mil índios assassinados nesse período trágico da história do país.  

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Portanto, um (des)governo (e sua base de apoio, principalmente as Forças Armadas) que exalta esse período sombrio da história do país, e tudo o que ele representa de desgraça, só poderia levar adiante os assaltos aos povos indígenas, particularmente naquilo que é a coisa mais importante para esses povos: os seus territórios, as suas terras, as terras indígenas. Mentem ao dizer que existe muita terra para poucos índios. Mentem ao afirmar que os índios são preguiçosos. Mentem ao esconder os interesses econômicos que estão por trás das investidas sobre as terras indígenas. Mentem quando ocultam que o agronegócio concentra enormes hectares de terras. Enfim, difundem intensamente fake news sobre vários assuntos para, a partir daí, buscarem viabilizar os seus objetivos políticos e econômicos.  

Os povos indígenas continuam lutando. Lutando contra as invasões deliberadas sobre as suas terras. Lutando contra a degradação do meio ambiente. Lutando contra o Marco Temporal. Estão mobilizados, organizados e atuantes. Resistiram durante séculos, conquistaram direitos. Não será agora que vão sucumbir. 

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Toda força e solidariedade aos povos indígenas do país! 

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