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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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Pacem in Terris

A intolerância, as relações sob tensão, são sintomas graves da falta de respeito pelo homem e pela verdade, são resultado de indivíduos, grupos e governos sem darem-se conta que a urgência maior é a construção de uma sociedade pautada na igualdade e a fraternidade, as quais contém a liberdade, pois são mais amplas

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As palavras justiça e solidariedade estão somente no nosso dicionário, ou todos trabalhamos para que se transformem em realidade? Essa é a grande questão nesses tempos em que essas virtudes estão esquecidas, e vem sendo substituídas pelo ódio.

A Pacem in Terris, ou Paz na terra, é legado do Papa João XXIII, que me foi apresentado pelo Professor Francisco Rossi, nas inesquecíveis aulas de Sociologia do curso de Ciências Jurídicas e Sociais, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (vão-se 39 anos das mágicas noites no Pátio dos Leões, das aulas com grandes e queridos professores, da defesa da democracia, do choro incontido quando a emenda Dante de Oliveira foi rejeitada, e, fundamentalmente da conquista do Céu e da Linha no horizonte).

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Bem, João XXIII foi eleito para ser um papa de transição, mas, para surpresa e desespero dos cardeais conservadores, devolveu a Igreja Católica à sua missão. 

Ele a escreveu no período mais crítico da guerra fria, quando a humanidade temia encontrar-se próxima a um conflito mundial pelo enfrentamento entre os Estados Unidos e a União Soviética. 

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A encíclica Pacem in Terris lançou um dramático chamado pela paz aos responsáveis pelo poder, era também um chamado aos homens, e uma súplica dirigida ao Céu. 

Fato é que o diálogo que teve início entre os grandes blocos opostos, e durante o pontificado de João Paulo II, deu-se a superação daquela fase de tensão e à abertura de espaços de liberdade e de diálogo, mas ainda longe de uma sociedade fraterna e igualitária. 

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Acredito que as sementes de paz plantadas por João XXIII trouxeram frutos. Porém, embora tenham caído muros e barreiras, o mundo continua a ter necessidade de paz e o apelo da Pacem in terris permanece fortemente atual, pois nos falta igualdade e fraternidade, sem os quais não haverá paz na terra. 

Volto à questão: nos empenhamos enquanto indivíduos, famílias, grupos sociais, partidos políticos e Estados a viver e garantir relações de justiça e solidariedade? A resposta é negativa, pois a busca frenética é pelo consumo, pela acumulação, pela afirmação da nossa individualidade, além da busca por likes, seguidores e outras coisas sem sentido, se não forem usadas pera construir a paz.

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É disso que se trata: nossa tarefa, a de todos os homens é construir a paz, através destes dois caminhos: (i) promover e praticar a justiça, com verdade e amor; (ii) contribuir, cada um segundo as suas possibilidades, com o desenvolvimento humano integral, segundo a lógica da solidariedade, o que é impossível num sistema econômico que é avaro na distribuição igualitária e fraterna da riqueza produzida; temos que compreender que apenas uma sociedade fraterna e de iguais, que não penalize empreendedores, nem condene à miséria enorme parcela da população, é o que garantirá paz.

O valor da pessoa, a dignidade de cada ser humano, de promover, respeitar e proteger sempre, não são somente os principais direitos civis e políticos que devem ser garantidos, afirmou João XXIII – mas se deve também oferecer a cada um a possibilidade de acessar efetivamente os meios essenciais de subsistência, a comida, a água, a casa, os cuidados de saúde, a educação e a possibilidade de formar e sustentar uma família. Estes são os objetivos que têm uma prioridade absoluta na ação nacional e internacional e são a medida da bondade. Disso depende uma paz duradoura para todos.

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Segundo o Papa Francisco, Pacem in Terris não tinha a intenção de afirmar ser tarefa da Igreja dar indicações concretas sobre temas como política e economia, mas sim propor o diálogo, a escuta, a paciência, o respeito ao outro, a sinceridade e a disposição de rever a própria opinião. Trata-se de atual apelo de João XXIII, que pode orientar o debate internacional segundo estas virtudes, em busca da paz.

A intolerância, as relações sob tensão, são sintomas graves da falta de respeito pelo homem e pela verdade, são resultado de indivíduos, grupos e governos sem darem-se conta que a urgência maior é a construção de uma sociedade pautada na igualdade e a fraternidade, as quais contém a liberdade, pois são mais amplas.

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Como escreveu o Papa Francisco, a Pacem in Terristraça uma linha que vai da paz a construir no coração dos homens a um repensar o nosso modelo de desenvolvimento e de ação em todos os níveis, para que o nosso mundo seja um mundo de paz. 

Agradecendo do fundo do coração ao Professor Francisco Rossi, coloco às críticas essas reflexões.

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