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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor de “Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil”

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Pandemia de pobre, pandemia de rico

O sofrimento extraordinário provocado pelo coronavírus na parte da população já sofredora deixará um legado psicológico dificilmente superável

(Foto: © Tomaz Silva/Agência Brasil)
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O Brasil de Jair Bolsonaro é assunto para psicanalista, e Luciano Elia, professor titular de psicanálise da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é um profissional do ramo mais que qualificado para tratar do tema. Ele levanta um ponto praticamente ignorado nos debates sobre a Covid-19: faltou, entre tanta coisa, recorrer à consciência política para combater a pandemia.

“O necessário isolamento social não foi entendido como um ato político. Faltou consciência coletiva”, afirma Elia. O que isso quer dizer? Claro está: as pessoas que cumpriram os protocolos sanitários o fizeram em esforço pela própria vida, não como ato de engajamento em benefício da coletividade.

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A triste realidade decorrente da praga mostrou-se, como quase tudo, ainda mais triste para a população menos favorecida – outro fato abordado de forma tangencial nas discussões pandêmicas. “Foi muito difícil para os mais pobres, quando não impossível, trabalhar, alimentar-se e tudo mais mantendo distanciamento social. Ainda mais grave, um verdadeiro sofrimento, seriam as aulas on-line para os alunos pobres das escolas públicas”, observa Elia.

O sofrimento extraordinário provocado pelo coronavírus na parte da população já sofredora deixará um legado psicológico dificilmente superável. “Os fatores socioeconômicos vão determinar o futuro”, sentencia o psicanalista. A parte abastada – que teve de se adaptar ao estressante home office ou precisou recorrer a algum refúgio campestre para não se contaminar – pode fazer uma viagem para “descansar” do duro trauma do isolamento e da escassez de abraços e beijinhos.

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O ônus psicológico da pandemia não tem data para sair da mente de ninguém, mas para alguns será mais doloroso. Lei da vida? Não. O Poder Público tem obrigação de cuidar da saúde mental com o mesmo interesse com que lida com doenças de outras naturezas (ou deveria lidar).

As equipes de saúde mental das unidades básicas de atendimento precisam ser incrementadas em resposta à crescente demanda devido a problemas psicológicos – é o mínimo que se espera.  Não é à toa que a pesquisa da Unifesp “Desigualdades e Vulnerabilidades na Pandemia de Covid-19”, coordenada pela psicóloga Lumena Furtado, dedica uma seção exclusiva a questões de saúde mental durante o período pandêmico.

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Trabalho cuidadoso, detalhado, exibe um quadro de tragédia social que não foi criado pela pandemia, mas foi - e está – sendo agravado por ela. Eis um trecho do estudo, que resume o cenário em tela: “Foi observado que a vivência da pandemia de Covid-19 é mais que um problema de saúde pública. Deflagra também uma crise social que se manifestou nas condições de trabalho e renda, de moradia, de convivência e de saúde mental das pessoas. O adoecimento mental da população tem uma forte referência à complexidade dos problemas sociais, agravados pela ausência e a negligência do Poder Público. As pessoas precisam resolver seus problemas no conhecido ‘é nós por nós’. Um despejo violento em Diadema, sem a oferta de alternativas de moradia, é um exemplo do descuido do Poder Público, aumentando a vivência de medos e ansiedades”.

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