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Cássio Vilela Prado

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Pão, circo e a Reforma da Previdência

Nos próximos dias, durante o carnaval, veremos um forte sistema de segurança classista; de um lado o povo (escravos) com os seus abadás, de outro, separados por cordões policiais, a elite financeira em seus camarotes. Enquanto isso, nos camarins da república, ganha força a Reforma da Previdência – terrível só para os “entrudistas” –, prolongando e pauperizando mais o trabalho escravo. A velha estratégia romana do ‘pão e circo’ ainda é armadilha poderosa

Bloco de Carnaval no Rio  (Foto: Cássio Vilela Prado)
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“A história do carnaval no Brasil iniciou-se no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma festa de origem portuguesa que na colônia era praticada pelos escravos. Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais também foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil”1.

O carnaval é a maior festa popular brasileira, evento importante na cultura do país, enraizada e herdada desde o tempo do Brasil-Colônia, embora os seus primórdios remontam à Antiguidade, principalmente à Mesopotâmia, Grécia e Itália. Para uns, o vocábulo “carnaval” é de origem latina “carne levare” (“retirar a carne”), considerada pela Igreja Católica como uma festa pagã pelos excessos dos prazeres mundanos do corpo e da alma.

A primeira manifestação do carnaval no Brasil, ainda colonial, foi o “entrudo” – “festa de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Estes saíam pelas ruas com seus rostos pintados, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas. Tais bolinhas nem sempre eram cheirosas. O entrudo era considerado ainda uma prática violenta e ofensiva, em razão dos ataques às pessoas com os materiais, mas era bastante popular”2.

A elite aristocrática aburguesada da Corte não participava da festa, uma vez que nunca “se misturava com os escravos”, senão para espoliá-los e degradá-los, apenas observando-os de suas janelas altas em seus “castelos fechados”, com os seus jatos de água... (a imagem pode nos remeter aos ‘batedores de panelas’ dos apartamentos gourmet durante o golpeachment nos pobres, representados pela Presidenta Dilma).

Nos meados do século XIX, no Rio de Janeiro, o entrudo foi criminalizado para os pobres. A elite imperial, contudo, interessou-se pelo movimento dos escravos carnavalescos, dando início aos seletivos bailes de carnaval, mantendo a sua escancarada máscara racista e perpetuando a antiga divisão de classes.

De lá pra cá, surgiram as marchinhas de carnaval, o samba, o afoxé, o frevo e o maracatu, os blocos caricatos, as escolas de samba e o trio elétrico.
Com o tempo, como não podia ser diferente, a antiga festa dos escravos se transformou num evento controlado pelos maiores capitalistas do Brasil – de norte a sul, de leste a oeste – com a Rede Globo/PIG, a Ambev/Lemon, a Coca-Cola/Tio Sam e demais setores abastados do país do carnaval...

A ética da divisão de classes se mantém vigorosa, com alterações apenas na sua estética visual. Nos próximos dias poderá ser visto durante o carnaval um forte sistema de segurança classista; de um lado o povo (escravos) com os seus abadás, entorpecidos pela cachaça e cerveja, de outro, separados por cordões policiais, a elite financeira e lacaios, em seus camarotes regados à lagosta, cerveja especial e muito scotch whisky, bourbon e farinha da melhor qualidade.

Enquanto isso, nos camarins da república, ganha força a terrível Reforma da Previdência – terrível só para os “entrudistas” –, prolongando e pauperizando mais o trabalho escravo.

A velha estratégia romana do ‘pão e circo’ ainda é uma armadilha poderosa.

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