Para o ministro da Educação, o povo brasileiro é ladrão
Certamente o senhor Rodríguez não chamou de ladrões à volumosa classe média e amplos setores do pessoal bacana "da alta" que apoiou massivamente a emersão do regime militar cujo Ministério da Educação ele mesmo ocupa, mas sim endereçou o seu vitupério ao conjunto do povo brasileiro é que classificou como "canibal"
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O Ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez, nascido na Colômbia, tem os brasileiros na conta de ladrões de todo o tipo, de travesseiros a toalhas de hotel ou produtos menores dos quais possam se apropriar em qualquer lugar fora de suas casas. Para o Ministro o brasileiro em viagem é "canibal", ladrão voraz que tudo rouba, de assentos salva-vidas dos aviões ao que mais possa levar. Como brasileiro me sinto pessoal e profundamente ultrajado, eis que me inclui neste fictício clube de malfeitores que renego também em nome de todos os meus entes queridos, tanto os vivos como os falecidos e da grande massa de trabalhadores(as) brasileiros, que honestamente ganham o seu pão cotidianamente e não tramam para galgar cargos na Administração Pública sabe-se lá a qual preço. Uma autoridade pública que toma tamanha liberdade melhor faria em olhar para os lados ocupando-se de seus companheiros de viagem e sua história.
Sem mediações ou rubor, o senhor Rodríguez expôs um juízo geral e profundamente preconceituoso contra a integralidade do povo brasileiro, o que, por si só, ligeireza e leviandade que já seria demeritória em um intelectual, mas sobretudo para alguém que almeja ocupar (e manter-se) em alta função pública. Não tem o direito, não pode. Certamente o senhor Rodríguez não chamou de ladrões à volumosa classe média e amplos setores do pessoal bacana "da alta" que apoiou massivamente a emersão do regime militar cujo Ministério da Educação ele mesmo ocupa, mas sim endereçou o seu vitupério ao conjunto do povo brasileiro é que classificou como "canibal". Recordemos ao senhor Rodríguez que milhões de trabalhadores(as) vivem em situação de pobreza ou penúria – aumentada pela política econômica expropriatória imposta pelo golpe de Estado que a sua força política apoiou – e que mesmo assim mantém a sua integridade e honestidade. Recordemos ao senhor Rodríguez que nas modestas residências destes milhões de brasileiros(as) não foram encontradas malas com milhões de reais nem eles foram gravados combinando assassinatos nem a entrega de dinheiro ou negociando cargos na Administração Pública para realizar negociatas que podem terminar em um mar de lama.
Vivêssemos em um Estado democrático e não em um regime militar que desrespeita profundamente os seus cidadãos em todas as suas dimensões e, então, a resposta imediata a esta conduta do senhor Vélez Rodríguez teria sido a exoneração. Não tardaria uma hora a mais no cargo após gravíssima ofensa ao povo brasileiro se o Governo em funções tivesse como preocupação ao seu povo, pois o respeito ao povo é o pressuposto do agir público. Impudico defensor da ditadura militar – como se isso não fosse uma grave subversão do estágio civilizatório da humanidade contra a tortura –, politicamente o senhor Rodríguez acabou de afivelar as suas malas. Não tem mais a mínima condição política de permanecer à frente do MEC. Moralmente já caiu. A dúvida é se, e quando, será afastado de suas funções.
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