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Enio Verri

Deputado federal pelo PT-PR

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Para sempre colônia?

Em 2003, a Petrobras valia cerca de R$ 15,4 bilhões. Em 2015, valia R$ 214 bilhões. Gostaria de conhecer algum economista que explicasse essa equação para justificar o discurso, segundo o qual, o Partido dos Trabalhadores (PT) quebrou a Petrobras

Para sempre colônia? (Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
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A recente paralisação dos caminhoneiros é mais um episódio do período histórico pelo qual passamos, com seus personagens e interesses. O valor cobrado no litro diesel uniu o caminhoneiro que possui um ou dos caminhões a uma minoria empresarial que detém centenas de frotas. Tanto um quanto o outro acessou crédito para compra de caminhões, a 4,5%, durante os governos Lula e Dilma. O frete crescia com o aumento das safras e da produção industrial, até 2014. A retração da economia, em 2015 e a paralisação do País, com o golpe de 2016, desvalorizou o frete. A concentração do mercado é pior para os individuais.

É preciso compreender que a semente desse caos está na política de destruição da Petrobras, pelas mãos do seu presidente, Pedro Parente, servidor do mercado financeiro e das grandes petroleiras. Desde que assumiu a Presidência da empresa, pouco mais de um mês depois do golpe de 2016, ela vem sendo fatiada e entregue aos interesses de outras nações, que investem nossas riquezas no desenvolvimento de seus povos. A decisão de mudar a política de preços do óleo cru, atrelando-o ao humor do mercado financeiro do petróleo, satisfaz o desejo de agradar os investidores estrangeiros e o de apequenar a Petrobras. Ao tempo que entrega nosso óleo, inviabiliza as refinarias nacionais.

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A conjuntura das paralisações revela os personagens e seus interesses. A paralisação das refinarias é um escandaloso retrocesso civilizatório. Pedro Parente obriga a Petrobras a se desindustrializar, a regredir tecnologicamente. Esse crime está sendo denunciado por uma grande paralisação que ocorre em todo o Brasil, sem alarde da grande imprensa. Os petroleiros da Petrobras se solidarizam com os trabalhadores da estrada, com os que passam dezenas de horas por dia atrás do volante. Mas a luta deles vai além da redução do preço cobrado no diesel. Ela é contra a privatização da Petrobras. No momento, eles resistem com bravura na porta das refinarias que o lacaio do Parente quer dar de presente aos interesses internacionais.

Também há um pequeno grupo de empresários que controla 70% da logística do País, para quem a redução de toda e qualquer taxa ou imposto é o bastante. Já os caminhoneiros individuais, 30% desse modal, não estão bem organizados e informados, apesar de, em sua maioria, saber o que querem, como condições justas e decentes de trabalho. Porém, alguns pedem um regime sob o qual seria impossível realizar um ato de tamanho vulto, sem se machucar muito, como a Ditadura Militar. O Movimento União Caminhoneiro, que diz representar os caminhoneiros, por incrível que pareça, advoga que seria ruim o periódico descanso dos caminhoneiros e defende a isenção de impostos dos combustíveis, que só interessa aos donos dos meios de produção.

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Em outra frente estão os caminhoneiros empregados das grandes empresas, usados como massa de manobra para interesses dos milionários. É um perverso sistema de concentração de renda cuja rota traçada, até aqui, é a de aprofundar essa condição, com o paulatino declínio da atividade autônoma. Mas isso, em que pese preocupante, não é o principal. Não passa de mais uma crise dentro do processo do golpe. O que está em questão é a soberania do Brasil. Está em jogo se os desígnios dos brasileiros serão tomados por eles ou por outras nações. A questão é saber se a Petrobras será usada para o desenvolvimento econômico e social dos brasileiros, ou para o de outros povos.

Em 2003, a Petrobras valia cerca de R$ 15,4 bilhões. Em 2015, valia R$ 214 bilhões. Nesse mesmo ano, ela foi a Houston, no Texas, para receber o maior prêmio mundial que uma empresa do seu porte pode receber, por desenvolvimento de tecnologia. Gostaria de conhecer algum economista que explicasse essa equação para justificar o discurso, segundo o qual, o Partido dos Trabalhadores (PT) quebrou a Petrobras. Um patrimônio nacional está nas mãos de um governo ilegítimo e privatista, diante de uma população espoliada, humilhada e incompreensivelmente em silêncio.

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Uma empresa estatal do porte da Petrobras, em um país mundialmente conhecido pela sua concentração de renda e desigualdade social foi, entre 2003 e 2015, usada como instrumento de desenvolvimento do País. Durante os governos Lula e Dilma, a Petrobras era responsável aproximadamente 50% dos investimentos no Brasil. Estaleiros, fabricação de navios, fábrica de fertilizantes, sondas, gasodutos, construção de plataformas, entre outros investimentos que fizeram da Petrobras uma das empresas mais cobiçadas do mundo. A paralisação é apenas uma movimentação no jogo da geopolítica em que as forças se digladiam pelas reservas energéticas.

Ao limite geográfico chamado Brasil, bem como a qualquer outro, não interessa quem o ocupa e usufrui de seus recursos energéticos, desde a água ao petróleo, passando pelo outo, urânio, ferro, nióbio, entre outros tão importantes. O usufruto diz respeito única e exclusivamente a quem ocupa o território, onde está instalado um Estado. Resta aos brasileiros saberem que Brasil querem para si e para as próximas gerações. A nação está numa uma encruzilhada em que deve decidir se é um país soberano, condutor do seu próprio desenvolvimento, ou é um país ajoelhado e submetido aos interesses de outros povos.

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Caso a decisão seja pela soberania, somente as ruas devolverão o Brasil aos brasileiros. O ministério de notáveis entreguistas e autoritários de Temer empurra a nação para um abismo de incertezas institucionais, com o risco de vermos a definitiva supressão da democracia, com o cancelamento das eleições de 2018. Essa condição seria a ideal para os entreguistas de plantão. Uma eleição direta, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, jogaria por terra a entrega aos estrangeiros não apenas de uma fortuna estimada em mais de US$ 8 trilhões, mas a autonomia nacional de decidir como será aplicada essa fortuna que pertence à/aos brasileira/os.

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