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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Paraisópolis e a eugenia dório-bolsonarista.

A essa elite perversa e permissiva com o obscuro, interessa que Paraisópolis e outras comunidades periféricas, virem cinzas com tudo e todos dentro. E a Polícia está sendo usada para isto, como se a maioria de seus agentes operacionais não fossem de origem pobre, preta e periférica

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Por volta de 1914, a sociedade brasileira começava a flertar com a eugenia. Havia por parte da elite da época, a ideia de que as epidemias surgidas no Brasil, eram culpa dos negros recém alforriados. Anos mais tarde, em 1934, foi implementado na Constituição, um artigo que controlava a entrada de imigrantes no país.

A elite procurava na biogenética, um respaldo para excluir negros, asiáticos, portadores de deficiência e qualquer grupo que estivesse fora dos padrões considerados aceitáveis, para formar uma nação desenvolvida. A chamada “nação do futuro”, deveria ser predominantemente composta por indivíduos branco de origem europeia.

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Médicos sanitaristas e outros simpatizantes das teses eugênicas de um tal de Francis Galton, que, segundo consta, era primo de Charles Darwin, começaram a disseminá-las no país. A ideia da “Raça pura”, era associada diretamente ao progresso da nação brasileira. Dizem que até o escritor Monteiro Lobato, era adepto da limpeza étnica.

Em seu livro “O Presidente Negro – O Choque das Raças”, ele contava a história de um homem negro que assumiria a Casa Branca no ano de 2228 e uniria todos os brancos dos Estados Unidos a ponto de esterilizar e exterminar os negros de seu país. Ainda bem que Tia Anastácia e Tio Barnabé não eram americanos. Sorte deles também, que as ideias não fictícias que o seu “criador” apoiava, não foram adiantes. Ou foram?

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A ascensão do Bolsonarismo e Dorianismo, é uma nova tentativa de implementar a eugenia no Brasil. Um processo de limpeza étnica e social da sociedade, estava no plano de governo de ambos. Só não viu quem não quis. Logo após ser eleito, o Governador de São Paulo chegou a dizer que “A Polícia vai atirar para colocar no cemitério” e a garantir uma “boa defesa” para Policiais acusados de matarem em serviço.

Com Bolsonaro não foi diferente. Uma de suas bandeiras era o armamento do “cidadão de bem”. Aliado a isto, chegou a propor um excludente de ilicitude, não apenas para Policiais que matassem em serviço, como também para cidadãos comuns, que agissem em legítima defesa de suas vidas ou de seus patrimônios. Ambos também sinalizaram que governariam para os mais ricos.

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O projeto de Dória, ainda como Prefeito, que visava servir ração para crianças carentes e a fala de Bolsonaro, dizendo que o pobre não está preparado para receber educação, já dava o tom eugênico de seus governos. A ordem é excluir as minorias de todas as formas. Matando é uma delas. Aliado aos conceitos da eugenia, o governo Bolsonaro acaba de desautorizar a lei que obriga as empresas a contratarem deficientes físicos.

O processo de privatização de todas as estatais, que é um dos sonhos do seu posto Ipiranga, Paulo Guedes, caso aconteça, se encarregará de cumprir o restante do manual, excluindo pretos e outras raças consideradas não puras, de serem contratados pelos seus novos proprietários. O perfil evolutivo pretendido por essas empresas, será os de brancos a imagem e semelhança europeia. O que não seria um fato assim tão novo, no mercado de trabalho brasileiro.

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Chegando a Paraisópolis, a ação desencadeada pela Polícia de Dória, que matou nove jovens pisoteados e feriu outros tantos, é apenas a operacionalização deste processo. É a limpeza em seu modo prático. Não pensem que vai parar por aí. A não ser que a sociedade, ou, pelo menos, a parte dela que é o alvo e os que não comungam de tal ideologia, reaja fortemente. E não será saindo as ruas para cantar o hino nacional, que iremos mudar esta situação. O sarrafo ficou bem mais alto. E para transpô-lo, será necessário colhões roxos e de todas as cores existentes.

Os caras vieram em missão de guerra. Uma guerra declaradamente contra pretos, pobres e todas as outras minorias representativas. Não por acaso, os casos de racismo explícito, feminicídio, homofobia e de crimes motivados por intolerância, aumentaram consideravelmente. Também não é por acaso, que ao identificarmos os criminosos através de redes sociais, vejamos estampado em seus perfis, o apoio declarado ao atual presidente.

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Tais coincidências, me levaram a concluir que, nem todos que votaram em Bolsonaro são criminosos. Mas, todo criminoso votou nele. Por que será? Uma sociedade tolerante com as injustiças e com a banalização do mal, é responsável por todos os infortúnios que vieram a sobrevir sobre ela. E isto inclui uma reação proporcional, daqueles que estão sendo oprimidos e massacrados.

Ninguém consegue ficar nas cordas o tempo todo. Uma hora há de partir para o ataque. E é aí que mora o perigo. Ao reagir, os oprimidos serão considerados perigosos e a morte deles será justificada por um excludente de ilicitude qualquer. A parcela da elite pactuária dessa barbárie, é quem legitima essa dizimação periférica. Ela elegeu Dória e Bolsonaro, para defender com unhas, dentes e armas, os seus interesses e os seus ideais mais sombrios.

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A essa elite perversa e permissiva com o obscuro, interessa que Paraisópolis e outras comunidades periféricas, virem cinzas com tudo e todos dentro. E a Polícia está sendo usada para isto, como se a maioria de seus agentes operacionais não fossem de origem pobre, preta e periférica. Como no livro de Monteiro Lobato, um dos oprimidos foi escolhido para realizar o sonho do opressor. O de acabar com os seus.

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