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Perda de gelo na Antártica: déjá vu!

Se as 159 bilhões de toneladas por ano de gelo continuarem a derreter daqui a 200 a 900 anos, poderão provocar um aumento do nível do mar de 44 mm por século, aumento esse nem significativo nem mensurável

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Recentemente, a mídia focou sua atenção no derretimento do gelo de 159±48 bilhões de toneladas por ano (GT/a) de gelo na Antártica, dos quais 134 GT/a estariam ocorrendo na plataforma da Enseada do Mar de Amundsen, Antártica (veja mapa), hoje constituída de gelo flutuante em sua maior parte. Esses números, assustadores em princípio, são de um estudo realizado entre 2010-2013 utilizando o radar altímetro satélite CryoSat-2 da Agência Espacial Europeia que, diz-se, apresenta um resolução espacial bem melhor se comparada com instrumentos antecessores. A mídia, entretanto, não comenta o erro envolvido nas observações por esse satélite que, no caso do Leste da Antártica, por exemplo, é superior a 1.200% (-3±36GT). Segundo a NASA, a perda de gelo é irreversível, pois as correntes marinhas mais aquecidas entram por debaixo da plataforma de gelo flutuante e "corroem" seu apoio sobre as rochas do continente, a linha de fixação do gelo, que é o limite entre o gelo flutuante e o continente. Como esse processo de "corrosão" do gelo seria contínuo, a linha de fixação sob a plataforma de gelo iria adentrando o continente e, entre 200 e 900 anos, essas plataformas desapareceriam, contribuindo para aumentar o nível do mar em cerca de 1,2 metros, segundo a página science@nasa. O aumento do nível do mar pode se elevar 0,44 milímetros por ano (mm/a) com essa taxa perda de gelo.

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Figura 1. Anomalias de gelo na Antártica por satélites 1979-2014 (The Cryosphere Today)

Figura 2. Cobertura de gelo na Antártica. Retângulo é a Enseada Amundsen. Linha amarela é a média esperada em abril (NSIDC)

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Esses cálculos estão corretos, pois os oceanos ocupam uma área de 361 milhões de quilômetros quadrados e 1 GT de gelo é um volume aproximado de 1 quilometro cúbico, 1 bilhão de metros cúbicos de água. Exemplificando, são necessárias 361GT por ano de água para elevar o nível dos mares de 1 mm/a. Na taxa de 0,44 mm/a, o nível do mar subiria 44mm em um século! E, para alcançar os 1,2 m, levaria 2.727 anos, mantidas constantes todas outras condições geofísicas do planeta. Mas, nesse, intervalo de tempo, o planeta já estaria mergulhado em uma nova era glacial. É impossível prever o aumento do nível do mar, pois a superfície do planeta é constituída por placas tectônicas que, quando têm o peso do gelo retirado, tendem a se soerguer como uma bola de borracha que se restabelece quando comprimida e, depois, solta, uma propriedade denominada isostasia. Há afirmações, sem nenhuma comprovação, que as águas mais aquecidas seriam causadas pelo aquecimento global antropogênico, produzido pelo aumento da concentração de gás carbônico (CO2) emitido na queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral. As observações, entretanto, indicam que as águas próximas dos polos estão mais aquecidas porque as correntes marinhas estão transportando mais calor para fora dos trópicos, um processo natural que ocorre, provavelmente, após o Ciclo Nodal Lunar ou Ciclo Saros, de 18,6 anos de duração, atingir seu máximo, como o último ocorrido em 2006/2007. Esse ciclo lunar está se deslocando para um mínimo que será atingido em 2015/2016 e espera-se que o transporte de calor em direção aos polos seja reduzido como já ocorreu no passado. Por exemplo, a revista científica Monthly Weather Review, da American Meteorological Society, trás, em sua edição de novembro de 1922, uma nota sobre o degelo do Ártico e a expedição norueguesa chefiada pelo Dr. Adolf Hoel que fez sondagens oceânicas na Corrente do Atlântico Norte até 3.100 m de profundidade e relatou que suas águas estavam mais aquecidas que o normal provocando o degelo no Ártico. O Ciclo Saros tinha atingido um máximo em 1913/1914.

Em 2012, Boening e colaboradores afirmam que o Leste da Antártica teve um ganho de massa de 390GT entre 2009-2011, o equivalente a um decréscimo de 0,32mm/a no nível dos oceanos globais. Outro estudo por Lenaerts e colegas publicado em 2013 sugere que o ganho de massa excedeu as perdas em 49GT/a entre 2003-2008. É provável que a diferença nos números reportados entre 2008 e 2011 seja devida a queda de neve acima da média que ocorreu entre 2009 e 2011. Na Figura 1, retirada da página "The Cryosphere Today", vê-se , de fato, que o gelo da Antártica tem aumentado desde que os satélites se tornaram operacionais e, na Figura 2, produzida pelo NSIDC, vê-se que a cobertura de gelo bateu um novo recorde em extensão (linha amarela) em abril de 2014. Observem o tamanho da plataforma de gelo da Enseada do Mar de Amundsen (retângulo vermelho) quando comparada com os 14 milhões de km2 do Continente Antártico (contorno pontilhado), acrescidos dos outros 15 milhões de km2 de gelo flutuante ao redor do Continente. Veja que o gelo flutuante excede a linha amarela em praticamente toda região. Em resumo, os números apresentados não são assustadores e nem novos.

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Se as 159 GT/a de gelo continuarem a derreter daqui a 200 a 900 anos, poderão provocar um aumento do nível do mar de 44 mm por século, aumento esse nem significativo nem mensurável. É dito "poderão" por conta da isostasia. A propósito, o nível do mar em Estocolmo, Suécia, está "baixando" devido ao fato que a placa tectônica regional está se elevando (ver, por exemplo, www.psmsl.org). Como a régua, que mede o nível do mar, está fixada na placa, se esta se elevar, a régua também se eleva e o nível do mar "baixa", relativamente aos níveis anteriores. Em adição, não há provas que o processo de corrosão da linha de fixação de gelo no continente seja contínuo. Quando o transporte de águas mais aquecidas pelas correntes marinhas diminuir, a linha de fixação de gelo pode avançar novamente, um equilíbrio dinâmico desconhecido da Ciência. É curioso que um artigo semelhante publicado por Conway e colegas em 1999 sobre o possível degelo da Enseada do Mar de Ross não tenha atraído a atenção da mídia na época como atualmente.

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