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Túlio Ribeiro

Economista, pós-graduado em História Contemporânea, mestre em História social e doutorando em Desenvolvimento Estratégico pela UBV de Caracas. Autor do livro A Política de Estado sobre os recursos do petróleo, o caso venezuelano (2016). Autor participante do livro A Integração da América latina: A História, Economia e Direito (2013)

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Petros não é uma criptomoeda! É mais que isso

O petros, a moeda digital venezuelana, foi lançada (19) a partir de um "blockchain" formada 50 profissionais com caráter multidisciplinar. Em 20 horas já tinha recebido 750 milhões de dólares em ofertas , alcançando 1 bilhão em dois dias. É uma fonte de aporte de ingressos, já que o país sofreu com a queda acintosa do preço do barril do petróleo entre 2015 e 2016

O petros, a moeda digital venezuelana, foi lançada (19) a partir de um "blockchain" formada 50 profissionais com caráter multidisciplinar. Em 20 horas já tinha recebido 750 milhões de dólares em ofertas , alcançando 1 bilhão em dois dias. É uma fonte de aporte de ingressos, já que o país sofreu com a queda acintosa do preço do barril do petróleo entre 2015 e 2016 (Foto: Túlio Ribeiro)
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O mundo financeiro envolto a uma conjuntura cada vez mais globalizada, trabalha com a ideia da criptomoedas como forma de fugir de qualquer regulação. As moedas virtuais escapam do poder dos bancos, governos ou de rastreamento pelos movimentos dos fundos de investimentos. Descritivamente elas são arquivos "entesourados" em mega computadores e guardados em forma de carteira digital, seja num smartphone ou eletrônicos pessoais. As operações são registradas em uma lista chamada de "blockchain", impossível a penhora ou gastar algo que não possua, permitindo ao investidor privado a livre circulação de seus montantes.

Em que pese os denodados esforços dos criadores, as criptomoedas não tem nenhum valor intrínseco, são cadeias matemáticas guardadas eletronicamente. A sua ascensão provém da aceitabilidade de pagamentos dos mercados e da convicção de inviolabilidade. Certamente a forma de armazenar as economias de uma vida é concentrar em investimentos tradicionais, atrelado ao valor real.

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Vinculados a estes fatos, em pleno furor das criptomoedas, a Venezuela inaugura a aproximação do país a este padrão. O petros, a moeda digital venezuelana, foi lançada (19/2) a partir de um "blockchain" formada 50 profissionais com caráter multidisciplinar. Em 20 horas já tinha recebido 750 milhões de dólares em ofertas , alcançando 1 bilhão em dois dias. O perfil de compra se repartiu em 36% em dólares, 15% em euro,18% em criptomoeda Ethereum e 31% em criptomoeda bitcoin. Segundo análise de representantes do Deutsche Bank, o governo pode arrecadar entre 3,3 e 4,4 bilhões de dólares, o que significaria um acréscimo de 40% nas reservas cambiais atuais do país.

Sofrendo um bloqueio internacional liderado pelos Estados unidos e União Europeia, o país caribenho suporta restrições cambiais ,creditícias e de investidores, num ambiente de sanções que atinge até pessoas sejam físicas e jurídicas com predisposição aplicar no projeto bolivariano. O governo Donald Trump bloqueia capitais,impede que instituições comprem títulos da dívida venezuelana com finalidade de impedir seu refinanciamento.

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O petros portanto, é uma fonte de aporte de ingressos, já que o país sofreu com a queda acintosa do preço do barril do petróleo entre 2015 e 2016, acompanhada da redução da produção. A questão se reporta a uma escolha estratégica da administração de Nicolás Maduro em superar a dependência ao dólar que míngua propositadamente ao comando financeiro internacional.

Entrementes se comparando a criptomoedas estabelecidas,o Petros possui características que aproxima e distanciam deste paradigma. Mirando o bitcoin, percebe-se total ausência de controle, na verdade somente atores privados negociam e armazenam. Analisando o âmbito venezuelano, mesmo que a moeda tenha livre circulação, exatamente para fugir da guerra econômica, existe o "livro branco" controlado pelo conselho financeiro e também o vinculo ao padrão das reservas petroleiras. Especificamente existe um intermediário no petros, enquanto no bitcoin uma descentralização.

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Listando os objetivos da Venezuela, deve-se aclarar sua busca por uma alternativa ao dólar, se beneficiando de uma economia digital e transparente. Promove-se então uma forma de financiamento alinhado com países emergentes em contra ponto ao sistema financeiro mundial estabelecido , controlado pelos EUA.
Neste sentido a Venezuela insere valor intrínseco a moeda virtual, pois estará atrelada ao valor do barril que experimenta um período de ascensão com o acordo da OPEP e produtores independentes. Devido possuir a maior reserva de ouro da América do Sul , o presidente Maduro já explanou a intensão de novas fases de lançamento agora atrelado a este minério. Assim, o petros possibilita investimento num projeto de valorização da " comodity" e portanto de mensuração real.

O receio estadunidense se aclara com a carta de petição protocolada por seus senadores Robert Menéndez e Marco Rubio, junto ao Departamento do Tesouro dos EUA:

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" Estamos preocupados que a criptomoeda possa fornecer à Maduro um mecanismo para fazer pagamentos a credores estrangeiros e obrigações nos Estados Unidos, ações que frustariam claramente a intenção das sanções impostas por nossa nação."

Simultaneamente a esta capitalização, existe a responsabilidade de manter-se emissões vinculadas ao padrão estabelecido, já que o lançamento deste título virtual acima da correspondente reserva pode ser compreendida pelo mercado como papéis de dívida pública, o que contaria com a predisposição deste pela inflexão do preço e uma futura derrocada do sistema. O sucesso do petros pode significar a oportunidade de uma moeda forte ao Estado venezuelano, levando até a substituição do bolívar.

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Dentro da exposição sobre o petros está a explicação que ele não é apenas uma criptomoeda! Ele é mais que isso, incorpora uma estratégia geopolítica de se afastar de uma moeda imposta por uma nação hegemônica como os Estados Unidos. Apresenta, ao lado de nações emergentes, um degrau a mais pela substituição do dólar pelo yuan ou uma cesta de moedas. Vinculado ao caso venezuelano, é a oportunidade de um país negociar investimento produtivos sem premissas estabelecidas por um tutor onipotente, elevando a liberdade e sua soberania.

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