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Tiago Barbosa

Jornalista, pós-graduado em História e Jornalismo, com passagem por jornais de Pernambuco

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Plano do governo Bolsonaro é fazer o trabalhador ficar menor que um tuíte

O horizonte é de estrangulamento da vida e da expressão do trabalhador – pago com subsalários, explorado como subumano, destratado no descanso, excluído das decisões e silenciado sob uma prisão ideológica e econômica onde existir é se sacrificar por uma realidade idealizada para representar e satisfazer apenas os ricos e poderosos; o sonho dessa elite neoliberal é encolher o trabalhador a ponto de caber em um tuíte do presidente 

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A omissão das palavras “trabalhador” e “emprego” na mensagem sofrível lida por Jair Bolsonaro em cadeia nacional, no 1º de Maio, não é desleixo verbal. É o reflexo discursivo de uma política de governo meticulosamente preparada para corroer e invisibilizar, de forma gradativa e dissimulada, o brasileiro cada vez mais acossado pelos índices indecorosos de desemprego. 
 
A crueldade da filosofia neoliberal desidrata o trabalho a conta-gotas para ocultar e manter sob a inércia da ignorância o indivíduo tangido a um futuro de indignidade. A indiferença e os cortes de direitos e benefícios se sucedem progressivamente como ações isoladas para camuflar a totalidade do projeto de reduzir a pessoa a um farrapo de cidadania. 
 
A estratégia é, aos poucos, tirar tudo para tornar o trabalhador servo de um patronato banhado de privilégios e fiador de uma perversa desigualdade social escorada na massa de explorados e miseráveis. Não sem a fabricação de uma narrativa midiática canalha pela qual o favorecimento da minoria rica ao custo da maioria pobre é vendido como conquista coletiva e a culpa pelo insucesso fruto da falta de oportunidades iguais é atribuída à incapacidade individual.
 
O neoliberalismo não quer o pobre vivo. E o congelamento do salário-mínimo é só um dos atos recentes no roteiro de expropriação da elite brasileira. O fim da política de reajustes decidida por Bolsonaro empurra os mais frágeis às raias da miséria ao esvaziar o poder real de compra e o acesso a itens básicos para sobreviver. É a indigência calculada para fabricar miseráveis apartados das áreas de consumo ocupadas pelos abastados – em nome de uma economia fantasiosa para fazer o caixa dos especuladores. 
 
O ataque à vida dos mais vulneráveis é reforçada pela abreviação da velhice a partir da aposentadoria desmilinguida prevista pela Reforma da Previdência. A tese de deixar as contas do país no azul é puro pretexto para rifar velhinhos em nome dos lucros exorbitantes dos bancos – o ancoradouro obrigatório do dinheiro nacional. A expressão sacrifício coletivo é uma fraude sonora da imprensa cartelizada para esconder o binômio fatídico à espera dos novos aposentados: suicídio ou indigência. 
 
Mas não basta amputar salário e tempo. A perversidade inclui sujeitar à exploração sob condições degradantes – serviço garantido pela Reforma Trabalhista. Carga horária flexível, intermitente e com remuneração fracionada, menos tempo para se alimentar, brecha para a terceirização ilimitada, autorização (suspensa pelo STF) ao trabalho das grávidas em situações de insalubridade são pontos de uma lista extenuante com o objetivo de esfolar o trabalhador. E nem adianta pedir socorro ao serviço público porque Bolsonaro proibiu concursos em 2020 para desinchar a máquina – leia-se: desidratar o estado. 
 
A lógica neoliberal não quer apenas o sangue e o suor do trabalhador. Impõe o silêncio e a resignação. As medidas adotadas no rastro do golpe de 2016 desnutriram os meios para contestar a exploração e melhorar as condições no mercado de trabalho. 
 
A Justiça Trabalhista se tornou mais cara e está, a toda hora, por um fio. O Ministério do Trabalho virou puxadinho do Ministério da Economia. Os sindicatos perderam espaço com a ameaça sobre a contribuição obrigatória e a prevalência do negociado diante do legislado. Duas ações em sintonia para minar o poder de representação coletiva sustentadas pelo discurso patronal de fachada contra o fim do desperdício e da corrupção sindical. 
 
O horizonte é de estrangulamento da vida e da expressão do trabalhador – pago com subsalários, explorado como subumano, destratado no descanso, excluído das decisões e silenciado sob uma prisão ideológica e econômica onde existir é se sacrificar por uma realidade idealizada para representar e satisfazer apenas os ricos e poderosos. 
 
O sonho dessa elite neoliberal é encolher o trabalhador a ponto de caber em um tuíte do presidente – e que nunca será publicado.

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