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Paulo Moreira Leite

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Plebiscito 2 – A mudança dos mutantes

Destinado a atrair a parcela mutante de senadores, que pode recusar o impeachment mas também é pressionada por eleitores a votar contra Dilma, o projeto de plebiscito pode acabar sendo o fiel da balança na decisão final, como demonstra uma entrevista do senador Acir Gurcacz (PDT-RO); hoje um dos principais defensores da ideia de que Dilma deve assumir o compromisso de defender um plebiscito sobre eleições presidenciais, em menos de seis meses, Gurgacz mudou de opinião mais de uma vez, num comportamento que ajuda a ilustrar o caráter mutante de uma parcela do plenário de senadores; hoje, Gurcacz diz: "sou contra o impeachment. Seria muito ruim para o país. Mas temos de responder, também, a questão da governabilidade"

Destinado a atrair a parcela mutante de senadores, que pode recusar o impeachment mas também é pressionada por eleitores a votar contra Dilma, o projeto de plebiscito pode acabar sendo o fiel da balança na decisão final, como demonstra uma entrevista do senador Acir Gurcacz (PDT-RO); hoje um dos principais defensores da ideia de que Dilma deve assumir o compromisso de defender um plebiscito sobre eleições presidenciais, em menos de seis meses, Gurgacz mudou de opinião mais de uma vez, num comportamento que ajuda a ilustrar o caráter mutante de uma parcela do plenário de senadores; hoje, Gurcacz diz: "sou contra o impeachment. Seria muito ruim para o país. Mas temos de responder, também, a questão da governabilidade" (Foto: Paulo Moreira Leite)
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(Este é o segundo artigo de uma série sobre a votação do impeachment pelo Senado)

 

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Membro de uma das inúmeras famílias brasileiras que deixaram o norte do Paraná para construir a vida na Amazônia, o senador Acir Gurcacz (PDT-RO) é um dos votos cobiçados no plenário de 81 votos que terá a palavra final sobre o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Nos debates cotidianos do Congresso, Gurcacz é visto como um aliado fiel de Dilma, “muito mais leal do que muitos que se dizem nossos”, afirma um assessor graduado na bancada do Partido dos Trabalhadores.

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Hoje um dos principais defensores da ideia de que Dilma deve assumir o compromisso de defender um plebiscito sobre eleições presidenciais, em menos de seis meses, Gurgacz mudou de opinião mais de uma vez, num comportamento que ajuda a ilustrar o caráter mutante de uma parcela do plenário de senadores.

Num plenário que saiu dividido da votação em 11 de maio, ele integra o grupo-alvo de senadores que aliados de Dilma precisam atrair para garantir o mínimo de 27 votos contra o impeachment. A ideia é que o plebiscito é o atalho para esse objetivo, que envolve vários tipos de dissidentes. Estamos falando dos desgarrados, como aqueles senadores que, após uma longa militância contra Lula-Dilma, foram abandonados por Temer na distribuição de cargos no ministério e também nas posições federais mais importantes em seus estados. Outro grupo é a turma do corpo-mole, de quem se esperava um voto firme contra o impeachment da chefe de um governo que nunca deixou de atender seus pleitos, na hora de votar ficou quieta em seu canto.   

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Se esta visão da matemática do plenário está correta, faltam cinco votos para Dilma retornar ao Planalto. Ou seis, para uma margem de segurança. Partindo desse ponto de vista, a equação se resume a optar entre o plebiscito ou ficar com Temer.

No final de 2015, Gurcacz  assinou um relatório sobre as contas do governo Dilma sobre o ano 2014, no qual defendeu que elas fossem aprovadas, mesmo com ressalvas. Em 11 de maio de 2016, no entanto, Gurcacz deu um voto favorável à abertura do processo de impeachment, decisão que levou ao afastamento temporário da presidente.

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No relatório favorável às contas de Dilma, documento de 243 páginas, com argumentação técnica e gráficos explicativos, o senador denuncia, na página 63, uma “quebra de princípios da igualdade e independência entre os poderes”. Lembra que não caberia ao TCU julgar um governo e muito menos fazer recomendações a deputados e senadores, pois seu trabalho é muito mais modesto: apenas emitir um “parecer prévio”, apoiado em fatos objetivos e dados técnicos, sem tentar “influenciar” a decisão dos parlamentares. Cita uma observação de Marco Aurélio Mello, ministro do STF, que já definiu o TCU como “simples órgão auxiliar da esfera opinativa”.

Lembrando que qualquer acusação de irregularidade contra a presidente da República “deve ser comprovada, e não presumida”, ele observa na página 67 um ponto essencial para qualquer debate sobre gestão econômica, com base num conceito criado pelos jornalistas, as pedaladas fiscais: “apesar de recomendar a rejeição (das contas), em nenhum momento do TCU especificou o efetivo prejuízo causado às contas públicas pela conduta presidencial”.

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O senador também acusou o tribunal de reinterpretar normas do Banco Central apenas para tentar agravar acusações, colocando-se na posição de quem se considera no direito de “julgar tudo o que considera conveniente”.

Para deixar claro o sentido político deste comportamento, no texto Gurcacz compara a atuação do TCU em nossa época ao papel assumido pela instituição durante a ditadura militar, quando era usado pelos generais como um instrumento de pressão sobre o Congresso.

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Procurando ir fundo em sua crítica, ele vai até a jurisprudência de Aliomar Baleeiro, uma das principais referências da corte, que deixou uma observação atualidade óbvia sobre gastos públicos e interesses sociais: “Num país dominado por uma elite requintada, esta exigirá do governo obras de luxo e de conforto”, escreveu Baleeiro. Mas “se as circunstâncias mudam, e as massas humildes conseguem a partilha do poder político, as despesas públicas se dirigirão para a construção de hospitais, maternidades, postos de puericultura, escolas primárias e outros serviços que de modo geral interessam ao proletariado”.

Apesar dessas palavras, em maio de 2016 Acir Gurcacz votou contra a presidente. Em conversa com o 247 neste fim de semana, ele explica: “nunca duvidei da correção das contas do governo Dilma. Mas o debate colocou, também, outra questão: a governabilidade. Não era possível ignorar isso”, diz, referindo-se à pressão de eleitores alinhados com a oposição a Dilma.

Em nome da sobrevivência eleitoral, o senador informou a Dilma que só iria votar contra a abertura do impeachment se o plenário estivesse tão dividido que seu voto teria o poder de decidir a parada para um lado ou para outro. No dia da votação, quando estava claro que a margem contra o governo seria maior, alinhou-se com a oposição.

Embora seja visto por vários senadores como um voto seguro contra o impeachment na votação definitiva, prevista para agosto, o próprio Gurcacz se recusa a revelar sua escolha. “Isso não seria sério. Queiramos ou não, vamos atuar como juízes. Não dá para antecipar a decisão, muito menos publicamente”.

Ele acredita, porém, que, assumindo o compromisso de fazer um plebiscito para uma eleição presidencial até o final do ano, Dilma consegue responder as duas questões, reunindo votos para evitar que seja cassada e, ao mesmo tempo, abrindo uma perspectiva nova para o país.

“Sou contra o impeachment”, diz o senador.” Seria o segundo caso em menos de vinte anos. Isso passaria uma imagem ruim para o país. Daria uma demonstração de fraqueza institucional que não corresponde à realidade”.

Para Acir Gurcacz, “se a economia estava mal, durante o governo Dilma, ficou ainda pior depois da chegada de Temer. Nos últimos meses, a economia estava se recuperando. Um pouco, devagar, mas se recuperando. Agora parou de vez. Fica difícil até entender o que o (ministro Henrique) Meirelles está querendo fazer”.

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