Por mais Tabatas e Sâmias
Está mais que claro o poder da informação para a opressão feminina, uma vez que ela ajuda a moldar a forma como somos retratadas em diversos períodos da história. Quantas vezes ouvimos falar de nós mulheres a partir de nossas próprias vozes?
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O governo Bolsonaro tem nos reservado dias turbulentos. Nesse cenário, a atuação das mulheres ganhou destaque nos jornais e redes sociais em todo o país. Recentemente, as deputadas Sâmia Bonfim e Tabata Amaral foram protagonistas no debate sobre educação com o ministro Ricardo Vélez. Contudo, essa atenção midiática à participação feminina é mesmo rara; na verdade, se trata de uma exceção. Isso acontece não só porque elegemos pouquíssimas mulheres, apenas 15% para a Câmara Federal. Mas também porque essa disparidade existe atrás das câmeras e nas redações dos veículos de comunicação.
Apenas 37% das cadeiras da imprensa brasileira são ocupadas por elas, mesmo que o número de mulheres jornalistas formadas seja superior ao de homens (64%), de acordo com o portal Comunique-se. Na mesma onda, apenas 26% delas trabalham em criação publicitária. Majoritariamente, o poder de comunicar ainda é deles, e isso, é claro, se reflete na representatividade feminina na mídia. Na tela da TV e nas capas de jornais são poucas as mulheres ocupando os espaços de protagonismo empresarial, político ou acadêmico. Sobram os lugares de hiperssexualização e silenciamento.
Está mais que claro o poder da informação para a opressão feminina, uma vez que ela ajuda a moldar a forma como somos retratadas em diversos períodos da história. Quantas vezes ouvimos falar de nós mulheres a partir de nossas próprias vozes? Quantas vezes a folha de papel ou o microfone estiveram nas mãos de mulheres negras, lésbicas, da periferia, pobres ou transexuais? Temos de lutar muito para dizer o mínimo.
As redes de comunicação comunitária e alternativa têm sido fundamentais para ampliar a participação das mulheres nesse sentido, e não podemos parar por aí. É preciso romper essa barreira e garantir que estaremos em todos os veículos para que Sâmias e Tabatas deixem de ser exceção nas cadeiras do Congresso e nas manchetes de jornal. O combate ao machismo passa pela democratização das comunicações, que inclui a promoção da diversidade de gênero.
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