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Marco Mondaini

Historiador e Professor da Universidade Federal de Pernambuco. Coordena e apresenta o programa Trilhas da Democracia, exibido aos domingos na TV 247.

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Por que democracia?

Depois de ter sido amenizada no decorrer dos anos 1990, a carcomida distinção entre democracia burguesa e democracia operária ressuscitou durante os quase quinze anos de governos de coalizão liderados pelo Partido dos Trabalhadores, impulsionada pela recuperação anacrônica dos conceitos marxianos de emancipação política e emancipação humana, erigidos na Questão Judaica, de 1843

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Fui ganho de maneira definitiva pelo pensamento democrático socialista por meio da leitura de dois escritos que marcaram os debates travados pelas esquerdas na passagem dos anos 1970 aos anos 1980, nos estertores da ditadura civil-militar iniciada em 1964: A democracia como valor universal, de Carlos Nelson Coutinho (1979) e Por que democracia?, de Francisco Weffort (1984).

Na verdade, já se havia passado uma década da publicação dos dois textos, quando tive a oportunidade de lê-los, nos inícios do meu curso de graduação em História no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro – mais por iniciativa própria de um estudante que procurava se aproximar do Movimento Estudantil do que por recomendação de algum professor específico, diga-se de passagem.

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À época em que foram escritos por Coutinho e Weffort, a grande preocupação de ambos dirigia-se à necessidade de polemizar com os setores das esquerdas sobre a necessidade de assumirem a democracia política como questão central para a reformulação das teses até então defendidas por dirigentes e militantes influenciados pelos dogmas do marxismo-leninismo terceiro-internacionalista.

Seja no interior do Partido Comunista Brasileiro, no caso de Carlos Nelson Coutinho, seja dentro do Partido dos Trabalhadores, no caso de Francisco Weffort, a cultura das esquerdas brasileiras ainda se encontrava impregnada pelo entendimento de que haveria uma distinção abissal entre democracia formal (uma democracia burguesa) e democracia substantiva (uma democracia operária).

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Depois de ter sido amenizada no decorrer dos anos 1990, a carcomida distinção entre democracia burguesa e democracia operária ressuscitou durante os quase quinze anos de governos de coalizão liderados pelo Partido dos Trabalhadores, impulsionada pela recuperação anacrônica dos conceitos marxianos de emancipação política e emancipação humana, erigidos na Questão Judaica, de 1843.

Observando atonitamente a conjuntura política aberta com os protestos de junho de 2013, continuada com o golpimpeachment da presidente Dilma em 2016 e, culminada na eleição e governança do fascismo bolsonarista, não tenho como não recordar o desastre teórico-conceitual causado pelas discussões sem fim sobre os limites da democracia burguesa que deveriam ser superados na direção de uma verdadeira emancipação humana.

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Não deve ser subestimado o mal causado por tais reflexões sobre uma inteira geração de estudantes e jovens militantes de esquerda que adentraram os espaços de luta política durante os anos dos governos petistas, olhando pelo retrovisor, de maneira muito longínqua, o aniquilamento completo da democracia política (e dos direitos sociais) durante os vinte e um anos da ditadura iniciada em 1964.

Infelizmente, não há tempo para um novo ciclo de reflexões teóricas direcionadas à afirmação da democracia como valor universal, pois a resposta ao por que democracia encontra-se, hoje, situada na luta política imediata.

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