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Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

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Por que é um erro virar a página da caçada sofrida por Lula

"Varrer para debaixo do tapete toneladas de sujeira e violações da lei com objetivos políticos, o lawfare, só contribui para solapar de vez o fiapo de democracia que nos resta", diz o colunista Bepe Damasco sobre a caçada judicial contra Lula. "Deve caber aos democratas a luta incessante pela punição moral e simbólica dos membros dessa rede de delinquência"

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
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Lula tem uma tarefa cívica e patriótica gigantesca pela frente. Se eleito presidente em 2022, a ele caberá liderar um projeto capaz de retirar o Brasil dos escombros, interrompendo a maior destruição verificada em toda sua história. Em paralelo, o desafio de Lula inclui fincar as bases de uma política de reconstrução da nação.

Ciente de sua imensa responsabilidade, o ex-presidente evita falar em acerto de contas com o passado, repetindo que seu velho coração de 75 anos não guarda ódio e que, em nome das grandes causas do povo brasileiro, é necessário olhar para frente e projetar o futuro. Ou seja, uma argumentação coerente com o estadista que é.

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Agora que na justiça caem um a um os processos fraudulentos contra Lula – já são 17 absolvições -, o que me preocupa é a tendência de expressiva parcela dos setores progressistas de, por puro pragmatismo eleitoral, esquecer os episódios relacionados a mais sórdida campanha de perseguição e linchamento já sofrida por um político brasileiro.

Recuar no tempo ajuda a iluminar a questão. Depois de ter sido eleito presidente da República duas vezes e deixado o cargo com 87% de aprovação popular, Lula foi decisivo para eleger e reeleger sua sucessora. Elevado à condição de estadista de primeira grandeza na cena internacional, sua obra de inclusão social e combate à pobreza eram reverenciadas pela imprensa e pelo meio político do mundo inteiro.

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Depois que Lula enfrentou e venceu um câncer, um cálculo político passou a assombrar e tirar o sono da elite: “E se após o segundo mandato de Dilma, Lula se lançar candidato de novo? Aí serão mais oito anos de PT no poder. Como fazer se no voto é impossível derrotar essa gente? Já perdemos quatro eleições consecutivas. Eureka! Só com um massacre judicial, com amplo apoio da mídia, será possível mudar esse jogo. Custe o que custar.”

Por óbvio, não prego vingança, mas penso que varrer para debaixo do tapete toneladas de sujeira e violações da lei com objetivos políticos, o lawfare, só contribui para solapar de vez o fiapo de democracia que nos resta. E até para que não ocorra outra vez é importante sempre lembrar dessa página enlameada da nossa história recente.  

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Tomando a realidade como medida de todas as coisas, fora o juiz corrupto Sérgio Moro e a gangue de procuradores da Lava Jato de Curitiba, não há como alimentar esperanças de responsabilização penal dos integrantes da ampla cadeia de personalidades e instituições que protagonizaram a sucessão de crimes cometidos contra Lula e seu partido.

Contudo, deve caber aos democratas a luta incessante pela punição moral e simbólica dos membros dessa rede de delinquência, afinal...

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Como esquecer que Lula foi impedido de disputar uma eleição como a de 2018, a qual  liderava as pesquisas com folga?

Como esquecer que essa cassação preventiva abriu caminho para os fascistas chegarem ao poder no Brasil?

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Como esquecer que Lula ficou preso por 580 dias?

Como esquecer que Lula teve negado seu pedido para comparecer ao sepultamento de seu irmão ou das humilhações sofridas para se despedir do neto que falecera aos sete anos?

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Como esquecer que a perseguição cruel e implacável à sua família provocou o agravamento do aneurisma de Dona Marisa e sua morte?

Como esquecer da cumplicidade de diversas instâncias do Judiciário, principalmente do TRF-4 e do STJ, onde Lula teve todos seus recursos negados e até suas penas aumentadas, às sentenças viciadas de Moro?

Como esquecer a tática adotada de cercar Lula por todos os lados imputando-lhe um sem número de acusações e processos, com o Ministério Público atuando em ordem unida?

Como esquecer do jornalismo de guerra do oligopólio da mídia contra Lula, liderado por Globo e Folha? Um verdadeiro massacre, na base da mentira mais calhorda. Não havia uma matéria sobre Lula que não relembrasse todos os processos e condenações envolvendo o ex-presidente.

Como esquecer que a Globo concedeu um latifúndio de espaço ao “elevador privativo que Lula mandou construir no triplex do Guarujá” e depois se calou quando o MTST invadiu o apartamento e mostrou que nunca houve obra alguma?

Como esquecer que movido por mero oportunismo político teve gente de esquerda deu corda aos processos , mesmo sabendo que as acusações, de tão inconsistentes e ridículas, não seriam aceitas pelo judiciário dos países civilizados?

Como esquecer que durante anos pudessem ter sido levadas a sério por parte considerável da sociedade as imputações contra Lula? Quer dizer então que um estadista respeitado ao redor do mundo por chefes de estado e de governo, reis, rainhas e imprensa internacional poria todo esse patrimônio a perder por conta de um moquifo no Guarujá e a porcaria de um sítio? Acreditar nisso é o mesmo que levar fé nas convicções democráticas de Bolsonaro.

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