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Arthur Virgílio Neto

Diplomata, foi deputado federal, senador, líder por duas vezes do governo Fernando Henrique Cardoso, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, líder das oposições no Senado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e três vezes prefeito da capital da Amazônia - Manaus.

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Precisamos de mulheres pensando o Brasil

Não só queremos mulheres votando, exercendo seu direito a escolher seus representantes. Queremos resgatar esse sentido de que o voto feminino vai além

(Foto: Mídia Ninja)
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No último dia 3 de novembro, o Brasil celebrou a instituição do voto feminino, após uma luta que durou quase 100 anos. Muito mais que o direito de escolher seus representantes no Legislativo e no Executivo, o voto feminino, em todo o mundo, representa a melhoria das políticas públicas para reduzir as desigualdades, principalmente aquelas que atingem as próprias mulheres, as crianças e os homens trabalhadores, com a ativa participação delas, na articulação, negociação, elaboração e aprovação de leis mais humanizadas. 

Na Europa do século XIX, o movimento sufragista feminino lutava pelo fim do trabalho escravista a que eram submetidos homens, mulheres e crianças maiores de 3 anos de idade e por melhores condições de moradia, de salários, de educação e de vida, enfim. E, em plena Londres, onde a industrialização avançava para enriquecer a economia do país, havia um apartheid real, com uma linha divisória muito nítida que separava os bairros ricos dos bairros do East End, sinônimo de pobreza, doenças, superlotação e criminalidade. 

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As mulheres sufragistas lutavam para melhorar as condições dessas pessoas e, após longa batalha, muita dor e perseguição, vitórias foram conquistadas na Europa e em alguns estados norte-americanos mais progressistas. Exemplo dessas vitórias são o voto feminino, as reduções de jornada de trabalho, a proibição do trabalho infantil, a garantia de educação a meninos e meninas e o acesso das mulheres às universidades, apenas para citar algumas delas. 

Portanto, fica claro que o voto feminino vai muito além do simples direito ao exercício democrático de escolher representantes, o que já seria grandioso, se a realidade fosse outra menos dramática. O movimento feminista vai também muito além da romântica cena de queimar sutiã em praça pública, imagem mais que celebrada na década de 1970. Exigiu delas muita força, coragem e determinação para colocar as suas condições, exigir que a parte majoritária da sociedade fosse ouvida e respeitada. 

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No Brasil, a luta das mulheres pelo direito de votar ganhou força a partir do final do século XIX, quando foi aprovada a Lei Saraiva, que permitia que todo brasileiro com título científico pudesse votar e a cientista Isabel de Souza Matos, de forma inteligente, exigiu na Justiça seu direito ao voto. Surgiram movimentos e partidos, como a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, liderada pela feminista Berta Lutz, que assim como as sufragistas da Inglaterra, lutava pela inserção da mulher no mercado de trabalho, pelo direito à educação e pela conquista do voto feminino, que só chegaria em 1932, com a primeira eleição com participação feminina em 1933. 

Atualmente, a luta é ainda maior. Não só queremos mulheres votando, exercendo seu direito a escolher seus representantes. Queremos resgatar esse sentido de que o voto feminino vai além. Queremos as mulheres participando ativamente da vida pública, seja como representantes do povo pelo voto, seja como cabeças de movimentos que reivindiquem políticas públicas eficazes para o bem-comum, ou como servidoras públicas competentes a pensar e executar essas políticas públicas. Queremos avançar à paridade de gênero, em todos os serviços públicos e, também, na vida partidária, com maior participação das mulheres na identidade de seus partidos, na conduta de suas bancadas e na disputa do voto. 

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Mais de 50% da população e do eleitorado brasileiro é formado por mulheres e as condições subumanas ainda estão aí para nos envergonhar. Precisamos delas na linha de frente dessa luta. Eu repito aqui a frase do cientista político inglês Edmund Burk: tudo que o mal precisa para prevalecer é que os bons não se manifestem. 

Precisamos, portanto, de mais mulheres na política e na administração pública. Precisamos de mais mulheres pensando o Brasil! 

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