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Sérgio Takemoto

Presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

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Privatizações descabidas: precisamos continuar vigilantes ao que é do Brasil

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Passado o primeiro turno das eleições municipais, deputados e senadores começam a retornar para Brasília e devem pressionar o Congresso e o governo para o andamento de pautas que ficaram paradas nas últimas semanas. No radar do Legislativo e do Executivo estão não só a definição do orçamento da União para 2021 e as reformas fiscal e administrativa como também a privatização de empresas públicas centenárias e essenciais à população brasileira, como é o caso da Caixa Econômica Federal e dos Correios. O argumento de “fazer caixa” com a venda destes patrimônios públicos para “salvar a economia”, como sabemos, não se sustenta.

A marca de 105 milhões de poupanças digitais abertas pela Caixa é mais uma mostra do papel social da instituição e do esforço dos empregados do banco, responsável pelo pagamento do auxílio emergencial e de outros benefícios para mais de 100 milhões de pessoas — o que equivale à metade da população brasileira. O banco também está na linha de frente da concessão de crédito para diferentes perfis de empreendedores, duramente afetados pela crise econômica provocada pela pandemia da covid-19.

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Mais do que em nenhum outro momento, a conjuntura e a relevância da Caixa Econômica para o país comprovam que o caminho não é vender este patrimônio. Ao contrário! É preciso fortalecer a estatal e melhorar ainda mais o suporte à população.

Lembremos do exemplo de 2008 e do papel decisivo dos bancos públicos brasileiros na superação daquela crise. Naquela ocasião, Caixa, Banco do Brasil e BNDES foram determinados a dar fluidez à concessão de crédito com juros diferenciados e sem entraves burocráticos.

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Contudo, na contramão da lógica, o atual governo tem se mostrado irredutível em sua agenda privatista. Não toma como lição nem mesmo o apagão que deixou a população do Amapá no escuro. O estado ainda vive o dilema de rodízio de energia elétrica. Como a empresa privada não tem capacidade de resolver o problema, quem vem tentando corrigir os erros é a Eletrobras, que o governo também insiste em privatizar.

No caso da Caixa, a intenção é fatiá-la e privatizá-la por segmentos, até que a empresa deixe de ser um banco público rentável, competitivo e a serviço dos brasileiros. A Medida Provisória 995, assinada por Bolsonaro em agosto e prorrogada para ter validade até o próximo mês de dezembro, foi editada exatamente para isso: vender a Caixa Econômica Federal aos pedaços, de forma disfarçada.

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Depois de insistir na venda da Caixa Seguradora e ter que recuar com a alegação de “atual conjuntura do mercado” e “muita volatividade”, a área econômica do governo, liderada pelo ministro Paulo Guedes, voltou a defender a privatização de partes da estatal. Desta vez, com a abertura de capital (o chamado IPO — Oferta Pública Inicial de ações, na sigla em inglês), “nos próximos seis meses”, do Banco Digital — estrutura criada para o pagamento do auxílio e do FGTS Emergencial.

A (futura) subsidiária sequer existe. Porém, a estratégia do governo é cristalina: criar e posteriormente vender este braço da Caixa para o enfraquecimento da estatal e a consequente privatização do banco público.

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Prova disso são as mais recentes declarações do presidente do banco, Pedro Guimarães, publicadas pela imprensa. Ele confirmou que deve ser enviado ao Banco Central, “ainda este mês”, o pedido de autorizações necessárias para formalizar a criação desta subsidiária e abrir o capital (IPO) do Banco Digital da Caixa. A entrega deste braço da estatal ao mercado — inclusive às bolsas internacionais — começaria já no primeiro semestre de 2021.

Ora, se o próprio presidente do banco tenta “justificar” a venda da nova subsidiária “dado o tamanho e a relevância do Banco Digital”, as perguntas que não se calam são: Então, pra que vender o que ele mesmo reconhece que é um sucesso, uma “inovação total”? Pra que vender o que é lucrativo ao país, aos cofres públicos, aos brasileiros?

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Contradições como esta deixam absolutamente evidente que o governo Bolsonaro atua por conveniência, de acordo com a direção do vento e conforme os interesses do capital financeiro nacional e internacional.

É importante lembrar que a Caixa Econômica ampliou o programa de inclusão bancária em 2012, com as contas “Caixa Aqui”, ratificando o papel público e relevante do banco para o Brasil.  Não se pode permitir, portanto, que todo esse investimento seja entregue à iniciativa privada, como quer o governo e rejeitam os brasileiros.

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Pesquisa realizada pela revista Exame, em parceria com o Ideia — instituto especializado em opinião pública — apontou que 49% dos entrevistados disseram ser contra a privatização da Caixa, enquanto 22% se declararam a favor, 19% ficaram neutros e 9% não souberam opinar. O levantamento, divulgado no último dia 10 de setembro, foi feito com 1.235 pessoas, por telefone, em todas as regiões do país, entre os dias 24 e 31 de agosto.

Em outra pesquisa, desta vez realizada pela revista Fórum entre os dias 14 e 17 de julho, 60,6% dos participantes se posicionaram contrários à privatização do banco público. A revista ouviu a opinião de mil brasileiros sobre a venda de estatais. A empresa que teve a maior rejeição social à privatização foi a Caixa Econômica Federal.

No Supremo Tribunal Federal (STF), tramitam três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) contra a venda da Caixa, da Petrobras e de outras estatais imprescindíveis à nação. Uma das ADIs foi ajuizada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Outras duas também questionam a venda do banco público e a MP 995.

Um total de 412 emendas de deputados e senadores foram apresentadas à medida provisória; mais de uma dezena delas, sugeridas pela Fenae. Além disso, 286 parlamentares e entidades da sociedade civil assinam Manifesto da Federação contra a MP 995 e a privatização da Caixa.

Principal operadora e financiadora de políticas públicas sociais, a Caixa Econômica Federal também é geradora de emprego, renda e desenvolvimento. A estatal oferece as menores taxas para a compra da casa própria e facilita o acesso a benefícios diversos para os trabalhadores, taxas acessíveis às parcelas mais carentes da população e recursos para o Financiamento Estudantil (Fies), entre outros.

Além das agências, lotéricas e correspondentes bancários espalhados por todo o país, o banco é o único que chega aos locais mais remotos por meio de unidades-caminhão e agências-barco.

Cerca de 70% do crédito habitacional é feito pela Caixa Econômica e 90% dos financiamentos para pessoas de baixa renda estão na Caixa. Além de moradias populares — como as do programa Minha Casa Minha Vida — o banco público também investe na agricultura familiar e nas micro e pequenas empresas.

A crise tem mostrado — inclusive aos que defendem o Estado mínimo e as privatizações — a importância do setor público especialmente nesta pandemia, a exemplo da Caixa, dos outros bancos públicos e do Sistema Único de Saúde. Acreditamos que a sociedade continuará pressionando o governo e o Congresso a não entregarem, para a iniciativa privada, nem a Caixa nem o SUS nem qualquer outro patrimônio que é do Brasil, que é dos brasileiros.

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