PT segue favorito após definição das coligações

Com as definições das coligações, no último domingo (5), o Partido dos Trabalhadores (PT) se consolidou como um dos favoritos na disputa presidencial, independente do cenário jurídico ou político. O PT lançou uma chapa coerente com sua história e, sobretudo, viável eleitoralmente, independente de decisões judiciais e prováveis golpes supervenientes. A decisão acertada do partido e seus aliados deixou 3 peças importantes no tabuleiro, com a maleabilidade necessária para se manter à frente nas pesquisas, a dois meses para o início do pleito. Do outro lado, Alckmin e Bolsonaro devem se desgastar mutuamente, para disputar a preferência do eleitor de direita e, quem sabe, um lugar em um eventual segundo turno.

Ao lançar Haddad como vice de Lula, como um escudo para golpes vindouros, e ao se coligar com o aliado histórico, PCdoB, ganhando também a possibilidade de utilização da excelente Manu Dávila na chapa, o PT deu um banho de água fria em três tipos de detratores do partido. Os que acreditavam que o PT abriria mão de seu grande líder, sequestrado pelo estado, e líder em todas as pesquisas. Os que acreditavam que o PT não disputaria as eleições em caso de decisão desfavorável na Justiça Eleitoral. E, finalmente, naqueles que apostavam que o PT, "isolado", estaria morto nas eleições, se insistisse em ser cabeça de chapa.

A tríade petista decidirá as eleições da seguinte forma: caso Lula possa ser candidato, através de uma decisão favorável nos tribunais, a vitória virá certamente no primeiro turno. Não existe mais o que a direita possa fazer para derrubá-lo do topo absoluto da preferência do brasileiro. Caso ocorra a provável decisão desfavorável, em mais uma chancela do golpe, a chapa Haddad e Manu, com o segundo maior tempo na TV e uma cota considerável do fundo partidário, não encontrará dificuldade em manter a hegemonia no campo progressista e ir liderando, ao segundo turno.

Do outro lado, Alckmin flertou com a extrema-direita, ao convidar para vice Ana Amélia, a Senadora do PP que comemora chicotada em militante, visando ganhar alguns votos do Bolsonaro. Com 50 vezes mais tempo de TV que o candidato do PSL, o tucano pode desbancá-lo da preferência dos eleitores da direita, se credenciando, ainda que debilmente, a um segundo turno. Bolsonaro, por sua vez, isolado politicamente e com apenas 9 segundos a cada 3 dias na TV, precisará se desdobrar para não despencar nas pesquisas, tal como fez Marina Silva em 2014.

Ao que tudo indica, as eleições devem ser decididas pela sétima vez consecutiva por tucanos e petistas. Neste caso, entretanto, não há como negar um ligeiro favoritismo da chapa de esquerda, que, de acordo com as últimas pesquisas, tem mais de 30% de frente sobre o rival. Mas todo prognóstico precisa ser cauteloso em um país em estado de golpe, com a democracia sequestrada e com as próprias urnas ameaçadas por diversas vezes. O jogo não permite mais erros.