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Reginaldo Lopes

Economista e deputado federal pelo PT/MG

94 artigos

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Punhos fechados ou mãos estendidas

O governo de Minas Gerais lançou uma campanha que institucionaliza o discurso por mais diálogo e paz. Em tempos como esses, onde eclode o avanço de posições ultraconservadoras, abertamente preconceituosas, xenófobas e machistas, os democratas de verdade precisam dar o exemplo

O governo de Minas Gerais lançou uma campanha que institucionaliza o discurso por mais diálogo e paz. Em tempos como esses, onde eclode o avanço de posições ultraconservadoras, abertamente preconceituosas, xenófobas e machistas, os democratas de verdade precisam dar o exemplo (Foto: Reginaldo Lopes)
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O governo de Minas Gerais lançou uma campanha que institucionaliza o discurso por mais diálogo e paz. Não são apenas palavras bonitas e não se trata de uma demagogia barata. Em tempos como esses, onde eclode o avanço de posições ultraconservadoras, abertamente preconceituosas, xenófobas e machistas, os democratas de verdade precisam dar o exemplo. Na política global, o desrespeito à soberania dos países e as “guerras santas” causadas pela intolerância religiosa não são exclusividade do oriente.

Na Alemanha, pela primeira vez desde a ascensão de Hitler, a extrema direita não conquistava destaque no parlamento. Nos EUA, os racistas e supremacistas brancos têm em Trump seu representante. Além disso, o presidente norte-americano, bélico e arrogante, encarna a política isolacionista, truculenta e ultrapassada de erguer muros ao invés de construir pontes. Na França, a extrema direita e seu discurso de ódio, embora repaginado em marketing, chegou em segundo lugar nas eleições. É a mesma posição que ela hoje ocupa no Brasil, a julgar pelas pesquisas eleitorais, onde o deputado federal Jair Bolsonaro só está abaixo de Lula.

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Todos os governos são responsáveis por, além de promover na prática, transmitir uma mensagem de paz e de respeito a todos. Enquanto uns oferecem um punho fechado, outros estendem uma mão aberta. Diante de tanto ódio, é preciso marcar posição pela democracia; institucionalizar a cultura do respeito ao próximo, algo não socialista, como acusam os intolerantes, mas cristão, humano.  Nesse ponto, Minas faz sua parte. Com a vocação democrática e o apreço pela liberdade, demonstrado historicamente, o estado não poderia se furtar a esse debate.

Debate que não pode, de maneira alguma, estar restrito as análises da geopolítica global e da conjuntura eleitoral brasileira. Qualquer ação por uma cultura de paz deve incentivar e promover o diálogo não apenas nas relações políticas, mas em todas as relações humanas.

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Na última semana, o Brasil se consternou com o ocorrido na cidade mineira de Janaúba. Uma tragédia capaz de abalar a fé na própria humanidade. Já a morte do reitor da UFSC, Luiz Cancellier, levado ao suicídio pela maneira desmoralizante, arbitrária e violenta que a Operação Lava-Jato conduziu a investigação contra ele, evidencia o estado de exceção em um país que tem grande parte dos presos em regime de prisão preventiva. A parcela mais pobre da população, em especial a de pele negra, conhece de perto a injustiça, a falta de oportunidade, o preconceito e até mesmo o extermínio mais do que qualquer outra.

No Brasil de hoje, movimentos que se dizem liberais atuam de maneira inquisitória e chegam a atentar- vejam só a ironia- até mesmo contra a propriedade privada. Enquanto isso, militantes conservadores nas redes sociais se orgulham de “oprimir” minorias e conjugam o verbo como se fosse uma qualidade. Enquanto a Lava-Jato lança filme intitulado “A Lei é Para Todos”, a operação deve acabar sem nenhum tucano preso. Uma considerável parcela da sociedade diz não haver uma cultura machista predominante e naturaliza o fato de terem ejaculado em uma mulher em um transporte público. O fato não foi isolado; apenas exemplifica bem o assédio, a violência e os abusos que as mulheres sofrem diariamente no Brasil. Em pleno século XXI, a discussão de uma “cura gay” é outro absurdo.

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Muitos dos nossos problemas são explicados por questões estruturais da formação do próprio Estado brasileiro, mas também pelo momento histórico em que vivemos. A correlação de tragédias e atrocidades que se expandiram de forma assustadora no Brasil, e o aprofundamento de problemas estruturais, têm relação direta também com a dilaceração das instituições políticas e jurídicas do país.

A ruptura política do golpe quebrou o pacto social e enterrou de vez a confiabilidade de nossas instituições perante a opinião pública. Quando esse pacto social, esboçado por Rosseau, é quebrado, avizinha-se a barbárie. Os desejos mais violentos e inconsequentes de um cidadão são contidos pela existência de instituições fortes e de um ordenamento central de respeito e legítimo, o que não é, nem de longe, o caso.

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Considerando isso, o caminho não é mais intolerância ou o fim definitivo da democracia, como pregou abertamente o general Mourão, sem receber as devidas represálias. O caminho é lutar contra as injustiças e não abrir mão de construir uma cultura de paz, com mais diálogo, e mais respeito a todos os cidadãos.

 

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