Quem quer dar golpe não avisa

Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia 

Em mais um de seus acessos de fúria, ou seu dia de Hitler, na portaria do Alvorada, em frente à sua claque de bolsonaristas amestrados, Bolsonaro vociferou a plenos pulmões mais uma frase que vai entrar para a antologia de suas ameaças chulas e estúpidas:

“Acabou, porra”!

Num tom um pouco menos ruidoso declarou:

“Estou com as armas da democracia nas mãos”!

Se é assim, ótimo! A arma da democracia é a constituição, e se ele está com a constituição nas mãos deveria aproveitar para lê-la e parar de fazer tudo o que ela impede um presidente de fazer.

Quando ouvi o “acabou, porra” (parecido, aliás, com o “foda-se” do general Heleno, outro frasista elegante, só que endereçado ao Congresso) pensei que ele estava anunciando sua renúncia. E que tinha acabado o seu governo. Dei graças a Deus!

Só depois entendi que o berro era uma ameaça ao STF: ou os ministros fazem como ele deseja ou sabe-se lá o que vai acontecer, ele põe pra quebrar, chama os tanques...

Ele até pode sonhar com isso, mas as Forças Armadas não vão optar por um lado na contenda entre dois Poderes desarmados.

Esse “acabou, porra”, além de ser uma prensa no Poder Judiciário, o que a constituição coíbe, é mais uma ameaça de golpe no ar, mas não passa disso.

Quem quer dar golpe, não avisa.