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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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Quanto a classe média aguenta antes de gritar?

Sempre tive curiosidade de saber qual a elasticidade da cloaca da classe média brasileira, diante do arrocho e da opressão. E concluí que ela é tão ou mais dilatada que a dos miseráveis que se amontoam na base da pirâmide social

Desemprego fica em 7,6% em janeiro (Foto: Celso Raeder)
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Sempre tive curiosidade de saber qual a elasticidade da cloaca da classe média brasileira, diante do arrocho e da opressão. E concluí que ela é tão ou mais dilatada que a dos miseráveis que se amontoam na base da pirâmide social. Profissionais liberais, estudantes universitários, comerciantes, funcionários públicos, aposentados, toda essa gente qualificada como formadora de opinião, calada, dócil, sendo tocada para o abismo por um presidente rejeitado por quase 80% da população. É isso que me intriga: como um déspota sem votos, impopular, sem usar o recurso das armas, consegue subjugar um país inteiro às suas vilanias?

Todas as medidas econômicas adotadas pelo governo vão na direção do desemprego. Se não existe trabalho para os jovens, que dirá para idosos que terão de se virar para contribuir com a Previdência até morrer. Não circula dinheiro numa ponta nem na outra da força laboral. O capital fica concentrado nas mãos dos banqueiros, dos industriais exploradores de mão de obra e dos especuladores internacionais. Nenhum emprego foi criado por este governo, desde que apeou a presidente Dilma do poder. Nem mesmo o tal "choque de credibilidade", argumento do ministro Henrique Meirelles para atrair investimentos externos funcionou. Certamente por não haver credibilidade alguma nesse governo.

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A roda da prosperidade gira pela engrenagem da competitividade do setor produtivo. Ao invés de azeitar essa máquina, o governo joga água salgada para enferrujar todo o sistema, tirando dinheiro da educação, da saúde e da assistência social pelos próximos 20 anos. Só sendo muito incompetente ou mau-caráter para propor a correção do orçamento pelo índice de inflação, sem considerar o crescimento demográfico para os próximos 20 anos, quando teremos mais 15 milhões de novos brasileiros.

Bem antes da aprovação em primeiro turno dessa malfadada PEC 241, propus um reordenamento geopolítico no país, extinguindo 4.238 cargos de prefeitos e vice-prefeitos, 19.971 secretários municipais e quase duzentas mil pessoas nomeadas em cargos comissionados, números que dobram se incluirmos as câmaras municipais, seus vereadores e staff, espalhados em 2.119 cidades brasileiras com população inferior a oito mil gatos pingados. É isso mesmo que você está lendo. Gastamos bilhões de reais na manutenção de uma máquina administrativa forjada para abrigar grupelhos partidários, em cidades cujo número de pessoas cabe dentro de um condomínio. Mas qual deputado ou senador votará pelo fim do emprego dos seus pequenos cabos eleitorais?

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Que falta está fazendo um Barbosa Lima Sobrinho no comando da Associação Brasileira de Imprensa. Quando a OAB terá novamente uma liderança do calibre de Mário Duarte Garcia, que mobilizou a categoria para apoiar o movimento Diretas Já, em 1984? Por que a CNBB se cala diante de uma PEC que penaliza os humildes? Quem vai levar a UNE para o lugar que historicamente lhe pertence, que é rua? Hoje, as convocações para a luta prescindem da figura de uma liderança política. Não temos um Leonel Brizola, um Miguel Arraes, sequer um doido varrido como o Jânio Quadros para agitar as multidões. As manifestações são convocadas agora pelo Facebook, em páginas criadas por entidades sem rosto.

Vivemos na sociedade dos medíocres. Não existe no país um único político com força e representação para enfrentar esse verdadeiro assalto que se comete contra a sociedade brasileira. Está faltando o gato para acabar com essa festa de ratos no Brasil. E antes que a direita fique assanhada, vou logo dizendo: Jair Bolsonaro não é nem de longe a liderança que o país precisa. O militar-deputado é só mais um oportunista, dentre tantos que surgem em momentos de fragilidade democrática.

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Michel Temer só se mantém no poder por força de um estratagema orquestrado pela elite brasileira. Enquanto eles dilapidam o patrimônio nacional, anulam direitos trabalhistas, desmontam políticas sociais que permitiam a ascensão social através da educação, nos dividimos ao entrar num jogo de provocações ideológicas, alimentado pela mídia e até mesmo pelo Poder Judiciário, na medida em que as investigações de corrupção avançam apenas para um lado da moeda.

A PEC 241 tem tudo para ser o marco da virada desse jogo. Ou a sociedade vai para as ruas, ou assina a sentença de morte dos seus direitos civis. Covardes do jeito que são, governo e congressistas recuarão. Mas é nessa hora que devemos avançar. E só sair das ruas quando Michel Temer renunciar, e que se estabeleçam novas eleições para presidente, deputados e senadores no começo de 2017. E vamos esquecer de vez essa babaquice de vermelho X verde e amarelo, porque nós somos mesmo é brasileiro.

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