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Carlos Giannazi

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Quem lembrar e quem esquecer

Hoje, quase 50 anos depois, há ainda quem cultive a ideologia tacanha da ditadura militar e tente condenar ao anonimato aqueles que deram suas vidas para defender a liberdade, a democracia e a justiça social. Refiro-me ao secretário do Meio Ambiente de Alckmin, o fascista Ricardo Salles, que mandou retirar o busto de Carlos Lamarca do Parque Estadual do Rio Turvo

Hoje, quase 50 anos depois, há ainda quem cultive a ideologia tacanha da ditadura militar e tente condenar ao anonimato aqueles que deram suas vidas para defender a liberdade, a democracia e a justiça social. Refiro-me ao secretário do Meio Ambiente de Alckmin, o fascista Ricardo Salles, que mandou retirar o busto de Carlos Lamarca do Parque Estadual do Rio Turvo (Foto: Carlos Giannazi)
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Em 22 de setembro de 1971, depois de coberta uma sepultura sem nome no Campo Santo de Salvador, o diretor da Censura Federal enviou um comunicado a todos os meios de comunicação: "Por determinação do presidente da República, qualquer publicação sobre Carlos Lamarca fica encerrada a partir da presente, em todo o país. Esclareço que qualquer referência favorecerá a criação do mito ou deturpação, propiciando imagem de mártir que prejudicará interesses da segurança nacional".

Hoje, quase 50 anos depois, há ainda quem cultive a ideologia tacanha da ditadura militar e tente condenar ao anonimato aqueles que deram suas vidas para defender a liberdade, a democracia e a justiça social. Refiro-me ao secretário do Meio Ambiente de Alckmin, o fascista Ricardo Salles, que mandou retirar o busto de Carlos Lamarca do Parque Estadual do Rio Turvo, onde se encontrava, no município de Cajataí, no Vale do Ribeira. Naquela região, Lamarca e mais 14 companheiros (de um total de 16) conseguiram escapar da maior mobilização já feita pelo 2º Exército, um cerco formado por 2,5 mil soldados, helicópteros e até um avião B-26 da FAB, que lançava bombas de Napalm em áreas que eles consideravam suspeitas.

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Fundador do Endireita Brasil, Salles comete um crime contra o patrimônio cultural quando determina a retirada do busto e do painel com fotos e informações sobre o comandante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Além de destruir a homenagem, feita com todas as formalidades legais, o capricho do secretário também reduz o potencial turístico do parque, já que oculta um importante atrativo histórico.

Salles, que foi indicado pelo PP para ocupar a secretaria e até onde se sabe, nunca se importou realmente com parques, nem mesmo com meio ambiente. Ele é investigado pelo Ministério Público por modificar o plano de manejo da APA Várzea do Rio Tietê para beneficiar setores econômicos. Por isso tenta desqualificar o MP, como fez recentemente numa audiência pública sobre saneamento básico em Ilhabela.

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Agora nosso mandato ingressou com representação ao procurador-geral para que Salles seja investigado também pela destruição do patrimônio histórico e cultural, pois sabemos que para instalação, remoção ou mesmo transferência de obras de arte de documentos públicos e históricos é necessário um processo adequado e fundamentado.

Alguém pode argumentar que nem todo monumento histórico deve ser preservado e citar, por exemplo, a legitimidade da derrubada das estátuas e símbolos confederados, nos Estados Unidos. Só que essas imagens remetem a um orgulho racista que persiste ainda hoje, por isso são nocivas. E também por aqui temos marcas que deveriam ser apagadas. São homenagens a torturadores da ditadura militar, generais que criaram um regime de exceção que matou milhares de pessoas, principalmente após o AI-5, que fechou todas as possibilidades de participação da população no processo político.

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Não é esse o caso da Calos Lamarca. Ele foi um capitão do Exército que não concordou com o golpe militar e com o governo sanguinário que fez da tortura uma política do Estado. E um de seus principais feitos foi exatamente livrar da tortura, talvez da morte, 70 companheiros, presos políticos que foram trocados em 1970 pela liberdade do embaixador suíço Giovanni Bucher.

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