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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Querem vender o resto do Brasil

Decididos a matar dois coelhos de uma só cajadada, sem importar-se com os efeitos danosos da sua campanha, os barões da imprensa estão empenhados em conseguir, ao mesmo tempo, derrubar Dilma e impedir Lula de voltar

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A grande mídia brasileira, monopolizada por quatro famílias e atuando de forma coordenada – até as manchetes em muitos casos são iguais – conseguiu, de uma só tacada, um feito até então impensável: amedrontou os três poderes da República, que são mantidos acuados; produziu uma grave crise política e econômica, com incalculáveis prejuízos ao país; e criou um clima de ódio e intolerância de consequências imprevisíveis, com milhares de pessoas robotizadas pelo veneno que destila todos os dias. Decididos a matar dois coelhos de uma só cajadada, sem importar-se com os efeitos danosos da sua campanha, os barões da imprensa estão empenhados em conseguir, ao mesmo tempo, derrubar a presidenta Dilma Rousseff e impedir o ex-presidente Lula de voltar ao Palácio do Planalto em 2018. E contam para isso com a decisiva participação das operações Zelotes e Lava-Jato, criadas teoricamente para combater a corrupção mas que se tornaram operações políticas como parte do projeto de banimento do ex-presidente operário da vida pública.

A inércia das principais autoridades dos três poderes, que pode sugerir indiferença à atuação dos investigadores – apesar das críticas contundentes de juristas e outras personalidades de destaque da vida nacional – na verdade parece indicar um temor de se tornarem alvo dos ataques da mídia caso contrariem os métodos e os enfoques adotados pelas duas operações. Na hipótese, por exemplo, do governo, através do Ministério da Justiça, colocar um freio nos abusos da Policia Federal, tudo leva a crer que a manchete dos jornalões no dia seguinte seria: "Dilma tenta impedir PF de investigar Lula". Se a medida para conter a fúria dos investigadores partisse do Supremo Tribunal Federal, a manchetona da grande mídia seria: "Ministros nomeados por Lula querem barrar as investigações". Quanto ao Legislativo, parece muito difícil alguma iniciativa, porque o Parlamento está prenhe de parlamentares sob investigação. Ou seja, todos parecem estar com medo da grande mídia. Resultado, o país está à mercê dos barões da imprensa e do juiz Sergio Moro que, de Curitiba, parece mandar na Justiça de todo o Brasil.

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Nesse quadro, que privilegia a oposição, em especial os tucanos – blindados tanto pela mídia quanto pelos investigadores da Lava-Jato e Zelotes – os entreguistas já se mobilizam para, aproveitando a fragilidade do governo, dar continuidade ao programa de privatizações de FHC, entregando ao capital estrangeiro o que sobrou das estatais brasileiras após a fúria privatizacionista da administração do PSDB. O senador tucano Tasso Jereissati já apresentou ao Congresso proposta que privatiza as 140 estatais restantes, inclusive a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica, fazendo lembrar o que disse o saudoso Itamar Franco sobre o período de desmonte do nosso patrimônio: "Vão acabar deixando só o mastro da bandeira". Pelo visto eles decidiram não mais esperar por um agora remoto impeachment, para a conquista do poder, antecipando uma nova onda de privatizações enquanto Lula está sob fogo cerrado, antes que ele consiga se recuperar e dificulte a iniciativa impatriótica. Isso explica, entre outras coisas, o aperto no cerco ao ex-presidente operário que, segundo o ministro Eduardo Cardozo (que parece viver em outro planeta) não está sendo investigado, embora tenha virado alvo de uma ação específica da PF em Atibaia, autorizada pelo juiz Moro. Tudo porque Lula, quando no Planalto, impediu a ação dos entreguistas.

Antes de Jereissati, outro senador tucano, José Serra, já havia apresentado proposta abrindo o pré-sal para as empresas estrangeiras, sonho dos grandes grupos econômicos petrolíferos mundiais. Agora devem todos, inclusive o presidente do partido, Aécio Neves, se unirem em torno do projeto do senador cearense, que parece já contar também com o apoio dos demais oposicionistas e, inclusive, de peemedebistas ligados ao governo. O que impressiona é que quando esse pessoal se candidatou e foi eleito imaginava-se, sobretudo os seus eleitores, que eles iriam defender no Congresso os interesses do povo e da Nação, conforme, aliás, seus manjados discursos. Constata-se agora, infelizmente, que eles se elegeram para defender os seus próprios interesses e os interesses do capital estrangeiro, contrários, portanto, aos interesses do povo brasileiro. Diante disso, não é difícil concluir que se esse pessoal chegar a conquistar a Presidência da República vai entregar ao estrangeiro até o mastro da bandeira.

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A esta altura, com a proposta de Jereissati, ninguém mais tem dúvidas de que todo esse circo armado no início do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, para a eliminação de Lula da vida pública e a conquista do poder, sempre teve como meta principal a retomada do programa privatizacionista de FHC, que foi elaborado no exterior e imposto pelo FMI. Por sua posição de entreguista e de subserviência aos Estados Unidos, conforme ficou claro em sua "Teoria da Dependência" – teoria intitulada "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", escrita em parceria com o economista chileno Enzo Faletto em que defende a tese de que os países emergentes deveriam desenvolver-se mantendo-se dependentes de países ricos – FHC ampliou as simpatias dos americanos, que o ajudaram a reeleger-se. Quem conta é o jornalista americano Greg Palast, no livro "A Melhor Democracia que o Dinheiro pode Comprar". Segundo ele, foi o secretário do Tesouro americano, Robert Rubin, quem de fato governou o Brasil como presidente, sem precisar perder uma festa em Manhattan. "Foi esse o preço que Cardoso pagou pelos serviços de Rubin na campanha eleitoral – disse Palast – pois foi o secretário do Tesouro, junto com o FMI, quem manteve a moeda brasileira em alta".

Na verdade, todos sabem que as privatizações não produziram nenhum benefício ao país e seu povo. Muito pelo contrário, além de ter dilapidado o patrimônio nacional duramente construído ao longo do tempo, FHC não prestou contas do dinheiro arrecadado com os leilões, causou prejuízos incalculáveis ao país, provocou um rombo nas reservas e promoveu demissões em massa para entregar as empresas livres de despesas aos compradores. O senador Tasso Jereissati que, junto com seu colega José Serra, fez parte do governo FHC, quer agora concluir a venda do resto do país, iniciada pelo ex-presidente tucano, para atender à cobrança dos patrões. E se conseguir o seu intento, caso os brasileiros não reajam a mais essa tentativa de destruir a Nação, as 140 estatais restantes, que totalizam um patrimônio de cerca de R$ 4,5 trilhões, poderão passar a mãos estrangeiras, uma ameaça ao emprego de mais de 500 mil trabalhadores. Vale lembrar o que escreveu o jornalista Mauro Santayanna no "Correio Braziliense", na época do governo FHC e que continua muito atual: "Eles não agem como brasileiros, porque pouco lhes interessa a miséria, a fome e a morte de nossa gente".

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