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Dimas Roque

Jornalista

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Quero meu São João de volta

Não é de hoje que as festividades juninas foram invadidas por rítmos que não o forró autêntico. Nós precisamos inovar, sem acabar com a tradição do rítmo do forró

(Foto: Mateus Pereira/GOVBA)
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Não é de hoje que as festividades juninas foram invadidas por rítmos que não o forró autêntico. E não falo daquele Pé de Serra com um zabumbeiro, um triangueiro e um sanfoneiro, muito bem representado pelo Trio Nordestino e a Fulô de Mandacaru, que já não tem espaços em muitas cidades nordestinas invadidas por artistas que mais parecem ETs (Extras Terrestre) em um mundo de diversão.

Desde que o pernambucano Jorge de Altinho, nos anos 80, eletrizou o forró acrescendo a Banda, um contrabaixo, uma guitarra e uma bateria, dando ao rítmo uma nova mistura que já se percebia, algo novo estava acontecendo no forró. No primeiro momento aquele novo gingado com uma batida mais acelerada, contagiou a juventude universitária e encheu salões e praças de eventos.

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Naqueles dias, o rei do baião, Luís Gonzaga, já demonstrava não estar gostando dessas mudanças. Com sua experiência, o Velho Lula, antevia essa mistura que hoje está acontecendo.

Na Bahia, o Chiclete com Banana foi uma das primeiras bandas de Axé a perceber o filão existente e gravar discos com a temática voltada para as festividades juninas. Foi o momento do forroxé com, “no lume da fogueira, de uma noite de forró, pé e chão, chão e pó, se amam como as estrelas, no azul do arrebol paixão, acesa como a luz do sol”. Começa ali a ocupação dos espaços das bandas e artistas tradicionais do forró por outros de maior visibilidade.

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Com a entrada em cena do forró eletrizado produzido no Ceará, com bandas como a Mastruz Com Leite e depois em Sergipe com Calcinha Preta, estava definitivamente consolidada a mudança dos estilos musicais e a festividade junina no Nordeste do Brasil deixou de ser um atrativo para se tonar mero coadjuvante do espetáculo.

Cidades como Campina Grande na Paraíba e Caruaru em Pernambuco deram a sua contribuição para este movimento do fim de um rítmo autêntico e a ocupação do espaço por artistas de outras partes do país.

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Mas a mudança foi mais sentida após o surgimento da Banda Brasas do Forró com seu “vaneirão” importado do sul do Brasil. Eles misturaram o forró com o vanerão, música típica do Rio Grande do Sul, e também muito presente na tradição do Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Tinham em Toca do Vale, um dos primeiros cantores, o maior representante no Nordeste. De voz e estilo inconfundíveis, caíram no gosto popular e foram copiados por outras bandas e artistas. Aviões do Forró, Caviar com Rapadura e tantas outras, copiaram a fórmula e se deram bem por um longo período.

Nos dias atuais, Xand Aviões e Wesley Safadão são produtos que foram germinados na entressafra entre o vanerão e a “sofrência” de Marilia Mendonça, as ex-coleguinhas, hoje Simone e Simaria e as gêmeas Maiara e Maraísa.

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Para completar a invasão de rítmos durante as festas juninas, este ano artistas como Gustavo Lima, Jorge e Matheus, DJ Alok, Léo Santana, Amado Batista, Márcia Felipe, Jonas Esticado estiveram presentes e participando dos arraiás das cidades. Teve sofrência, batidão, música eletrônica, Axé, brega e até um pouco de forró. Sobrou animação, faltou tradição.

Alguém avisa aos administradores municipais que não basta ter praças repletas de gente para ver artistas famosos. Nós precisamos inovar, sem acabar com a tradição do rítmo do forró. Há que se ter responsabilidade para não deixarmos para o futuro sons descartáveis.

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Não podemos abrir mão de uma fogueira acessa na porta de casa, de fogos estourando na porta do vizinho, do milho assado na brasa, da roupa de matuto na noite de São João, da quadrilha tradicional e do quentão, para aqueles que bebem, durante todo o mês de junho.

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