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Luciana Oliveira

Jornalista de Porto Velho, Rondônia, e membro da Comissão Nacional de Blogueiros

258 artigos

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Rede de robôs prejudica trabalho da imprensa sobre queimadas na Amazônia

A rede de robôs que distribui a narrativa do governo sobre a catástrofe ambiental na Amazônia tem promovido hostilidade aos jornalistas estrangeiros

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Em Santo Antônio do Matupi, distrito de Manicoré no sul do Amazonas só há um posto telefônico que fica aberto em horário comercial. O acesso à internet é um engodo, funciona eventualmente e quem consegue sinal usa para ler mensagens de WhatsApp.

A dificuldade de comunicação é um obstáculo ao trabalho dos jornalistas, sobretudo estrangeiros, que cobrem as queimadas nesta região da Transamazônica (BR 230) onde há muitos focos de incêndio.

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Ao contrário do que ocorre com a floresta, a notícia ‘quente’ apaga rapidamente com a demora no envio.

O quilômetro 180 como também é chamado, é passagem obrigatória a quem vai a Apuí, um dos três municípios em que Jair Bolsonaro venceu as eleições em primeiro e segundo turnos e onde o fogo mais se alastra.

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Até lá são 213 quilômetros e a precariedade do acesso à internet é a mesma.

Mas, o maior desafio que os jornalistas enfrentam não é a quase total incomunicabilidade.

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A rede de robôs que distribui a narrativa do governo sobre a catástrofe ambiental na Amazônia tem promovido hostilidade aos jornalistas estrangeiros.

A Agência Pública divulgou levantamento sobre “hashtags contra ONGs na Amazônia e a favor de Salles”.

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Leia aqui: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/30/politica/1567126442_178150.html

Pela segurança dos jornalistas não é adequado divulgar as publicações de grupos em que são citados com ironia, raiva ou desprezo.

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Reproduzem a mentalidade de Bolsonaro.

Ninguém me contou, vi manifestações nervosas com a presença da imprensa.

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“Esses jornalistas têm que defender a floresta deles”, disse um homem de meia idade.

O mesmo tratamento constrangedor é dado a membros de organizações não governamentais (ONGs) que desenvolvem diversos trabalhos de proteção ao meio ambiente.

“Essas ONGs só querem dinheiro. O presidente cortou e por isso estão com esse sensacionalismo todo. Elas que colocaram fogo para prejudicar o governo”, disse o homem que observei em silêncio, de longe.

A ação da rede de robôs que espalham dados falsos dos grupos bolsonaristas resulta em agressividade e medo.

Os que acham que as declarações de Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, contribuíram com o aumento dos desmatamentos e queimadas na Amazônia, e são poucos, não querem dar entrevistas por medo.

Os que têm interesse em amplificar a narrativa do governo, e são muitos, mostram a cara para estimular hostilidade a imprensa e ONGs.

“Só encontrei quem concordasse com o que Bolsonaro fala sobre as ONGs e a ameaça de invasão e domínio da Amazônia. E muitos me olharam com desconfiança quando perguntei se os discursos do presidente estimularam incêndios, disse um jornalista estrangeira.

A predominância de bolsonaristas na região tem explicação.

Santo Antônio do Matupi e Apuí estão na mira de expansão da fronteira agrícola.

Vimos muitos bois em pastos e árvores derrubadas na margem da rodovia.

Os pecuaristas e madeireiros que defendem o governo pensando tão somente no lucro com a flexibilização da legislação ambiental prometida por Bolsonaro, estão empenhados em dificultar e até ameaçar o trabalho da imprensa e das ONGs.

São mentes devastadas pela ignorância e ganância.

Não há futuro sem floresta em pé, é o que dizem os Tenharins, povo indígena que se espalha neste pedaço de Amazônia em chamas.

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