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José Marcus de Castro Mattos

Poeta, psicanalista

32 artigos

blog

República do Deboche

Fúnebres representantes entre nós do Deboche, a Câmara dos Deputados, o Senado, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal instrumentalizam o discurso/lei e fazem valer como 'crime de responsabilidade' algo que os desresponsabiliza do fato de estarem, eles mesmos, cometendo um crime

Foto externa do Congresso Nacional  (Foto: José Marcus de Castro Mattos)
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Venceu o Deboche.

Rasgada a Constituição Federal/1988, golpeado o Estado Democrático de Direito, destituída a Democracia Representativa, achincalhada a Cidadania Inclusiva, despejada a Soberania Popular.

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Apagada do mapa a história brasileira que confluiu para a escrita da Carta Magna pós Ditadura Militar (1964 – 1984).

O meu, o seu, o nosso – a maioria dos votos consignados na Eleição Presidencial de Outubro/2014 zombada e lançada ao lixo –.

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A Nação, o País e o Estado brasileiros doravante reféns daqueles que há quatorze anos têm sido continuadamente rejeitados nas urnas eleitorais.

Mas o que importam as urnas eleitorais?

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O Deboche venceu.

O Deboche não brinca em serviço – aliás, o Deboche nunca brinca posto que brincar pressupõe o reconhecimento da presença de terceiros em sua diferença irredutível...

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Ora, o Deboche jamais reconhece essa presença: ele desconhece por completo a significação con-sagrada (o hífen é importante) do termo 'respeito'.

O Deboche desrespeita tudo e todos, com uma única e preciosíssima exceção, qual seja, os seus próprios 'interesses'.

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Para manter, reproduzir e ampliar ao extremo tais interesses o Deboche faz algo que desvela à luz do dia sua face para sempre monstruosa (pois ele não sabe brincar): tudo e todos são instrumentalizados como meros meios para consecução de determinados fins que, da primeira à última instância, satisfazem (devem obrigatoriamente satisfazer) ao Deboche ele mesmo e a mais ninguém...

Sim, o Deboche é onipotentemente... infantil.

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Mas falta à sua infantilidade (onipotente, por estrutura) a Infância como tal, a saber, o espaço-tempo do brincar entre pares, e, portanto, o tempo-espaço do jogar, criar, festejar a Vida em sua comum diferença, em sua diferença comum.

Por isso – exata e precisamente por isso – o Deboche é monstruoso: de alto a baixo trata-se de um 'infantiloide', vale dizer, no rigor do termo, um debiloide embrutecido e emburrecido pela privação de Infância...

Privado de Infância, o Deboche responde apropriando-se privadamente das coisas do mundo, de maneira que elas restem 'apenas em suas mãos', 'dele e para ele', 'somente dele', 'para sempre dele' – e ai daquele que se aproximar e lhe dizer 'Vamos brincar juntos com o que está em suas mãos?' –.

E por estar apenas em suas mãos, não resta ao Deboche senão instrumentalizar as coisas do mundo para a realização de seus fins... solitários.

Em verdade, o Deboche sofre de solidão, de amargurada, ressentida e vingativa solidão.

Sem Outro – sem Alteridade à qual se referenciar e com a qual as crianças não-privadas de Infância jogam –, o Deboche não percebe que a instrumentalização que ele faz das coisas do mundo DESTRÓI essas mesmas coisas do mundo...

Onde se instala e por onde passa, o Deboche faz terra arrasada do Outro, calcinando-o e legando – mas legando a quem, se não há mais Outro? – a abominação, a devastação, a nulificação geral.

Entretanto, o Deboche instrumentaliza sobretudo o Discurso (estruturado e configurado necessariamente pela Lei) DE MODO A DESMENTI-LO COMO SE NÃO HOUVESSE OCORRIDO O DESMENTIDO: ele se vale do Discurso/Lei para, através dele, LEGALIZAR E LEGITIMAR O ILEGAL E ILEGÍTIMO.

Assim, a fala do Deboche é marcada por um vazio inerradicável, porém ácida e violentamente corrosivo, desfazendo na origem qualquer tentativa de manter em público aquilo que Lacan cognominou muito a propósito de PALAVRA PLENA, qual seja, o bendizer protetor da significação – e, pois, guardião do comum pertencimento dos humanos à Linguagem (Discurso/Lei : Outro/Alteridade) –.

No caso aqui em tela, transpassado pelo vazio o Deboche se faz chamar de 'Capitalismo', 'Liberalismo', 'Democracia', 'Meritocracia' – e outros eufemismos humorísticos...

Contudo, o sorriso no rosto crispado do Deboche é o de uma boca da qual escorre a babugem asquerosa da perversão e do cinismo, dando-nos brutalmente a ver o esgar de um gozo cavalgado pela Morte.

Pois bem, fúnebres representantes entre nós do Deboche, a Câmara dos Deputados, o Senado, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal instrumentalizam o Discurso/Lei e fazem valer como 'crime de responsabilidade' algo que os desresponsabiliza do fato de estarem, eles mesmos, cometendo um crime...

Esvaziada a fala/palavra, a palavra/fala da possibilidade de jogar/brincar com a(s) diferença(s) – sem então o orvalhado, vívido frescor da Infância –, o que nos restará sob o Deboche senão empurrarmos carrancudos, solitários e violentos o carrinho do super-mercado?

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