Resta sangue nas veias de Temer?
Na briga Temer x Globo, quem diria, todos querem ganhar tempo para diminuir o País. Ninguém quer fazer o Brasil ser grande outra vez. O Brasil precisa voltar a gerar empregos, discutir ampla e estruturalmente as reformas que quer realizar (por isso, uma nova Constituinte) e de uma liderança que tenha milhões de votos e não milhões de espectadores
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Rodrigo Maia tem dito que Michel Temer pode até resistir à primeira denúncia, mas o parlamento não lhe garantiria na segunda. E espera-se mais duas, além da que teve admissibilidade acatada pelo relator Sergio Zveiter, do PMDB. Na verdade, da Globo.
A idéia de Maia, que já se encontrou com o encarregado de relações institucionais da emissora, é criar, ante a direção do atual governo, o clima de que é melhor trocar por bem o timoneiro da pinguela.
A equipe já está pronta: Meirelles fica. Uma concessão também é ofertada a Temer pelos préstimos silverianos dos reis: o chefe da economia teria sugerido manter Eliseu Padilha na Casa Civil por ser bom articulador.
Mas Temer não aceita o papel que a Globo lhe reservou na novela da crise política. Vai à luta e o palco em que haverá o duelo do golpe será o Congresso Nacional, onde o temerismo tem sede.
Nenhum dos dois ousa levar a contenda para as ruas.
Temer prometeu paz e estabilidade. Entregou guerra e insegurança, principalmente contra os mais pobres e trabalhadores, que estão alvejados por uma reforma trabalhista e previdenciaria que os lança numa selva, justamente quando o desemprego atinge 14 milhões, impedindo qualquer esperança no futuro.
E o paradoxo de Temer é não ter condições de resistência na opinião pública por ter bancado a agenda do mercado, que obriga o PSDB - pelo menos a velha guarda - a se manter na gestão até (somente até) as reformas serem aprovadas. Tratou bem dos políticos, mas esqueceu do povo.
Só que políticos precisam de votos...
Do tripé complexo que teria de administrar descuidou do mais importante, o que garante a popularidade, blindagem ao golpismo. Em véspera de eleição, com a maior rejeição da história recente, virou um saco vazio.
Ainda assim, insiste nas medidas impopulares, como um elfo doméstico. De Wall Street? Não, da Faria Lima.
O grupo de Temer atucanou o PMDB. Deu nisso. Só que o peemedebismo não é o original. São os corruptos, fisiológicos, assistencialistas, oligarcas e patrimonialistas, segundo as editorias históricas da Globo. Esqueceram?
A Globo não ousa invocar a sociedade porque sabe que os que foram às ruas para destituir Dilma se calam diante de Temer, porque temem Lula, objeto de saudade dos mais pobres e trabalhadores, que Michel cristianiza.
Imagina cobrir manifestações contra Temer e isso, além de fortalecer o engajamento de classe média, colocar as classes C, D e E na ribalta de iniciativas que clamam por Diretas Já?
Na briga Temer x Globo, quem diria, todos querem ganhar tempo para diminuir o País. Ninguém quer fazer o Brasil ser grande outra vez.
O Brasil precisa voltar a gerar empregos, discutir ampla e estruturalmente as reformas que quer realizar (por isso, uma nova Constituinte) e de uma liderança que tenha milhões de votos e não milhões de espectadores.
Resta saber se, perdendo para a Globo, o grupo de Temer irá se acochambrar no novo governo ou reagir ao tombo fazendo oposição a ele.
É o cúmulo da covardia ter sido instado a engatilhar reformas que destruíram a popularidade do governo, e preparar o terreno para arrefecer a Lava Jato para um substituto mais clean surfar, após toda a violência do Impeachment, e aceitar ser o pato, o verdadeiro pato amarelao, a dizer "sim, senhor" ao eventual novo presidente. Logo este, nascido, inclusive, de outra medida de força: o desbaratamento a ferro e fogo do Centrao de Eduardo Cunha, decisivo na ascensão de Temer.
Faca entre os dentes de verdade, contra os cachorros grandes, Michel. Ou vai entrar para a história como o ex-presidente decorativo. Da Globo, que, se duvidar, vai, ali na frente, chamar o golpe de golpe e fazer uma autocrítica do apoio a Temer.
Que o sangue sugado dos trabalhadores sirva, ao menos, para não aceitar esse destino vampiresco (estaca no coração e degola) e possa contribuir com saída democrática que o Brasil tanto anseia.
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