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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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Ruim com o Mourão, pior...

(Foto: Alessandro Dantas)
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Acho que não vi (nos estudos de História do Brasil) uma época tão imunda quanto essa. Perdão, por favor, leitor/leitora, perdão pelo uso da expressão: mas está tudo uma desgraça só neste Brasil. “Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come”. 

A Rede Globo lutou muito para apear a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Juntamente com Band, SBT, Record, Folha de S. Paula, Estadão, Veja e toda a grande mídia; juntamente com os magnatas da dinheirama no Brasil, como os donos da AMBEV, do Bradesco, do Itaú, da Havan, da Riachuelo e tantos mais. Juntamente com as castas mais altas do Poder Judiciário e do Comando Militar, apoiados pelos corruptos seculares do Congresso Nacional, tiraram uma pessoa que não cometeu crime de responsabilidade[1].

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Ocorre que a aposta dessa gente egoísta e ambiciosa foi muito alta: chocaram o “ovo da serpente” e retiraram das catacumbas o fascismo histórico, reprimido dentro de algumas almas malditas. O gigante acordou. E este gigante não era o povo legítimo, aquele desdenhado das políticas públicas e oportunidades do País, todavia, o autêntico povo dotado de direitos e construtor efetivo das riquezas do País: os trabalhadores e trabalhadoras. Os hipócritas referidos mais acima, como vemos nos filmes de ficção científica, encubaram um asco, um ser pequenino e insignificante dentro de uma emulsão e tiraram da encubação um Presidente da República. Como um vilão destes que nascem de um cidadão comum feito experiência em laboratório, nasceu o Jair Messias Bolsonaro que está aí, e que jamais seria eleito Presidente do Brasil não fosse o “desespero” da grande mídia, do grande empresariado e das grandes castas em urgentemente encontrar seu bode expiatório para fazer a troca de comando do País e devolver o Brasil à condição colonial que sempre lhes deu muito lucro e muito poder.

Não bastasse a incompetência do homem que nos governa, seu preconceito e crueldade explícitos em palavras de seu palanquinho patético na frente do Palácio da Alvorada e implícitos em tantos atos no Diário Oficial da União, o cara deseja a nossa morte, objetiva e diretamente. E isto talvez tenha sido a grande surpresa para alguns, pois já não sabe mais este “Messias” fingir que é um serviçal oficial da morte.

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Gostaria de não me ater neste texto a todos os descasos e desgoverno de Bolsonaro frente a pior pandemia (a COVID-19) destes últimos 100 anos. É que, mesmo que existam tantos brasileiros ainda surdos e cegos cognitivamente, cada ato ou palavra de Bolsonaro frente à pandemia somente piora a situação, tanto de SAÚDE PÚBLICA, quanto da ECONOMIA, ainda mais da SEGURANÇA ALIMENTAR das pessoas. Na pior crise da História da humanidade nos tempos da modernidade tardia, não deveríamos ser comandados por este insano. Como dizem, para além do CORONAVÍRUS, temos o BOLSONAVÍRUS, duas doenças graves para o povo brasileiro na mesma sincronia. Nenhum grande país sofre assim, duplamente.

Daí, vão me perguntar: mas onde entra Hamilton Mourão nessa história? Pois é! Existe um temor (muito correto) dos segmentos progressistas e das pessoas mais lúcidas que pautam as agendas e contra-agendas deste País de que o Mourão é pior que Bolsonaro. Outros, porém, apenas se assustam diante da incógnita que representa esse homem – até poucos dias, um oficial do Exército, sem qualquer expressão mais demorada que a ordem do dia de seu quartel.

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Eu também, confesso, guardava alguma cisma significativa frente ao Mourão. Hoje não. Não tanto, quer dizer.  

Ocorre que vamos morrer, se não tirarem urgentemente o Bolsonaro daquele playground que ele criou para si, mas que é o lugar das coisas, o lugar da História de um povo, de sua qualidade de vida, ou ao menos de sua vida. Por estranho que pareça, não imagino Mourão provendo o sentimento de morte da população, um desdenho com as pessoas[2]. 

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As variáveis. Bolsonaro somente restou às elites enquanto tentava aprovar as medidas de austeridade, sobretudo, as reformas aos Patrões do Mercado. Ué, Mourão no máximo continuará o que Bolsonaro já está fazendo: acabando com nossos direitos. E é luta. E a luta continua – sendo qualquer um deles. 

Mourão colocará em seus ministérios, pasme, MILITARES. Hãmm! Bolsonaro praticamente loteou todos os órgãos estratégicos com os milicos. Portanto, se é de Ditadura Militar que temos asco, afirmo: ela já está acontecendo. Pior: de forma velada. Somos governados pelos militares – que servem ao Grande Capital e nos matam “na unha”.

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Com o Bolsonaro no poder temos uma terceira desvantagem – não menos grave – a considerar: Sérgio Moro. Se esse déspota continuar na Presidência, logo Moro será seu sucessor. Aí, se estava ruim, ficará ainda pior. Moro é o híbrido do que há de pior nesse País. Uma espécie de filhote de cruz-credo: um pedaço dele é da casta judiciária excludente; outro pedaço pertence à mentalidade do Mercado; seus atos são autoritários como os militares saudosos das trevas; e sua hipocrisia se veste dos fundamentalistas, religiosos e não-religiosos. Portanto, é o suprassumo do pior tipo de político, a governar uma nação. Mourão não quererá Moro como sucessor porque Moro é maior que Mourão e “maior” que o Exército. Mas Mourão tem pulso para segurar Moro; Bolsonaro, não!

Ora, se a agenda neoliberal está posta e seguindo de vento em poupa com Bolsonaro; se já estamos numa Ditadura Militar, por que então não deixarmos os caras (aqueles lá de cima) trocarem os personagens e nos prepararmos para fazer a disputa de conteúdo[3] com outro militar, mais inteligente, é verdade, todavia, bem menos popular?

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Se é ruim com Mourão, pior será com ele, e bem pior para a população, com Bolsonaro a destruir tudo pela frente como um bêbado dirigindo uma carreta bitrem cheia de produtos químicos altamente inflamáveis. Sugiro, doravante, darmos alguma munição à troca de comando e continuar o enfrentamento noutra trincheira. 

Eu sei que é difícil de cravar esse discurso: contudo, nada pode ser pior que Bolsonaro mais seis meses dentro da Presidência da República.

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[1] É bom citar que a História já está cuidando da memória de Dilma, ainda bem, com ela em vida, para apreciar a justiça natural-circunstancial (haja vista a justiça sistêmica ser tão lenta e enviesada). 

[2] Evidentemente que Mourão perseguirá seus adversários (cuidemo-nos), entretanto, o povo comum, não. Terá ao menos o direito de viver.

Quanto a nós, os progressistas e humanistas: a luta – continuada!

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