CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Alex Solnik avatar

Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

2484 artigos

blog

“Sabem por que eles temem ser chamados de golpistas? Porque são”

"Sabem por que os editores ignoram a presidente? Porque são golpistas", descreve o colunista do 247 Alex Solnik, sobre a insistência da mídia brasileira em destacar fatos negativos sobre Dilma Rousseff; ele conta qualquer coisa que o Eduardo Cunha ou Michel Temer sussurrem ganha manchetes, "mas Dilma é ignorada"; como exemplo de má vontade dos editores com boas manchetes da presidente, Solnik cita a declaração de Dilma sobre as falas tanto de Celso de Mello quanto de Temer antes da sua viagem e disparou: "Sabem por que eles temem ser chamados de golpistas? Porque são"; "Em condições normais de tempo e de temperatura qualquer editor de nível médio colocaria isso na manchete do seu jornal"; leia íntegra

"Sabem por que os editores ignoram a presidente? Porque são golpistas", descreve o colunista do 247 Alex Solnik, sobre a insistência da mídia brasileira em destacar fatos negativos sobre Dilma Rousseff; ele conta qualquer coisa que o Eduardo Cunha ou Michel Temer sussurrem ganha manchetes, "mas Dilma é ignorada"; como exemplo de má vontade dos editores com boas manchetes da presidente, Solnik cita a declaração de Dilma sobre as falas tanto de Celso de Mello quanto de Temer antes da sua viagem e disparou: "Sabem por que eles temem ser chamados de golpistas? Porque são"; "Em condições normais de tempo e de temperatura qualquer editor de nível médio colocaria isso na manchete do seu jornal"; leia íntegra (Foto: Alex Solnik)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A imprensa brasileira (com "i" minúsculo, por favor) entrou agora na fase de ignorar declarações da presidente Dilma Rousseff.

Bem, não é de agora que certos veículos, tais como Veja, só publicam a seu respeito o que for negativo. Prova é que, há uns dois anos, quando lancei "O cofre do Adhemar", o Lauro Jardim, então na revista da Abril se interessou em publicar uma nota na sua coluna. "Conta o que tem no livro" ele pediu.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Eu disse que ela não tinha feito nenhum assalto, não tinha participado do roubo do cofre do Adhemar, mas havia episódios inéditos. Por exemplo: para tirar um sarro do Carlos Lamarca, de quem divergia politicamente, durante o Congresso de Petrópolis, em que se discutia os rumos da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) ela cantou para ele uma paródia do "País Tropical" que na época estourava nas rádios na voz de Wilson Simonal, que ela mesma compôs: "Este/ é um congresso tropical/ abençoado por Lênin/ e confuso por natureza".

"Não interessa", disse ele. "Se tiver alguma coisa contra ela, me avisa".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Mas agora a coisa ultrapassou todos os limites. Qualquer coisa que o Eduardo Cunha ou Michel Temer sussurrem ganha manchetes, mas Dilma é ignorada.

O exemplo mais gritante aconteceu no fim de semana passado.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ela foi a Nova York falar na ONU onde haveria reunião dos principais líderes mundiais a respeito do clima.

Logo se especulou que ela aproveitaria o plenário para denunciar o golpe de Cunha e de Temer. E os moralistas de plantão vieram com avisos. Celso de Mello, o eterno decano do STF advertiu que se ela fizesse isso faria muito mal ao Brasil, principalmente porque estava errada ao chamar o impeachment de golpe.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Michel Temer ficou preocupado com a possível repercussão. Resolveu falar a alguns correspondentes internacionais antes dela, como uma espécie de vacina.

A Câmara, certamente preocupada com a imagem do Brasil, escalou e pagou passagens e estadias para dois deputados "acompanharem as declarações da Dilma".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Até mesmo os lunáticos do MBL viajaram até lá (com que grana?) para fazerem contraponto aos ataques de Dilma.

Na hora do vamos ver, ela só tocou de leve no tema na ONU, disse que a situação era grave e tal, mas não falou em golpe.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Eu sabia, porém, que depois de falar na ONU ela daria uma coletiva e aí sim o golpe estaria em pauta. Passei o fim de semana todo procurando essas declarações nos sites – porque os jornais não leio mais – e nas tevês e não encontrei nada.

Pensei até que ela tinha recuado, cancelado a tal coletiva.

Somente hoje liguei por acaso a NBR, aquela emissora que existe, mas falta avisar aos brasileiros e me deparei com uma entrevista feita num cenário mequetrefe – num jardim, com tijolinhos vermelhos ao fundo.

O lugar era tão precário que a certa altura o alarme de uma ambulância ou do corpo de bombeiros encobriu suas palavras.

De qualquer maneira, cenário mequetrefe ou não, ela disse algumas coisas que jamais tinha dito antes. Referiu-se, por exemplo, às declarações tanto de Celso de Mello quanto de Temer antes da sua viagem e disparou: "Sabem por que eles temem ser chamados de golpistas? Porque são".

Quase ela diz "Temer" em vez de "temem".

Em condições normais de tempo e de temperatura qualquer editor de nível médio colocaria isso na manchete do seu jornal. Mas os jornais não deram nem tchuns.

Outra boa declaração: alguém perguntou por que ela falava em golpe se não havia militares nem armas na parada.

"A arma mais poderosa de um golpe é a mão. Basta rasgar a constituição e pronto". Essa também daria uma boa manchete, mas não interessou.

Sabem por que os editores ignoram a presidente? Porque são golpistas.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO