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Danilo Nunes

Historiador, geógrafo, antropólogo, músico e ator, atualmente Superintendente do Iphan no Estado de São Paulo

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Samuel Carvalho e o violão além da música

Em tempos onde muitos (as) da população buscam armas de fogo, em tempos onde a violência e o ódio se tornam rotineiros, em tempos onde a educação está defasada, Samuel Carvalho nos mostra que uma das maiores armas para as transformações socioculturais de uma nação, está em outro meio de arte, comunicação, educação e valor: O Violão

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“Alguém aí tem um violão?” “Vou levar meu violão.” “Pega seu violão lá e bora fazer um som!” “Só falta um violão.” São algumas das frases presentes no cotidiano de muitos (as) brasileiros (as) dentro dos grupos e rodas de amigos (as). Sim, o violão, no decorrer da história, passou de um instrumento mal visto para o amigo inseparável dos seres humanos em sua vida social e, mais do que isso, ele se tornou a principal ferramenta de trabalho do profissional de música chamado de violonista.

Com base em pesquisas, instrumentos semelhantes ao que chamamos de violão já existem a mais ou menos cinco mil anos atrás, mas foi no século IX na Espanha que surgiram os primeiros instrumentos mais semelhantes a uma guitarra espanhola (como muitos gostam de chamar).  Não se sabe ao certo a origem desse instrumento, mas podemos seguir duas hipóteses.

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A primeira, vem com o domínio do Império Romano, quando trouxeram a cítara romana. Os romanos teriam levado esse instrumento à península ibérica por volta do século I, onde com o passar do tempo, esse instrumento foi sofrendo alterações até chegar na forma do violão como conhecemos. Já a segunda, é mais defendida pelos historiadores, onde o instrumento seria derivado do antigo alaúde árabe. Esse instrumento teria sido levado para a península ibérica através das invasões muçulmanas, onde se adaptou perfeitamente às atividades culturais, mas foi na própria Espanha no final do século XVIII, onde os luthiers começaram a construir o instrumento bem próximo ao que chamamos de violão. 

O que sabemos hoje é que não resistimos ao belo som de um violão bem tocado, mas o que muitas vezes não percebemos é que tirar um bom som do violão não depende apenas da qualificação técnica de quem está tocando. Pois é, o aprimoramento é muito importante, mas tão importante quanto é o instrumento em que o músico está tocando. Por isso, antes do violão se transformar em ferramenta por onde o artista mostrará toda sua arte, talento e criação, ele já é uma obra de arte, pensada e construída por um artista que não está no palco, mas em seu atelier. Tudo começa com um bom Luthier e, quando esse mesmo artista também é músico, tudo fica mais belo. E aqui, não posso deixar de falar daquele que é considerado um dos melhores Luthiers do Brasil: Samuel Carvalho.

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Samuel é um pesquisador, estudante e descobridor de sonoridades, formas e jeitos para que possamos extrair do violão, o mais belo som que ele pode nos dar, de acordo com a canção que tocamos.  Além de ter estudado no Conservatório Municipal de Guarulhos, no ano de 1989 iniciou o Bacharelado de Violão na Faculdade Mozarteum . Foi nesse período, quando ainda cursando o bacharelado que ao sentir a necessidade de um instrumento de alto nível, viu-se motivado a iniciar sua jornada inquieta na construção artesanal de violões, o que o levaria a se tornar referência para muitos (as) do Brasil e do mundo. 

Como todo (a) um (a) bom (a) pesquisador e profissional, foi beber em muitas fontes que se tornaram suas referências como os violões de Sérgio Abreu, Hermann Hauser, Ignácio Fleta e, a partir desse material de estudo, pesquisa e reflexão, passou a experimentar e descobrir mais e mais possibilidades, transcendendo os próprios conceitos estudados. 

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Aos poucos, foi reduzindo suas atividades como professor, músico e concentrando sua atenção nas descobertas das possibilidades de sons do instrumento, através de materiais como madeiras, cordas e claro, muita sensibilidade, paciência, disposição e amor. Samuel Carvalho não é apenas o construtor, mas o artista que consegue extrair incríveis sonoridades através de sua matéria prima, compreendendo através de sua indiscutível sensibilidade como fazer com que sua obra seja instrumento inseparável de todo o violonista, quase como uma extensão do corpo de cada músico.   

Em tempos onde muitos (as) da população buscam armas de fogo, em tempos onde a violência e o ódio se tornam rotineiros, em tempos onde a educação está defasada, Samuel Carvalho nos mostra que uma das maiores armas para as transformações socioculturais de uma nação, está em outro meio de arte, comunicação, educação e valor: O Violão.

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E como diz o mestre Chico Buarque:  

“Não chore ainda não

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Que eu tenho um violão

E nós vamos cantar

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Felicidade aqui pode passar e ouvir

E se ela for de samba há de querer ficar”

E esse que vos escreve, termina este artigo com fé e esperança em Samuel Carvalho e todos (as) os (as) descendentes dessa arte da Luthieria deixando a seguinte reflexão:

“Não quero arma não

Eu quero um violão

E nós vamos vamos mudar

Nossa sociedade, contra desigualdade

Menos ódio e mais música pra transformar”

Para saber mais, acompanhe a entrevista que vai ao ar no próximo sábado e domingo com o Luthier, músico e professor Samuel Carvalho.

Para acompanhar o trabalho de Samuel Carvalho acesse:

http://samuelcarvalho.com/index.htm

Danilo Nunes é músico, ator, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira e latinoamericana

Instagram: @danilonunes013

Facebook: @danilonunesbr

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