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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Se brasileiro gostasse de autoritarismo não rejeitaria Temer

Jornalista Alex Solnik contesta declaração de Michel Temer de que os brasileiros têm uma tendência ao autoritarismo e lembra que, na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964, o povo saiu às ruas não para pedir ditadura, mas para salvar o país da "ditadura comunista"; "Os movimentos contra a ditadura se sucederam por anos a fio até que os militares saíram de cena encurralados pelos milhões de brasileiros que participaram, pacificamente, do maior movimento político do Brasil do século 20, as Diretas Já. Eu nunca vi milhões de brasileiros nas ruas pedindo ditadura. Mas vi milhões de brasileiros pedindo o fim da ditadura. Se brasileiro gostasse de autoritarismo Temer não seria rejeitado por 97% da população", avalia

Jornalista Alex Solnik contesta declaração de Michel Temer de que os brasileiros têm uma tendência ao autoritarismo e lembra que, na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964, o povo saiu às ruas não para pedir ditadura, mas para salvar o país da "ditadura comunista"; "Os movimentos contra a ditadura se sucederam por anos a fio até que os militares saíram de cena encurralados pelos milhões de brasileiros que participaram, pacificamente, do maior movimento político do Brasil do século 20, as Diretas Já. Eu nunca vi milhões de brasileiros nas ruas pedindo ditadura. Mas vi milhões de brasileiros pedindo o fim da ditadura. Se brasileiro gostasse de autoritarismo Temer não seria rejeitado por 97% da população", avalia (Foto: Alex Solnik)
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Não é verdade que "o povo brasileiro tem uma certa tendência para a centralização" e que as ditaduras de Getúlio Vargas em 1937 e dos generais de cinco estrelas em 1964 aconteceram não porque foram golpes de estado, mas "porque o povo quer" – como Temer disse ontem quando instalou seu governo (ou o que resta dele) em Itu.

Os fatos desmontam o discurso mistificador.

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Quando a primeira ditadura foi implantada no Brasil, em 1889 - batizada de "Proclamação da República" - o povo sequer soube o que estava acontecendo - uma revolta militar contra o imperador em razão de questões salariais e de promoções – e, quando percebeu as intenções autoritárias do Marechal Deodoro que, dois anos depois, fechou o Congresso Nacional e implantou o estado de sítio apoiou a sua deposição pela Marinha na revolta da Armada.

Os brasileiros não apoiaram a ditadura Deodoro.

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No dia seguinte à decretação do Estado Novo, a 10 de novembro de 1937, a primeira medida de Getúlio foi o fechamento do Congresso Nacional e a segunda queima de livros "comunistas" de Jorge Amado e de José Lins do Rego.

Getúlio não perguntou se o povo queria isso. O povo continuou trabalhando e indo à escola, tudo dentro da mais estrita normalidade, sem se dar conta que daquele dia em diante qualquer cidadão podia ser preso a qualquer momento, em qualquer lugar e mantido dessa forma sem a necessidade de qualquer explicação ou justificativa.

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As manchetes dos jornais de 11/11/1937 não falavam em golpe, apesar de não haver dúvidas a respeito, pois a nova constituição acabava com as garantias e direitos civis; reproduziam pronunciamento do Ministro Chefe das Forças Armadas, Goes Monteiro segundo o qual quem contestasse o novo regime seria declarado "inimigo da democracia".

Os leitores desses jornais foram informados de que houve um golpe ou que a democracia prevalecera no embate contra seus inimigos? Apoiaram a ditadura sanguinária ou a democracia dourada?

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Da mesma forma, aqueles homens e mulheres com terços nas mãos saíram às ruas, em 1964, não para pedir a ditadura, mas para salvar o país da "ditadura comunista". O perigoso Jango tinha de ser aniquilado.

Alguém viu na Marcha da Família com Deus pela Liberdade alguma faixa pedindo ditadura militar?

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O próprio nome dizia: o que pediam era liberdade.

Quando os brasileiros descobriram que, mesmo em trajes civis, os generais tinham vindo para impor uma ditadura cruel como todas as ditaduras, foram às ruas contra tudo e contra todos, fizeram passeatas, o Rio assistiu à Passeata dos 100 mil.

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E os movimentos contra a ditadura se sucederam por anos a fio até que os militares saíram de cena encurralados pelos milhões de brasileiros que participaram, pacificamente, do maior movimento político do Brasil do século 20, as Diretas Já.

Eu nunca vi milhões de brasileiros nas ruas pedindo ditadura.

Mas vi milhões de brasileiros pedindo o fim da ditadura.

Se brasileiro gostasse de autoritarismo Temer não seria rejeitado por 97% da população.

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