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Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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Se eu disputar, diz Bolsonaro

Para o jornalista Mario Vitor Santos, “é um beco o que o presidente vai se metendo”. “Justo quando precisa estabilizar a elevação da rejeição a seu governo, animar sua base, atrair os vacilantes, fala em desistir”, escreve

Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Bolsonaro repetiu hoje o teor da afirmação surpreendente que já tinha feito ontem, terça-feira: “Eu entrego a faixa pra qualquer um - se eu disputar a eleição né? - mas eleição limpa. Se eu disputar, não tem problema nenhum. Agora, participar de uma eleição com essa urna...”.

É uma declaração grave, sendo ela verdadeira ou não.

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Eleições limpas para Bolsonaro, como se sabe, são eleições com o tal "voto impresso", "auditável", como ele mesmo acrescentou. 

Bolsonaro fez essas afirmações ontem depois de, com voz chorosa, desfiar um rosário de queixas para seus seguidores no cercadinho.

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Disse: “As mesmas pessoas que tiraram o Lula da cadeia e tornaram ele elegível vão contar os votos [em 2022], dentro do TSE, de forma secreta, as mesmas pessoas".

Mais adiante: "Eleição não auditável: isso não é eleição, isso é fraude".

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Não é o caso de responder aqui às incorreções de sua fala, os erros de informação, a narrativa conspiratória e paranóide contra a ação do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, responsável por organizar o pleito e garantir sua lisura.

A declaração de Bolsonaro veio em meio à admissão pelo presidente da perda de apoio ao voto impresso na comissão especial e no Congresso, segundo ele, como consequência da ação de Barroso.

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O foco aqui é a própria menção, feita nesta fala pela primeira vez, sem provocação, e repetida enfaticamente em seguida:

“Se eu disputar...se eu disputar”, Bolsonaro fez questão de repetir.

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Cabe a pergunta óbvia, talvez ingênua: o presidente vai renunciar à candidatura à reeleição se o chamado voto impresso, ou auditável, não for aprovado?

Nessa ocasião, ele afirmou que não vai disputar nessas condições, segundo ele fraudulentas. Há verdade nisso? A rigor, não se sabe. Pode ser mais uma mentira, é óbvio, deve ser, mas pode não ser. 

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A pergunta emana da menção "renunciaria" do próprio presidente. Vale assistir ao vídeo da conversa, carregada da sensação de impotência, real ou teatral, que vem acompanhando suas falas ultimamente.

Uma coisa, todavia, é patente, em qualquer alternativa: Bolsonaro dissemina a dúvida entre os que o apoiam.

Aqueles que querem avaliar, trabalhar com todas as hipóteses, quem faz avaliação de riscos, agora têm razão para pensar duas vezes, ou pedir o boné, aguardar o esclarecimento da situação, até baixar as expectativas.

Alguém já disse que no árduo processo eleitoral ganha quem tem mais vontade de vencer. Bolsonaro transmite a sensação de quem quer vencer? De que quer mais do que qualquer adversário?

É um beco o que o presidente vai se metendo. Justo quando precisa estabilizar a elevação da rejeição a seu governo, estancar a sangria de popularidade, melhorar os índices de intenção de voto, transmitir determinação, animar sua base, atrair os vacilantes, fala em desistir.

Do ponto de vista dele, não é hora de sucumbir à depressão. Cumpre, ao contrário, sustentar o discurso, barrar o apetite da direita tradicional, aliada como sempre à frente única dos meios de comunicação oligárquicos.

Com essa insinuação do ex-mito, de que forma serão sensibilizados os partidos da base bolsonarista, as candidaturas em processo de articulação e todo rebanho de bolsominions?

Vai que lentamente lhes chega a notícia de que o líder existia mas cansou, cedeu ao desalento.

Pode ser teatro, pode ser esperteza, mas se as dificuldades forem se avolumando, se a maré de boas notícias não chegar a tempo, tem cheiro de renúncia.

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