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Se posicione Moraes

"Deveras, há muita coisa podre em nosso reinado. Aqui muita gente não pensa, mas age", diz o advogado

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O messias, teimando na senda de sua peregrinação que expia o convívio racional das instituições, volta sua verborragia contra o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, nos seguintes contornos: Se ele (Moraes) não se posicionar, ele está abrindo a guarda para eu nomear o Ramagem independente da liminar dele", afirmou Jair Bolsonaro, que acusou o ministro do STF Alexandre de Moraes de tomar uma decisão "política" ao vetar a posse do Alexandre Ramagem como diretor-geral na PF

Má educação a parte, a fala do messias (dos bovinos) guarda relação com a quebra do equilíbrio institucional, na ameaça de descumprir decisão liminar ordenada por Ministro do STF.

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Onde mais podemos chegar?

Não sei, mas lembro que em 2016, quando o ex-ministro da justiça, então juiz presidente da operação policial favorita das famílias midiáticas brasileiras, vazou à rede globo de televisão diálogo telefônico capturado ilicitamente do aparelho celular da Presidenta Dilma, expondo o Presidente Lula, esta ilicitude foi decisiva no impedimento político de Dilma…

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Traduzo: um ato ilícito praticado por um juiz político foi decisivo à subtração política do mandato eletivo de uma Presidenta honesta, regularmente eleita pelo povo. Participou desta vergonha, de forma decisiva e despossuída de qualquer energia moral, a rede globo de televisão…

Dessarte, por mais que todo jurista digno deste apodo (que não é favor e sim reconhecimento de grandeza) tenha, à época, se manifestado na senda da ilicitude da conduta do então juiz, bem assim por mais que o Ministro Teori Zavaz (in memorian) decidisse pela ilegalidade da produção do elemento de convicção, nossas instituições (em sua esmagadora maioria) fizeram cara de paisagem…

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Ai, neste ato covarde, produzido em comum acordo entre o juiz político e a família marinho, o ovo da serpente eclodiu. Parimos a onda fascista que nos assola e, hoje, permite ao Dulce ameaçar descumprir uma ordem de Ministro do Supremo…

Deveras, há muita coisa podre em nosso reinado. Aqui muita gente não pensa, mas age – seguindo a boiada na irracionalidade patológica que lhes caracteriza…

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Essas vicissitudes cantadas em verso e prosa bem retratam um país que se perdeu. Uma gente que vive apenas para si, fazendo festas em condomínios, para ‘evitar o contágio’, mas dispensando o funcionário que capinava a grama e desta pequena economia retirava o sustento de sua família…

Qual realidade nos constrange? A que desembarcamos em 2016 na apoteose do golpe (para o qual foram decisivos sérgio moro e rede globo de televisão) ou a que se estabeleceu no instante seguinte à decisão do Congresso Nacional?

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Não sugiro compararmos números (pois covardes não somos), mas medirmos o quanto éramos felizes com o quanto estamos infelizes. E, por favor, não digam que infelicidade é fruto da depressão por quarentena. A quarentena é incômoda sim, mas a depressão que vivemos vem do cotidiano desrespeito a vida, vem do desvalor das virtudes – como, por exemplo, as retrata André Comte-Sponville, em seu Pequeno Tratado das Grandes Virtudes…

Fato é: Deixamos de nos colocar no lugar do outro enquanto nossas Instituições seguiram a valsa, bailando na intenção (sei lá qual intenção, penso que se acovardaram) colaboradora do golpe de 2016, quando deslembraram dos milhões de votos que rasgaram!

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Esquecidos da comunhão que alimenta o contrato social, estamos vivenciando (menos de cinco anos após o golpe) um instante de nocividade cidadã tão delicado quanto…

Deveras, o fanatismo neopentecostal clama ao gado que tange, um último mugido. Neste instante, não há berrante a tocar. Não há heróis (verdadeiros, como Lula, ou falsos, como o juiz político que a rede globo pariu) a nos salvar. Há sim, instituições a serem cobradas pela plenitude de seu funcionamento…

O Ministro Alexandre de Moraes é um dos onze que compõe a mais elevada Corte de justiça do país e, nesta condição, foi chamado as falas pelo presidente da república, ao contraponto de que ele, presidente, poderia descumprir uma decisão dele, Ministro.

Não se trata aqui da bravata caricatural de fechar o Supremo com um soldado e um cabo, mas sim de um vilipendio ao modelo constitucional civilizatório que estabelecemos, forte na tripartição dos poderes. 

Não pode o Poder judiciário, desafiado em sua Corte Suprema, continuar a se comportar feito gado à espera do berrante – afinal, 2016 não está tão longe assim, que justifique a deslembrança…

Ademais, a Toga do Supremo, contrário senso da toga de juízes políticos que abandonam o barco feito ratos, não subsome, sequer, a expectativa de um último mugido... 

É que fala mais alto o compromisso histórico que assumiram Suas Excelências quando vestiram a Toga que vestiu, por exemplo, determinado ministro que, em plena ditadura, acreditou nas rosas vencendo o canhão…

A metáfora tem vida própria, pois que senão, onde poderíamos asseverar que a Corte Suprema já venceu, metaforicamente, os canhões e não houve cabo ou soldado a impedir a altivez de Adauto Lúcio Cardoso – isso em 1971, quando os canhões eram de verdade e os tigres vinham à noite, trazendo a tiracolo seus generais e surrupiando nossa esperança, assim como, agora, quer fazer o capitão dos que seguem o berrante…

Na ocasião relembrada (como esquecê-la?) o pretório excelso julgou constitucional a lei da censura prévia (famigerado Decreto-lei 1.077), editada pelo governo ditatorial do general médici. Vencido, Adauto despiu-se (literalmente) da toga, como quem diz não ao berrante, atirando-a ao chão e abandonando, de forma acintosa, o plenário do Supremo e, de consequência, o próprio Tribunal.

Não que Suas Excelências devam se despir da toga (muito embora a tentação de ver alguns dizendo adeus seja muito grande, mas ainda demoram a sair aqueles que, acreditamos, melhor serviriam ao Supremo nunca mais lá estando), mas que seria bom não seguir o berrante, há isso seria.

Noves fora, nem que seja para apoiar a força vinculante da decisão do Ministro Alexandre de Moraes (por quem nutro grande respeito, em que pese dele divergir em mais de uma questão, suposto que somos democratas), pois que senão o nosso já esgotado modelo exploratório terceiro mundista, golpista e safado, seguirá soprando o berrante à procura do gado que se deixa tanger.

Tristes trópicos (e Morais Moreira segue fazendo muita falta).

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