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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Segundo turno vai desafiar um Bolsonaro acovardado

"Sem poder, sem o centrão, sem os militares, Bolsonaro terá de buscar uma ocupação, coisa que nunca fez na vida", escreve o jornalista Moisés Mendes

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

O Bolsonaro pós-cartinha a Alexandre de Moraes e pós-camarão ainda preserva o quê daquele Bolsonaro valentão do discurso de 21 de outubro de 2018?

O que sobrou do Bolsonaro que deu, aos gritos, vários avisos aos inimigos, transmitindo uma fala ao vivo pelo celular para seus eleitores que estavam na Avenida Paulista?

No domingo anterior ao da eleição de 28 de outubro, Bolsonaro entusiasmou-se com a perspectiva de vitória e disse essas frases ameaçadoras:

“Esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria. Petralhada, vai tudo vocês pra ponta da praia. Vocês não terão mais vez em nossa pátria porque eu vou cortar todas as mordomias de vocês”.

É provável que esse Bolsonaro ainda exista, mas sem condições de funcionamento, como se fosse uma TV a válvula. Bolsonaro está aí, ainda liga e desliga, guarda a essência do que já foi, mas não tem mais a mesma utilidade, ou será que tem?

Aquele discurso de bandido, em que prometeu matar os inimigos ou tratá-los como terroristas, poderá se repetir a uma semana do segundo turno este ano, se o sujeito for para o segundo turno?

O Bolsonaro do primeiro turno se caminha para ser o da arrancada da campanha de 2018, tumultuada pela história da facada em Juiz de Fora.

Mantém uma certa agressividade, para que o eleitorado fique em alerta e assegure a fidelidade que lhe dê a vaga no segundo turno contra Lula.

Mas o Bolsonaro já no segundo turno continuará dizendo as besteiras que diz agora para preservar seus precários 20% de apoio, numa base que esse esfarela a cada pesquisa?

O negacionismo e a guerra à vacina talvez nem tenham mais sentido em outubro como pauta do bolsonarismo. Mas Bolsonaro pode se dedicar a temas permanentes, como os ataques aos petralhas, ao MST, aos comunistas e a todos os que se vestem de vermelho.

Alguém imagina, mesmo na extrema direita, que Bolsonaro será capaz, no domingo que antecederá a eleição de 30 de outubro, de avisar que os inimigos serão enviados para a ponta da praia e metralhados, como a ditadura fazia com os militantes de esquerda?

Se for para o segundo turno, se não desistir antes e buscar proteção num mandato de deputado que lhe assegura imunidade e impunidade, Bolsonaro será um covarde. Não haverá, no segundo turno deste ano, o Bolsonaro de 2018.

Teremos este ano, num eventual segundo turno com o fascista, o Bolsonaro pós-cartinha a Alexandre de Moras e pós-camarão. Bolsonaro será desafiado pelas circunstâncias a ameaçar de novo com a eliminação dos inimigos.

Mas até lá saberá que não terá como vencer e nem como aplicar golpe algum. Que não dispõe de milicianos suficientes para esculhambar com a eleição e que seu destino será o que ele desejou para Lula no discurso de 21 de outubro de 2018.

Bolsonaro talvez não apodreça na prisão, porque ninguém da direita ou da extrema direita pega cadeia por muitos dias no Brasil. Mas ficará um tempo sem comer camarão sem mastigar.

Não há como o Judiciário poupar Bolsonaro e os filhos dele, quando a família toda estiver fragilizada por uma derrota avassaladora.

Livrar Bolsonaro da cadeia seria antecipar a impunidade de tudo o que vier depois. Por isso a campanha do genocida no segundo turno terá o que Bolsonaro pode ser agora e não o que já foi em 2018.

Bolsonaro deve ser desafiado desde já a prometer que irá juntar sua gente na Paulista, às vésperas do segundo turno, para repetir o que disse em 2018.

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Esta foi uma das suas frases naquele domingo, que ele pode dizer de novo este ano:

“Vagabundo vai ter que trabalhar”.

Sem poder, sem o centrão, sem os militares, que não ficarão ao lado de um perdedor, e sem o apoio dos banqueiros amigos de Paulo Guedes, Bolsonaro terá de buscar uma ocupação, coisa que nunca fez na vida.

Mas, se for preso, terá o consolo de que poderá continuar como vagabundo.

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