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Ariovaldo Ramos

Coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, SP

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Senzala nunca mais!

Temos de denunciar e enfrentar a elite branca que tomou o poder nesse país, que parece influenciar uma parte de nossa igreja, e que estimula um chefe de governo que não nasceu para ser presidente a se portar como se fosse um monarca

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A denominação Batista está no Brasil desde o século 19.

É verdade que entre os primeiros missionários que aqui chegaram, e fundaram uma igreja local no interior de São Paulo, estavam escravistas, que, inclusive, trouxeram os seus escravos.

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Fugiam da guerra da secessão, onde foram derrotados, daí vieram para um país onde a escravidão ainda era legal.

Contudo, a denominação Batista do Sul superou esse passado, não sem muita luta e controvérsia,  tornando-se o berço do movimento pró direitos civis capitaneado pelo Pr. Martin Luther King Jr.

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Também, no Brasil, a denominação batista superou essa ignomínia, colaborando com a superação da desigualdade social por meio de sua pregação e de suas escolas; e há relatos de batistas que lutaram nas Ligas Camponesas. 

Na América Latina, entre outros, temos, por exemplo, o caso de Cuba, onde há relatos de que os batistas lutaram ao lado dos revolucionários.

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E verdade que houve pastores batistas que apoiaram a ditadura empresário-militar implantada,  no Brasil, em 1964.

Contudo, a marca que distingue os batistas é a de defensores do Estado Laico, da Democracia, da Liberdade de  Consciência, e da Igualdade entre os seres humanos.

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E mais, muitos batistas entendem que a denominação é herdeira da tradição anabatista, movimento precursor da reforma protestante, que além de pregar a reforma da Igreja, pregava a revolução sócio-econômica e politica. 

Há pouco tempo, contudo, expoentes dessa denominação tomaram partido contra os governos populares, chegando a desaconselhar os fieis a não votarem em determinados partidos políticos, principalmente, no Partido dos Trabalhadores, atentando contra uma de suas mais importantes ênfases: a liberdade de consciência.

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Tudo isso vinha sendo trabalhado no jogo de forças que caracteriza a vida de qualquer comunidade. porém, recentemente, houve uma conferência nacional da juventude batista da Convenção Batista Brasileira. Há outras convenções batistas, mas, a CBB é a maior.

Muito bem, nessa conferência foi, corajosamente, proposta uma mesa para discutir o racismo na igreja. 

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Essa mesa, entretanto, foi suspensa e os preletores desconvidados para o escândalo de muitos.

O que poderia ser apenas um problema de confronto de forças internas, ganhou contornos mais abrangentes. 

De fato, essa decisão tocou na questão da compreensão sobre o que, porventura, esteja acontecendo com parte da Igreja Evangélica brasileira: Como um grupo de evangélicos pode apoiar o que está em curso no país? Toda essa fobia social; esse desmonte da seguridade social, dos direitos dos trabalhadores, da educação pública, do patrimônio e da soberania nacionais; esse incentivo ao racismo, à violência e ao preconceito.

Até então, tem-se colocado tudo na conta do conservadorismo moralista, mas, esse movimento, propõe novas perguntas.

Teria parte da Igreja Evangélica sucumbido à insânia da elite branca, que parece ter saudade da escravidão, e sustenta esse quadro de racismo, de violência contra os negros, que nos faz pensar em genocídio dos jovens negros? Teria parte do clero evangélico se resignado a fazer da fé evangélica mero ópio do povo, enquanto a elite retrógrada, subdesenvolvida e incivilizada tenta nos arrastar, agora como, também, classe trabalhadora, de volta para a senzala, levando, conosco todos os pobres?

Quando ainda estávamos ouvindo rumores do que se consolidou como reforma trabalhista, no governo anterior, pós golpe, perguntei a opinião de um amigo empresário, diante dos, ainda, rumores, e ele me disse que eu tinha de considerar que o Brasil estava concorrendo com países que usavam o trabalho escravo. Pensei: estaria ele me sugerindo que a única maneira de concorrer com tal realidade era caminhar para o trabalho análogo à escravidão, que é onde a precarização do trabalho acabará por levar o trabalhador?

Agora é a hora de os negros e negras que exercem o pastorado se levantarem em nome de Cristo, do nosso povo e dos pobres para gritar, a todos e por todos os cantos: NINGUÉM VAI NOS LEVAR DE VOLTA À ESCRAVIDÃO E À SENZALA, NINGUÉM VAI LEVAR OS POBRES E OS TRABALHADORES DE VOLTA À VASSALAGEM; E NINGUÉM VAI USAR A IGREJA EVANGELICA PARA ENCOBRIR ESSE ESCÂNDALO, ESSE CRIME CONTRA A HUMANIDADE!

Temos de denunciar e enfrentar a elite branca que tomou o poder nesse país, que parece influenciar uma parte de nossa igreja, e que estimula um chefe de governo que não nasceu para ser presidente a se portar como se fosse um monarca.

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