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Pedro Maciel

Advogado, sócio da Maciel Neto Advocacia, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007

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Sim, Merval, o que vocês defendem é um Golpe de Estado

Está em curso um GOLPE DE ESTADO no Brasil, esse golpe tem por objetivo apear do poder a Presidente Dilma Rousseff, banir o Partido dos Trabalhadores e instalar uma velha ordem, valores fundamentalmente liberais e atender interesses essencialmente do mercado

Está em curso um GOLPE DE ESTADO no Brasil, esse golpe tem por objetivo apear do poder a Presidente Dilma Rousseff, banir o Partido dos Trabalhadores e instalar uma velha ordem, valores fundamentalmente liberais e atender interesses essencialmente do mercado (Foto: Pedro Maciel)
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O jornalista Merval Pereira publicou um artigo que chamou de "Não vai ter golpe". Surpreendeu-me o titulo, mas a leitura revelou que o premiado jornalista não se libertou do delírio e mau-caratismo típico dos golpistas a quem ele é tão simpático.

Fato é que Merval, como os demais "legitimadores" do Golpe de Estado, age exatamente como os serviçais dos mafiosos que buscam dar origem aparentemente licita aos recursos ilicitamente amealhados por seus senhores. Mas assim como o dinheiro sujo, aparentemente limpo, segue sendo dinheiro sujo, o Golpe de Estado, batizado de impeachment, segue sendo Golpe de Estado, pois essa não é "a saída constitucional mais eficaz e rápida para resolver um problema institucional sério".

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As civilizações vivem um processo dialético de transformação e evolução constantes, onde não são raras as mudanças estruturais e conjunturais nas sociedades de cada época. Mas algumas vezes a evolução é interrompida por ações nem sempre legítimas, justas ou necessárias, mas que atendem a interesses de grupos derrotados na seara democrática.

Está em curso um GOLPE DE ESTADO no Brasil, esse golpe tem por objetivo apear do poder a Presidente Dilma Rousseff, banir o Partido dos Trabalhadores e instalar uma velha ordem, valores fundamentalmente liberais e atender interesses essencialmente do mercado.

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Eu compreendo aqueles que veem pertinência nisso, mas não posso concordar, pois o impeachment é um instrumento para afastar presidentes que praticaram crimes de responsabilidade e não para substituir um governante que carece circunstancialmente de apoio parlamentar ou que tenha baixa avaliação popular. O uso do impeachment para esses fins é um Golpe de Estado, pois a usurpação do poder é o verdadeiro objetivo.

O golpe de estado em curso busca a tomada do poder para atender o interesse de um grupo que é contrário ou não é contemplado pelo establishment Politico e nasceu quando os derrotados nas urnas, incapazes de alcançar o poder pelo voto popular, passando a buscar através de manobras políticas assumir a posição de Chefe de Governo (a presidente Dilma Rousseff não teve um dia de trégua depois que venceu as eleições em 2014).

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Os golpistas, de uma forma ardilosa, buscam legitimar a ruptura institucional instrumentalizando o Poder Legislativo, o Judiciário e, auxiliados por parcela da mídia, buscam formar a opinião pública.

Por tudo isso infelizmente está em curso no país um golpe de Estado e o fato tornou-se inegável. Basta que lembremos da reunião que ocorreu entre o Presidente da Câmara dos Deputados, o Ministro do STF Gilmar Mendes e o Deputado Paulinho da Força, reunião cuja pauta foi: o impeachment da presidente da república, a votação de pedido de cassação do diploma da chapa Dilma|Temer no TSE e as contas de Dilma no TCU; outras reuniões de "planejamento estratégico do Golpe de Estado" ocorreram e os golpistas trabalharam muito e em várias frentes: (a) impeachment; (b) cassação do diploma da chapa vencedora em 2014 pelo TSE; (c) pedem a renuncia da presidente todos os dias e, os mais insanos, (d) inventaram até uma intervenção militar.

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Ou seja, Merval, o objetivo nunca foi republicano, o objetivo sempre foi tomar o poder a qualquer custo e isso é uma esculhambação dos valores republicanos e, por favor, não me censure pelo uso do substantivo feminino "esculhambação", pois ele representa precisamente a natureza do que está em curso.

E essa esculhambação dos valores republicanos ocorre no padrão contemporâneo de fazer politica (assim mesmo, com "pê" minúsculo): usando a mídia para dar contornos positivo ou negativo aos fatos, conforme a conveniência. Tanto que uma recente manchete do jornal Folha de São Paulo é reveladora o jornal dos Frias estampou a 1ª página: "Cunha discute impeachment com ministro do Supremo.".

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Merval Pereira respeito o seu valor, mas esse currículo não impede um fato inegável: o verniz civilizatório rompe-se com facilidade em toda sociedade quando interesses são contrariados e você escolheu o lado dos perdedores, o lado dos golpistas. Por isso, apesar de todo seu valor, você será lembrado como um golpista.

Em 1964 ocorreu um Golpe de Estado (golpe que o seu jornal apoiou) e assim como nos dias de hoje os golpistas de 1964 haviam perdido as eleições presidenciais para: Dutra, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e, de certa forma, para Jânio Quadros, por isso tomaram para si o poder através de um golpe e constrangidos tentaram rebatizar o GOLPE DE ESTADO de 1964 de "revolução", tentaram dar ao fato contornos de legalidade e legitimidade. Coube à mídia e aos jornalistas domesticados da época escrever "estórias" como a contida no seu artigo, mas a versão não resiste à perenidade da verdade.

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Fato é que vivemos tempos sombrios, um tempo em que os golpistas lançam mão, mais uma vez como fizeram em 1954 e em 1964, da bandeira da moralidade e do combate a corrupção, mas, paradoxalmente, defendem a redução da maioridade penal, o impeachment e a ruptura institucional.

Vivemos um tempo em que imbecis de todo gênero ofendem a presidência da república, pedem a morte de Jô Soares, Juca Kfouri, fazem ofensas racistas a uma jovem jornalista e outros tentam convencer a opinião pública que não é golpe de estado...

Tenho escrito faz algum tempo que tudo isso faz parte da construção do golpe, todo encadeamento de fatos os quais são os responsáveis pela inflexão conservadora, sombria mesmo, que estamos testemunhando no país.

O golpe em curso possui uma metodologia curiosa:

a) a Judicialização da Politica;

b) a Politização do Poder Judiciário;

c) a espetacularização (midiatização) do que foi jucializado e, por fim,

d) a criminalização da Politica, dos políticos e dos partidos políticos, tudo para justificar o golpe.

A sociedade tem reagido, pois estamos no século 21, nossas instituições são fortes e uma ruptura institucional será trágica para a nação, apesar de tom de naturalidade que alguns como você dão ao fato.

 

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