CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Igor Corrêa Pereira avatar

Igor Corrêa Pereira

Igor Corrêa Pereira é técnico em assuntos educacionais e mestrando em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Membro da direção estadual da CTB do Rio Grande do Sul.

60 artigos

blog

Sindicatos, partidos e novos horizontes

O que os sindicatos e partidos precisam entender, caso queiram retomar a confiança das pessoas, é que precisam fazer o enfrentamento dessas ideias de individualismo. Para isso, devem pensar para além da pauta corporativa ou meramente pragmática eleitoral

(Foto: Joca Duarte/CTB)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Ideias coletivas estão fora de moda, e há um motivo real. Vamos pegar o exemplo de duas organizações coletivas, os sindicatos e os partidos políticos. São diariamente atacados. A reforma trabalhista feriu gravemente a organização sindical. Está tramitando no Congresso alteração das regras eleitorais para instituir o chamado Distritão. A nova proposta privilegia os candidatos mais votados, independente da votação que seus partidos recebeu. A ideia é amplamente apoiada pela população, tanto que já é senso comum pessoas que se orgulham em dizer que votam na pessoa e não no partido. Quando elas dizem isso, estão convictas de que os partidos são algo que prejudica e não ajuda. 

Esse senso comum foi cuidadosamente estimulado e serve a mercantilização da vida. Isoladas, as pessoas se toram muito mais facilmente mercadorias, e esse é o objetivo da hegemonia do capital. Talvez você que me lê concorde comigo, mas como vamos convencer quem sequer destina sua atenção para este singelo texto? Voltamos a um tema que eu geralmente abordo, e vejo muita gente sinceramente preocupada, que é a ideia de "sair da bolha" ou "trabalhar as bases". Como fazer? 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

 Precisamos primeiro entender que existe um motivo pelo qual as pessoas desconfiam de sindicatos e partidos. Elas desconhecem os efeitos positivos que essas organizações podem produzir. Pegando diretamente o sindicato. Foram essas organizações que conquistaram o direito a férias remuneradas, ao décimo terceiro salário, a licença maternidade, a redução da carga horária, a prevenção de acidentes de trabalho, adicional noturno, licença para tratamento saúde, entre outras. 


Tudo isso, por mais que seja bom, não é a realidade de mais da metade dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Há uma multidão de pessoas que está acostumada na ausência de todas essas garantias. Como eu vou lutar por algo que eu nunca tive? Essa pessoa desabrigada desses direitos, olha para o trabalhador que tem sindicato e ainda tem esses benefícios, e acha que é um privilegiado e um vagabundo. Afinal, há uma diferença gritante entre o trabalhador que tem essas garantias e o que não tem. Essa diferença precisa ser compreendida pelos sindicatos que ainda existem, sob pena dessas organizações serem extintas com o tempo. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO


Nós precisamos entender a lógica de quem age por conta própria. O autônomo que é considerado "empresário de si". Ele se conduz buscando conquistar por conta própria benefícios que os sindicatos lutam para que sejam conquistas coletivas. Férias? Eu tenho que comprar minhas férias, mesmo que isso custe longuíssimas jornadas. Décimo terceiro salário? Esse conceito não existe, eu faço minha renda, faturo quando for possível, de acordo com minha competência para faturar. O mesmo vale para ter filhos, gestão da carga horária, prevenção de acidentes de trabalho, tratamento de saúde. O empresário de si se conduz para conquistar todas essas coisas por conta própria. Se ele não tiver isso, a culpa será dele, e não terá ninguém para se queixar. Porque depender dos outros é coisa de pessoas fracas e que não gostam de trabalhar. O empresariamento de si acostuma as pessoas a dureza e a barbárie de quem está próximo de ser uma mercadoria. 

 Essa ideia de se conduzir por conta própria é tão poderosa que abrange pessoas completamente distintas entre si. Abrange desde aquele fã do Bolsonaro que quer ter porte de arma para cuidar de sua própria segurança até o ser humano iluminado que desconfia de vacinas e prefere viver isolado da sociedade numa comunidade alternativa. O que esses personagens tão distantes tem em comum? Eles desacreditam que a sociedade possa lhes prover segurança, bem estar. Embora busquem caminhos diferentes, ambos renunciam a soluções sociais, que passem pela política, pela tentativa de construção de consensos, e que sejam mediadas por partidos políticos e sindicatos. Elas acham que isoladamente resolvem suas questões de maneira muito mais eficiente. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O que os sindicatos e partidos precisam entender, caso queiram retomar a confiança das pessoas, é que precisam fazer o enfrentamento dessas ideias de individualismo. Para isso, devem pensar para além da pauta corporativa ou meramente pragmática eleitoral. Precisam mostrar as vantagens de enfrentar conjuntamente os desafios da sobrevivência diária. 

Fazer uma ampla campanha pela valorização da solidariedade, da ajuda mútua. É preciso ser pedagógico, demonstrar com ações concretas. As muitas ações de solidariedade e arrecadação de alimentos conduzidas por partidos, movimentos, sindicatos, parece uma iniciativa que segue nessa linha. Precisam ser replicadas, multiplicadas. Precisam ser pensadas novas formas de cooperativismo, de organizações em que as pessoas possam colaborar umas com as outras buscando benefícios comuns.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO