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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Sinuca de bico com juro baixo neoliberal

Ministro Paulo Guedes (Foto: Marcelo Camargo - ABR)
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Juro baixo não resolve

Juros Selic a 6%, inflação a 4,5%, rentabilidade de 1,5% ao ano.

Se a taxa continuar caindo, até chegar, suponhamos, a 5,5%, menos inflação de 4,5% ou 5%, cai, ainda mais, o rendimento do aplicador, 1%, 0,5%.

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O Valor Investe diz que não está mais valendo a pena aplicar em renda fixa.

Sugere outros ativos de risco.

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Quais?

Aplicações em papeis privados, das empresas, não mais do governo, que está falido, no ambiente econômico glacial.

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Empresas privadas, no entanto, não oferecem garantias.

Se não há consumidor, no ambiente recessivo, alto desemprego, cresce risco de jogar nas pernas de cavalo manco.

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Quem se habilita?

O governo tenta esquentar o mercado.

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Libera FGTS do trabalhador.

O dinheiro vai para o comércio ou para pagar dívida?

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Virará merenda prá banqueiro.

Banqueiro vai emprestar o dinheiro do FGTS liberado prá ele?

Vai apostar em cavalo manco?

Quem acredita em papai noel?

Tem besta por aí falando que com juro baixo, aumentarão investimentos.

Será?

Melhor acreditar no velho Keynes.

Juro, segundo ele, não é variável independente, no capitalismo.

Só ele, não resolve.

Só existe uma variável, verdadeiramente, independente no sistema capitalista, diz o autor de Teoria Geral do Emprego, do Juro e de Moeda.

Trata-se da quantidade da oferta de moeda liberada pelo governo.

Quando isso ocorre, ensina, quatro efeitos consecutivos e simultâneos são produzidos:

1 – preços aumentam;

2 – salários caem;

3 – juros despencam e;

4 – dívidas contraídas a prazo são perdoadas.

Os empresários, diante desse cenário, enxergam, segundo o grande economista inglês, a eficiência marginal do capital, isto é, o lucro.

Aí, sim, desperta-se neles o chamado espírito animal, que os leva ao investimento.

Juro só é insuficiente para puxar demanda global.

O cara toma emprestado a juro baixo prá que, se não tem prá quem vender?

Consumidor é a palavra mágica.

Diferença fundamental

A diferença, portanto, entre a decisão do BC brasileiro de reduzir o juro e a dos BCs dos EUA e Europa, de irem no mesmo sentido, essa semana, é essa.

Por aqui, reduz-se os juros, mas mantém-se congelada a oferta da variável econômica independente, ou seja, os gastos públicos, renda disponível para o consumo.

Nos Estados Unidos, Europa, Japão, China etc, os juros caem por força do aumento da oferta de dinheiro em circulação.

A lógica no capitalismo dominado pela financeirização é contraditória: ele não suporta mais juro positivo.

Pode ser fatal para quem deve muito, ou seja, todos os governos capitalistas no ambiente da financeirização especulativas.

Banqueiro privado, que manda nos bancos centrais, está com medo de juro.

Trump, nacionalista xenófobo, bateu pé prá eles.

Fugiram.

Se os BCs errarem a mão, subindo juro, mata a galinha dos ovos de ouro: a dívida pública, nervo vital da guerra, segundo Colbert, ministro das finanças de Luis 14.

Melhor aumentar a dívida, via expansão monetária, para girar a economia, jogando os juros no chão, do que trabalhar com juro acima de zero.

Juro zero desvaloriza dívida, que está excessiva, e garante reprodução do capital na produção.

Vem aí grande incêndio de dinheiro sobreacumulado, cuja reprodução especulativa não pode se realizar sob pena de jogar a humanidade no colapso financeiro total.

Capitalismo em sinuca de bico.

Colapso tupiniquim

Conclui-se, desse forma, que o congelamento, no Brasil, imposto pelo golpe neoliberal de 2016, é instrumento de sucateamento econômico.

É a forma economicida de sustentar lucratividade bancária, incapaz de se realizar nas atividades produtivas.

Como o gás do governo, para sustentar a dívida pública, superior ao PIB, acabou, o blá, blá, blá de juro baixo não resolverá a estagnação.

Paulo Guedes tenta, agora, liberar depósitos compulsórios para bancos.

Eles emprestarão esse compulsório ou comprarão mais títulos do governo com ele?

Se não ressuscitar consumidor, que depende da variável econômica independente keynesiana, nada feito.

Gastar é arrecadar.

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