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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Só a paz pode garantir a segurança em nosso planeta

"Os presidentes americanos, em especial Donald Trump, se acham xerifes do mundo e metem o nariz na vida dos outros países", afirma o colunista Ribamar Fonseca

(Foto: Esq.: Jonathan Ernst - Reuters)
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O mundo respirou mais aliviado depois que Trump recuou da disposição de bombardear alvos iranianos, preferindo responder aos ataques a bases americanas no Iraque com novas sanções econômicas. Ninguém sabe o que determinou o recuo do arrogante presidente norte-americano, mas provavelmente deve ter contribuído para o seu novo comportamento o seguinte: primeiro, a desaprovação do povo americano ao assassinato do general iraniano Kassem Soleimani, segundo pesquisas, diante do clima de insegurança criado no país; segundo, à posição da China e Rússia, aliados do Irã, que advertiram para a possibilidade de uma guerra nuclear; e, terceiro,  ao risco de novos ataques a cidades americanas, a exemplo do 11 de setembro, considerando as ameaças dos iranianos. Não se deve esquecer, também, o impeachment em tramitação na Câmara que, embora possa ser derrubado no Senado, onde os republicanos tem maioria, se aprovado pelos deputados produzirá enorme desgaste a Trump, que busca a reeleição imaginando faturar votos com a morte do comandante iraniano, a quem ele acusa de planejar ataques a alvos americanos na região para justificar o bombardeio que o matou. 

Recorde-se que o ex-presidente Bush usou a mesma estratégia para invadir o Iraque, acusando o presidente Saddam Hussein de armazenar um enorme volume de armas químicas para atacar americanos e aliados. Constatou-se depois que a acusação era falsa, não passando de uma grande mentira, endossada pelo premier britânico Tony Blair, para justificar o ataque ao Iraque e a derrubada de Hussein. Bush também conseguiu se reeleger, com alguma facilidade, usando os atentados de 11 de setembro para acender o espírito patriótico do povo americano. Ele conseguiu, inclusive, aproveitando os ânimos após os atentados, aprovar pelo Congresso uma lei que legalizou a tortura de presos estrangeiros acusados de terrorismo, o que jamais aconteceria em tempos normais. Trump, ao que parece, pretendeu seguir pelo mesmo caminho, visando a sua reeleição, mas o clima hoje não é o mesmo.  Na verdade, se ele permanecer na Casa Branca a tensão que domina o planeta desde a sua posse, com as suas provocações e ameaças a vários países, vai continuar colocando em risco a paz no mundo que, antes dele, viveu um período de relativa calmaria.  

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O fato é que as tensões e preocupações no planeta aumentaram muito depois que forças norte-americanas mataram, em bombardeio no aeroporto de Bagdad, o general iraniano Kassem Soleimani, um dos principais líderes daquele país, por ordem direta de Trump. A reação prometida pelos iranianos materializou-se nos bombardeios a bases americanas no Iraque, o que foi classificado pelo próprio presidente daquele país apenas como “um tapa na cara dos americanos”. A frase, no entanto, foi interpretada como uma ameaça de que a verdadeira vingança ainda está por vir, o que fez crescer o temor da guerra depois que Trump anunciou que destruiria 52 alvos iranianos. Felizmente, porém, parece que o bom senso prevaleceu, e o arrogante ocupante da Casa Branca não falou mais em ataques. Se o seu ex-conselheiro para segurança, Bolton, ainda estivesse no cargo é possível que a história tivesse tomado outro rumo,  pois o bigode que fala era chegado a uma guerra. 

O problema é que os presidentes americanos, em especial Donald Trump, se acham xerifes do mundo e metem o nariz na vida dos outros países, inclusive fazendo ameaças, planejando e estimulando movimentos para derrubar governos que não lhe são simpáticos, mantendo o planeta sob permanente tensão. O Brasil foi uma de suas vítimas, com o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, a prisão de Lula e a eleição de Bolsonaro. Algumas vezes ele se viu obrigado a recolher-se, após o fracasso de suas ações, como aconteceu na Venezuela, onde Nicolás Maduro resistiu às suas pressões e dos países obedientes a Washington, como o Brasil, por exemplo. Ele também teve de recuar em suas investidas contra a pequena Coreia do Norte, onde o baixinho Kim Jong Un falou grosso com seus misseis de longo curso, obrigando-o a engolir em seco. O topetudo só não faz graça para a China e a Rússia, porque sabe que eles também têm um poder bélico equivalente. Agora, porém, ao subestimar o poder de fogo do Irã e matar o seu mais importante general, criou o risco real de uma guerra de proporções imprevisíveis, o que poderia confirmar as antigas previsões sobre uma terceira guerra no terceiro milênio. Ao que parece, no entanto, o pior já passou, com o alivio das tensões.

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De qualquer modo, os brasileiros que vivem no Oriente, especialmente os que trabalham nas representações diplomáticas, devem redobrar os cuidados, pois o presidente Bolsonaro, com a sua submissão a Trump, solidarizando-se com ele no assassinato do general Soleimani, provavelmente conseguiu atrair o ódio dos iranianos também contra nosso povo. O Brasil, que não tem nada a ver com a briga deles e deveria manter-se neutro, como, aliás, aconselham diplomatas experientes, pode ter entrado de gaiato na lista de inimigos do país dos aiatolás, por conta da irresponsabilidade do presidente, que não tem limites em sua subserviência ao ocupante da Casa Branca, o que lhe valeu críticas até do vice-presidente Mourão. O capitão, a exemplo de Trump, deve pensar que diante da distância do Irã o Brasil está seguro, esquecendo-se de que com as armas modernas que existem hoje, como os misseis de longo alcance por exemplo, ninguém está seguro em lugar nenhum do planeta. Os atentados de 11 de setembro são a melhor prova de que nem os americanos, que costumam fazer guerras na casa dos outros, estão a salvo. O melhor, mesmo, para a segurança de todos é a paz.  

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